Pequim já foi conhecida como uma das cidades mais poluídas do mundo, com densa fumaça e um ar irritante como a realidade diária para seus moradores. Agora, o céu está quase todo azul, um sinal de que a capital da China está em uma nova era de ar puro, afirmou o ministro da Ecologia e Meio Ambiente do país na última quarta-feira (18).
“O ‘azul de Pequim’ gradualmente se tornou nosso novo normal”, disse Huang Runqiu, o ministro, de acordo com o tabloide estatal Global Times, enquanto a cidade registrava sua melhor qualidade mensal do ar desde o início da série histórica, em 2013.
Embora as cidades chinesas há muito tempo liderem as classificações globais da pior qualidade do ar do mundo, elas têm mostrado uma melhora constante ao longo dos anos.
Pequim registrou apenas 10 dias de forte poluição do ar no ano passado, disse Huang – uma queda de quase 80% desde 2015. Fotos recentes da cidade mostram céu azul e sol de verão, uma raridade na cidade de aproximadamente 21 milhões de habitantes.
A reviravolta na qualidade do ar de Pequim ilustra o sucesso da campanha antipoluição do país desde que começou em 2013, ano do infame “air-pocalypse” (mistura das palavras “ar” e “apocalipse”, em inglês) de Pequim, quando a poluição ficou tão forte que os níveis de PM2,5, um poluente microscópico, atingiu 900 microgramas por metro quadrado, 90 vezes maior do que o nível diário recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O apocalipse do ar atraiu a atenção da mídia global e levou o assunto ao mainstream da China – tanto que uma cervejaria local até mesmo deu o nome de uma cerveja em sua homenagem, prometendo descontos em dias úmidos.
Durante anos, a poluição na capital foi eufemisticamente chamada de “névoa”, mas agora, armados com novas informações sobre os efeitos perigosos da má qualidade do ar, os residentes não estavam mais dispostos a tolerar dias de respiração difícil.
“Não era simplesmente a tosse irritante de Pequim que estava atacando os residentes diariamente – era algo muito pior”, disse Daniel Gardner, professor emérito do Smith College e autor de “Poluição Ambiental na China: O que todos precisam saber”.
“Quando tossiam, era um sinal de que estavam ingerindo material particulado que leva à morbidade e mortalidade”, acrescentou. “Então, acho que as pessoas agora começaram a ver essa qualidade do ar de forma muito diferente em 2013.”
Termos como PM2,5 logo se tornaram parte do vocabulário cotidiano, à medida que as pessoas começaram a organizar suas vidas em torno dos vários níveis de poluição. E com o aumento da conscientização pública, protestos contra as usinas de carvão começaram a surgir em cidades como Kunming e Shenzhen.
Na época, o Global Times relatou que a indignação pública estava “atrapalhando” o crescimento econômico do país, mas, segundo Gardner, o governo já havia começado a mudar sua mentalidade.
Fonte : CNN Brasil.