O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) concedeu liberdade ao dentista Gustavo Najjar(foto em destaque), 37 anos, acusado de estuprar pacientes durante atendimento em seu consultório, na área central de Brasília. Três vítimas do DF acusam o profissional de abuso sexual. Uma delas é uma influencer, de 33 anos. Também foi registrado outra ocorrência contra o profissional, mas, por ter ocorrido em Fortaleza (CE), as informações foram remetidas à Polícia Civil do Ceará.
Najjar foi solto nessa quarta-feira (27/9). Ele estava preso desde 12 de setembro. O Metrópoles apurou que a Justiça negou a prisão preventiva do suspeito e lhe concedeu liberdade, mas teria imposto medidas cautelares a ele.
Formalmente indiciado, o dentista é investigado pelo crime de estupro. Se condenado, pode pegar pena de 6 a 10 anos de prisão.
Fotot-Dr. Gustavo Najjar, dermatologista de Brasília acusado de estuprar influencer (3)
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Reprodução/ Instagram
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Na última sexta-feira (22/9), laudo de confronto de material genético realizado pelo Instituto de Pesquisa e DNA Forense da Polícia Civil do Distrito Federal (IPDNA/PCDF) atestou que o material biológico coletado em uma das vítimas de estupro possuía DNA idêntico ao do investigado.
Um outro laudo elaborado pelo Instituto Médico Legal (IML) já havia confirmado que a mulher apresentava lesão corporal compatível com abuso sexual.
Com mais de 13 mil seguidores no Instagram, onde compartilha resultados das harmonizações feitas em seus pacientes, Najjar foi alvo de mandado de prisão temporária, com prazo de 30 dias. Em suas redes – que foram desativadas após as denúncias –, o dentista afirmava ter “mais de 11 mil atendimentos e zero intercorrência, além de mais 1000 alunos no Brasil e exterior”.
De acordo com as investigações, uma das vítimas relatou ter conhecido o autor por meio das redes sociais. A influencer foi ao consultório dele após ter sido convencida pelo profissional a realizar uma avaliação para ser submetida a um procedimento de harmonização facial.
Ao chegar ao consultório do dentista, já no fim do expediente, o homem pediu para que a vítima lhe mostrasse os procedimentos que ela tinha feito em seu corpo, já que ela havia realizado diversas cirurgias estéticas após um intenso processo de emagrecimento. Acreditando na boa-fé do dentista, a jovem deixou que ele analisasse o seu corpo. Porém, quando estava olhando os glúteos da vítima, o autor disse que precisava testar a sensibilidade e desferiu um tapa nas nádegas da denunciante.
Gritos de pânico
Constrangida, a vítima disse que precisava ir embora, mas o dentista a agarrou e começou a estuprá-la. A mulher tentou se desvencilhar e passou a gritar que queria sair. O dentista puxou a influencer novamente, ato que fez um rasgo na calça dela, e afirmou que ninguém a escutaria, porque todos já tinham ido embora.
Em pânico, a influenciadora não conseguiu mais resistir, e o autor consumou a prática sexual. Após terminar o ato, o dentista voltou a conversar com a vítima sobre os procedimentos estéticos que faria, como se nada tivesse acontecido.
Ainda em choque, a mulher foi embora e se encontrou com seu ex-marido e com sua filha, os quais a aguardavam passeando no shopping em que o autor atende. No caminho para casa, a vítima contou para seu ex-marido o que tinha acontecido. Em seguida, o casal foi até uma delegacia e registrou a ocorrência policial.
“Posso morder?”
Com a prisão do dentista, outra moradora do Distrito Federal contou à coluna ter sido assediada pelo profissional. Segundo a terceira vítima do acusado, ele chegou a pedir para morder a bunda dela, além de bater e tirar fotos sem autorização.
A jovem de 21 anos, que prefere não se identificar, contou que também conheceu Gustavo pelas redes sociais. “Seguia ele no Instagram e o achava um profissional muito bom”, diz.
Ela afirma que Najjar entrou em contato e ofereceu um procedimento como paciente-modelo. Ou seja, ela pagaria menos em troca de divulgação dos serviços dele. “Ele falou que pessoas com o rosto bonito eram sempre bem-vindas. Então, eu marquei com ele para o dia 11 de setembro”, conta.
Ouça o relato:
Quando chegou ao consultório do dentista, a menina percebeu que não havia ninguém além dele no local. De acordo com a vítima, durante a avaliação, Najjar pediu que ela levantasse para que ele pudesse examinar outras áreas do corpo dela.
A jovem afirma que, assim que levantou, o dentista abaixou as calças dela. “Ele falou: ‘Posso morder? E eu disse que não. Ele pediu para bater também, e eu falei que não podia.”
O Metrópoles entrou em contato com os advogados de Najjar quando ele foi preso. À época, a defesa do suspeito criticou o vazamento da investigação conduzida pela Polícia Civil do DF, que corre em segredo de Justiça, e disse que não comentará os detalhes do processo, justamente por causa do caráter sigiloso do inquérito. “O que podemos adiantar, mais uma vez, é que não houve crime e que já existem provas robustas sobre isso, o que torna o vazamento parcial de informações gravíssimo. A divulgação de informações escolhidas pelos agentes públicos encarregados do inquérito, além de configurar ilícitos graves, busca criar sensacionalismo irracional para antecipar um julgamento sobre os fatos em apuração”, disse a defesa.
Os advogados do suspeito de estupro, ainda em nota, dizem que tomarão “medidas legais” para “responsabilizar os agentes públicos que, mesmo advertidos, insistem em transgredir a lei, e que assume, de forma deliberada, o risco dos resultados de sua conduta irresponsável”.
“Por fim, a defesa vai postular no Juízo competente que seja então autorizado, dada a divulgação parcial e despropositada de informações direcionadas, e para se garantir a paridade de tratamento, a divulgação das provas existentes em favor do seu cliente – o que não se pode revelar agora sem expressa autorização judicial em razão do sigilo dos autos e da exposição da intimidade de outras pessoas envolvidas na investigação”, finalizou a defesa do dentista.
Na noite desta quinta-feira (28/9), diante da informação de que Najjar havia sido solto por decisão da Justiça, o Metrópoles tornou a entrar em contato com a defesa do dentista. O advogado do suspeito disse que não se manifestará, já que o caso corre em segredo de Justiça. O espaço segue aberto para possíveis manifestações.