Os defeitos do Septo Atrioventricular (DSAV) são os mais comuns entre as cardiopatias congênitas nas crianças com Síndrome de Down. Ela afeta as válvulas atrioventriculares, além dos septos interatrial e interventricular. Em alguns casos, os sintomas da DSAVT comprometem até mesmo o desenvolvimento do bebê, mas não são todas as crianças que apresentam o quadro grave e nem todas as patologias necessitam de correção cirúrgica.
Conforme pontua o cirurgião cardiovascular do Instituto do Coração de Taguatinga (ICTCor), Nestor Sabatovicz Junior, cerca de metade das crianças nascidas com a Síndrome de Down apresentam algum problema no coração ao nascer. Essas malformações estruturais ocorrem nas primeiras oito semanas e/ou nos três primeiros meses de gestação, quando se forma o coração do bebê e, nem sempre são detectadas pelo ultrassom.
“Elas (cardiopatias congênitas) ocorrem por uma alteração no desenvolvimento embrionário da estrutura cardíaca. Em termos práticos é como se durante a formação do coração ocorresse uma alteração no desenvolvimento. Essa situação anormal é o que provoca as diversas malformações, como, por exemplo, a não formação das válvulas cardíacas em ambos os lados, alterações nas paredes do coração, entre outras. Somente o exame ecocardiograma fetal pode determinar com mais exatidão a existência de um problema cardíaco”, afirma.
O especialista ressalta que não são todas as crianças com síndrome de Down que nascem com as cardiopatias congênitas. E que quando a síndrome é detectada na gestação, por meio dos exames, é feita a avaliação das estruturas cardíacas do feto.
“Quando a cardiopatia congênita é do tipo mais grave, muitos bebês precisam passar pelo procedimento cirúrgico nas primeiras semanas de vida até o sexto mês, pois, se for retardada a correção por cirurgia, a cardiopatia acaba provocando a chamada hipertensão pulmonar”, detalha Nestor.
Ainda segundo o especialista, após os procedimentos cirúrgicos nas crianças que tenham a indicação, a recuperação, em grande parte dos casos, ocorre de forma bastante satisfatória. Mas é imprescindível que a criança continue a ser monitorada para evitar qualquer comprometimento futuro.
Causas e Prevenção
A cardiopatia congênita é uma doença em que há a ocorrência de uma anormalidade da estrutura ou função do coração desde o nascimento do bebê. O médico Nestor Sabatovicz explica que as causas incluem diversos fatores como herança genética, cardiopatias em gestações anteriores ou em parentesco de primeiro grau, uso de antidepressivos como o lítio, por exemplo, alguns tipos de anticonvulsivantes e uso de drogas ilícitas.
“Doenças maternas a exemplo da diabetes, lúpus, infecções como a rubéola também podem impactar o momento da formação do coração fetal nas primeiras oito semanas de gravidez. Gravidez gemelar e fertilização in vitro também são considerados importantes fatores de risco”, destaca.
É importante frisar que não há cientificamente comprovada uma forma de prevenir a doença, mas, algumas mudanças no comportamento podem auxiliar o bom desenvolvimento do bebê.
“Quando durante a gravidez é detectada alguma cardiopatia congênita no feto, é importante que os genitores mantenham um acompanhamento médico para monitorar toda a gestação. É no decorrer desse processo que o especialista pode avaliar as alterações ou possíveis fatores de risco e, assim, indicar o melhor caminho e o tratamento mais adequado para cada situação”, finaliza Sabatovicz.