A falta de vacina AstraZeneca levou os estados do Rio de Janeiro e São Paulo a utilizar o imunizante da PFizer na aplicação da segunda dose na vacinação contra a Covid-19.
Combinar vacinas de diferentes fabricantes é seguro e eficaz? Os estudos já divulgados sobre o tema apontam que, em determinados casos, a mistura pode sim ser vantajosa e gerar uma maior resposta imune.
A estratégia de Rio de Janeiro e São Paulo é baseada justamente nos dois tipos de vacinas com mais resultados já conhecidos das pesquisas sobre a chamada “vacinação heteróloga” ou “intercambialidade de vacinas”.
Veja abaixo o que se sabe sobre o tema:
Vacina com mais estudos sobre a combinação é a AstraZeneca, que usa a tecnologia de “vetor viral”, ou seja, é baseada em um vírus modificado para introduzir parte do material genético do coronavírus no organismo e induzir a proteção;
Pesquisadores da Universidade de Oxford investigam desde fevereiro de 2020 as combinações;
Primeira pesquisa, batizada de “Com-COV1”, a combinação AstraZeneca e Pfizer em 850 voluntários com mais de 50 anos;
Combinação da 1ª dose de AstraZeneca com a 2ª da Pfizer gerou mais anticorpos e células T do que o regime completo com AstraZeneca;
Na Espanha, estudo CombiVacs, do Instituto de Saúde Carlos III, reuniu 676 pessoas entre 18 e 59 anos. Os resultados divulgados em maio apontam que a mistura AstraZeneca e PFizer resultou em mais que o dobro dos anticorpos gerados por duas doses de AstraZeneca;
Na Coreia do Sul, estudo com 499 profissionais de saúde, concluiu no final de julho que a combinação de AstraZeneca com Pfizer gerou níveis seis vezes maiores de anticorpos neutralizantes;
Na Alemanha, a chanceler Angela Merkel, de 66 anos, recebeu a 1ª dose de AstraZeneca e depois foi vacinada com a Moderna na segunda dose: objetivo era incentivar nova estratégia de vacinação após o país recomendar a AstraZeneca apenas para maiores de 60 anos. A Moderna também usa a tecnologia do RNA mensageiro (mRNA), capaz de codificar a proteína S da coroa do vírus, e o introduz no corpo com a ajuda de uma nanopartícula de gordura para induzir a proteção natural do corpo.
Pesquisa na Dinamarca apontou que o regime AstraZeneca/PFizer reduziu em 88% o risco de infecção, número comparável aos 90% para o regime exclusivo da PFizer.
No Brasil, desde o fim de junho as grávidas que tomaram AstraZeneca foram autorizadas a receber a Pfizer na segunda dose.
Ministério da Saúde anunciou, em julho, um estudo para avaliar a necessidade de uma terceira dose para os vacinados com CoronaVac: o objetivo é avaliar eficácia da dose de reforço com um imunizante diferente. Resultados ainda não foram divulgados.
Mistura com a Sputnik V
Por causa de problemas no fornecimento da Sputnik V, países da América Latina precisaram adotar tática semelhante. O imunizante russo também utiliza o vetor viral.
Na Argentina, a ministra da Saúde, Carla Vizzotti, anunciou no começo de agosto que os resultados preliminares indicavam resultados “satisfatórios” e “encorajadores” na combinação da Sputnik V com a AstraZeneca. Também houve testes com o imunizante da Sinopharm, mas até então os resultados não foram “conclusivos”.
Fonte: G1.