O Hospital Regional da Asa Norte (Hran) é atualmente o centro de referência de cuidado à saúde do homem no Distrito Federal. No início do ano passado, o local passou a contar com dois ambulatórios dentro do setor de urologia para consultas na especialidade de andrologia, área dedicada ao diagnóstico, prognóstico e tratamento a doenças de função sexual e do sistema reprodutivo masculino.
Andrologista do Hran, Wellington Alves Epaminondas ressalta que é importante que os homens procurem atendimento orientado sobre a disfunção erétil e outras disfunções sexuais | Fotos: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília
A criação do espaço se deu a partir de uma pesquisa iniciada em 2015 que avaliou 500 pacientes do hospital a partir de 40 anos. O estudo identificou o aumento progressivo da disfunção erétil: subindo de 45,7% de incidência dos 40 aos 49 anos para 63,8%, dos 50 aos 59, passando para 71,6%, dos 60 aos 69, e atingindo 100% entre os pacientes a partir de 80 anos.
“Vários fatores ameaçam a saúde do homem. A disfunção erétil é considerada fator de risco para doenças cardiovasculares e a mais importante delas, o infarto. A andropausa gera uma piora na saúde e na qualidade de vida, aumentando o perigo de doenças crônicas e, a partir de um ponto, a mortalidade”
Wellington Epaminondas, andrologista
“A prevalência foi muito grande e notamos o aumento da gravidade à medida que os pacientes vão envelhecendo. Isso mostra que é importante que o homem procure um atendimento orientado neste sentido”, afirma o andrologista do Hran, Wellington Alves Epaminondas. “Os cuidados precisam ser contínuos. Sabemos que a construção de uma saúde duradoura precisa ter base”, acrescenta.
O grande foco do ambulatório de andrologia é o tratamento da disfunção erétil e de outras disfunções sexuais, como ejaculação precoce ou retardada, e o déficit androgênico do envelhecimento, mais conhecido como andropausa (queda progressiva dos níveis de testosterona). Além disso, os médicos são responsáveis pelas cirurgias de prótese e reconstrução peniana e de reversão de vasectomia.
“Sabemos que vários fatores ameaçam a saúde do homem. A disfunção erétil é considerada fator de risco para doenças cardiovasculares e a mais importante delas, o infarto. A andropausa gera uma piora na saúde e na qualidade de vida, aumentando o perigo de doenças crônicas e, a partir de um ponto, a mortalidade”, comenta Epaminondas.
O cabeleireiro Cláudio Leite Coelho, 60 anos, é um dos pacientes da andrologia do Hospital da Asa Norte. Ele faz o acompanhamento após o diagnóstico de hiperplasia prostática (aumento benigno do tamanho da próstata)
Atendimento
Feito apenas no Hran, o serviço é oferecido a toda a população do Distrito Federal. Os pacientes chegam até o ambulatório após serem encaminhados por um urologista ou endocrinologista dos hospitais regionais ou das unidades básicas de saúde (UBSs), que suspeitam do diagnóstico de andropausa ou de disfunção sexual. A primeira consulta é feita via regulação central da Secretaria de Saúde. Depois da inserção no sistema e da primeira consulta, os retornos são marcados direto no hospital.
O ambulatório funciona às quartas e quintas com consultas realizadas por dois andrologistas do Hran. Às sextas-feiras, os pacientes que necessitam têm acompanhamento de nutricionista e endocrinologista. A equipe multidisciplinar tem papel fundamental no tratamento das doenças do homem, que envolve, além dos medicamentos, mudanças alimentares e até o uso de suplementos.
O cabeleireiro Cláudio Leite Coelho, 60 anos, é um dos pacientes da andrologia do Hospital da Asa Norte. Ele faz o acompanhamento após o diagnóstico de hiperplasia prostática (aumento benigno do tamanho da próstata). “Acho fundamental que os homens cuidem da saúde. Com um diagnóstico antecipado as chances de cura e também de se evitar possíveis cirurgias só com tratamento são favoráveis”, classifica.
De acordo com o andrologista Wellington Epaminondas, a recomendação é de que os homens a partir dos 40 anos ou que tenham sintomas de disfunções busquem os serviços de urologia para além da avaliação prostática, que deve ser feita anualmente a partir de 50 anos – ou 45, quando há casos de câncer de próstata na família.
“Tem várias campanhas, serviços e centros de referência voltados para a saúde da mulher e para o homem tínhamos esse limbo. Mas é importante ressaltar que cuidar da saúde é coisa de homem também e não só no novembro azul, que é o mês de combate e prevenção do câncer de próstata. A pessoa tem que ter cuidado o ano inteiro”, defende o andrologista do Hran.
Desde janeiro deste ano, o cuidado à saúde do homem é lei no Distrito Federal. A Lei nº 7055, de 5 de janeiro de 2022, implementa a política distrital de atenção relacionada à deficiência androgênica do envelhecimento masculino e à disfunção erétil, com o intuito de promover a melhoria das condições de saúde da população masculina e de reduzir morbidade e mortalidade, visando à qualidade de vida.
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