Até domingo (26) o público poderá desfrutar de experiências de cinema em realidade virtual no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, no Centro Cultural Três Poderes. Com apoio do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC-DF), o espaço da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) recebe a Mostra Realidade Virtual Brasiliense, com a exibição de 12 filmes.
Destaque para a produção Quando Nasce uma Heroína (2018, 5 minutos), sobre a enfermeira brasileira Anna Nery (1814-1880), cujo nome está gravado no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, que fica localizado no próprio Panteão.
O filme reconstrói uma cena hipotética dentro de uma barraca em que Anna trata dos feridos e na qual o espectador é inserido. A viagem no tempo leva o espectador à Guerra do Paraguai (1864-1870), na qual a enfermeira perdeu um filho.
Educação patrimonial
A utilização do recurso da realidade virtual está nos planos da Subsecretaria do Patrimônio Cultural (Supac). O objetivo é que, com ele, sejam ampliadas as condições de acessibilidade nos espaços culturais geridos pela Secec e as ações de educação patrimonial.
“Queremos trazer esses dispositivos digitais para nossos espaços a fim de trabalhar questões históricas, culturais e patrimoniais para formar mais público, entre crianças e jovens, principalmente, e garantir mais acesso às pessoas com deficiência”, explica o titular da Supac, Aquiles Brayner.
“No caso do Catetinho, por exemplo, pela própria estrutura da construção, é difícil a gente atender os cadeirantes na parte superior do espaço. Não somente pela questão das escadas, mas por causa das dimensões estreitas de corredores e portas. Nesse caso, as pessoas teriam acesso ao acervo por meio da realidade virtual”, exemplifica o gestor.
No ano passado, na comemoração do aniversário de 66 anos do Museu do Catetinho, o equipamento da Secec teve uma experiência com filmes em realidade virtual e exibiu Água de Beber (2022, 8 minutos), de Filipe Gontijo e Henrique Siqueira, diretores de Quando Nasce uma Heroína e dos demais filmes da mostra agora em cartaz no Panteão.
Linguagem nova
“A linguagem é nova. Não é cinema, não é TV, é uma nova mídia. Algumas técnicas de narrativa do cinema não funcionam na realidade virtual. A gente usa um pouco de teatro. É muita tecnologia, mas para a pessoa que está assistindo aquilo é o real”, adianta Gontijo. Os dois diretores trabalham com um tipo de câmera dotada de seis lentes que simulam o olhar humano e capturam, além disso, o entorno, varrendo 360º. Isso possibilita que o usuário, ao pôr os óculos de realidade virtual, perceba-se dentro da cena em três dimensões (3D) para onde quer que dirija o olhar, assim como se torna o objeto do olhar dos demais protagonistas da trama, que também “percebem” sua presença.
A enfermeira da Cruz Vermelha Ágatha Brito, 29 anos, moradora da Asa Norte, assistiu ao filme Quando Nasce uma Heroína. “Anna me representa. Ela viveu a Guerra do Paraguai, eu vivi a pandemia. Quando ela pergunta, ‘você continuará o meu trabalho?’, eu me emocionei”, relata.
FAC
A Mostra Realidade Virtual Brasiliense foi selecionada no Edital FAC Brasília Multicultural n° 6/2021, na linha de projeto livre, com recurso de R$ 40 mil e criação de dez empregos diretos e 14 indiretos. “O FAC é um instrumento fundamental, é o pai da cultura do DF”, elogia Gontijo.
Ele e seu sócio têm um novo projeto na prancheta, que espera conseguir novamente o FAC, com distribuição pelo Programa de Incentivo Fiscal à Cultura do DF (antiga LIC). O público-alvo, desta vez, serão os idosos, que terão uma série de programas unindo informação e relaxamento, quando chegarão a paisagens como cachoeiras e trilhas às quais não teriam acesso por problemas de mobilidade.
Serviço
Mostra Realidade Virtual Brasiliense
Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, no Centro Cultural Três Poderes
Até 26/3 (domingo), das 9h às 17h
Entrada gratuita
Veja catálogo de filmes
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