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Bancos de desenvolvimento da Ásia e África abrem caminho para parcerias e investimentos no Brasil

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As transformações geopolíticas, a reorganização das cadeias produtivas na economia global e a cooperação entre países para fomentar o desenvolvimento sustentável pautaram o segundo dia do Fórum do Desenvolvimento – organizado pela Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE) para debater ações que impactam a agenda de futuro e a sustentabilidade. Representantes dos bancos de desenvolvimento da Ásia e África participaram das discussões, ao lado do Banco dos Brics, e ressaltaram o potencial do Brasil como parceiro estratégico.

O economista José Antonio Ocampo, professor da Universidade de Columbia, abriu o evento ressaltando os desafios e tendências do mundo em transição. “Os bancos de desenvolvimento têm um papel essencial na recuperação econômica pós-crise. O Brasil tem uma vantagem que é ter o BNDES, um dos maiores deste segmento no mundo, e importantes bancos de desenvolvimento subnacionais. Vocês estão muito bem posicionados”, elogiou.

Na sequência, o primeiro painel – “Conexões: Ásia, África e Oriente Médio” – debateu as possibilidades de investimentos e parcerias entre o Brasil e os países dos dois continentes. “A África é o futuro, e o Brasil deve manter em mente a África como um parceiro de desenvolvimento e comércio. Cerca de 26% da produção mundial de matérias primas vem de lá. É um potencial impressionante e com muitas oportunidades de negócios”, afirmou o vice-presidente de Desenvolvimento Regional do African Development Bank, Khaled Sherif.

Embora, naturalmente, a prioridade do Banco Asiático de Infraestrutura (AIIB) seja investir em infraestrutura no continente asiático, o vice-presidente da instituição, Joachim von Amsberg, revelou que o banco está de portas abertas para aportar recursos em projetos sustentáveis em outras regiões do mundo, incluindo a América Latina. “O Brasil é um importante parceiro da AIIB. Nós investimos US﹩ 24 bilhões em toda a Ásia e em países não-asiáticos. Temos uma missão de investir na infraestrutura para o futuro que seja verde e apoie nossos membros em suas ambições de fazer a transição para a economia de baixo carbono. O Brasil já captou a importância de fazer parte e ser membro do nosso banco”.

O New Development Bank (NDB), o Banco dos Brics, é outra instituição financeira disposta a mobilizar investimentos para o Brasil em áreas como energia, transporte e meio ambiente. “Queremos construir parcerias e temos trabalhado em proximidade com outros bancos no país, o BNDES em particular. Só para dar uma ideia das operações do NDB, até o final de 2020 tínhamos aprovado quase US﹩ 25 bilhões, cerca de 20% para o Brasil [aproximadamente US﹩ 5 bilhões]”, explicou o vice-presidente do NDB, Anil Kishora.

Da Ásia e África, as discussões partiram para o outro lado do globo. Intitulado “Desenvolvimento e integração na América Latina”, o segundo painel abordou o contexto latino-americano, as estratégias e inovações das principais instituições financeiras de desenvolvimento da região. “Há um grande alinhamento de instrumentos e políticas de atuação e isso causa uma sinergia muito grande”, destacou o vice-presidente do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), Jorge Arbache.

A última mesa-redonda “Desafios para o desenvolvimento global: agendas de futuro”, debateu ações para estimular e promover o desenvolvimento sustentável. Participaram da discussão o coordenador do relatório “Visão 2030” da Embrapa, Edson Luis Bolfe; o representante do BID no Brasil, Morgan Doyle; o CEO da SOSA, Uzi Scheffer, e o representante no Brasil da IFC, Carlos Pinto. Os comentários foram de Nelson de Souza Presidente da Desenvolve SP, e André Vila Verde, presidente da AgeRio.

No encerramento do Fórum, o secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, Roberto Fendt, avaliou que o mundo tem buscado restabelecer as cadeias globais de valor, embora muitas mudanças já estivessem em curso, como as relações de trabalho e o processo de digitalização. Ele defendeu a manutenção do pragmatismo que sempre pautou as relações econômicas do Brasil com os demais países. “O caminho para o desenvolvimento de laços econômicos com outros países passa pela objetividade na defesa dos interesses nacionais”, disse Fendt.

Transformações e novas tecnologias do sistema financeiro

No terceiro dia do Fórum, nesta quarta-feira (28), o tema será “O sistema financeiro em transição” e abordará as transformações e novas tecnologias do setor. A palestra magna será do ex-diretor do Banco Central e vice-diretor geral do Banco de Compensações Internacionais (Bank for International Settlements, BIS), Luiz Awazu.

Em dois painéis, serão debatidos instrumentos inovadores, regulação, parcerias para o desenvolvimento e inclusão financeira. O evento contará, ainda, com a palestra “Perspectivas do desenvolvimento regional no Brasil”, ministrada pelo secretário-executivo adjunto do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), Daniel Ferreira, e representantes de bancos de desenvolvimento e agências de fomento.

Fórum do Desenvolvimento

O Fórum do Desenvolvimento é totalmente on-line, aberto ao público e tem inscrições gratuitas. O evento acontece até a próxima sexta-feira (30), com palestras, debates e mesas-redondas que reúnem governos federal e estaduais, Banco Mundial, FMI, OCDE, BID e representantes de instituições financeiras do Sistema Nacional de Fomento e de todo o mundo.

Confira a programação completa e faça sua inscrição pelo site: http://www.forumdodesenvolvimento.com.br
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