Em 11 de maio de 2021, durante depoimento ao Ministério Público do Distrito Federal, o jornalista Oswaldo Eustáquio descreveu como foi torturado enquanto estava preso no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília.
“Fui espancado e torturado. Só terminou quando fiquei inconsciente. É uma dor descomunal, que não consigo expressar, porque as dores vão se misturando”, afirmou Eustáquio.
Segundo relato do jornalista, ele discutiu com um policial poucas horas após ter chegado à Papuda, na noite do dia 18 de dezembro de 2020. Eustáquio afirmou que o policial o chamou de “animal” por não ter comido a marmita do jantar, mas que devolveu o xingamento. Como uma forma de retaliação à “rebeldia” do jornalista premiado, o carcereiro informou que toda a ala ficaria sem banho de sol, e que ele seria castigado.
Ao ser encaminhado para a cela solitária, o jornalista foi cobrado por um grupo de policiais.
“Eles me disseram: ‘Tem que pedir licença’, e eu pedi. ‘É licença, seu polícia’. Então segui a ordem. Pouco depois levei um tapa. ‘Tem que pedir licença para todos os policiais. Se forem dez policiais, tem que pedir dez vezes’. No fim do corredor, levei um golpe de cassetete”, afirmou Eustáquio.
Os xingamentos e agressões continuaram, os policiais forçaram Oswaldo a se chamar de “animal”.
“Um deles me deu uma chave de braço, e outro em outro braço, os dois torcendo minhas mãos. Um terceiro veio e me enforcou com o cassetete. Não sabia onde sentir dor. Comecei a passar mal. Quando o policial parou de me enforcar, me jogaram no rosto uma espécie de chantilly ou creme de barbear de pimenta. Perdi os sensos. Me enforcaram de novo, e depois mais spray. Foi a última lembrança antes de acordar numa solitária, sem camiseta e com marcas no corpo”, contou o jornalista.