Jair Bolsonaro reuniu-se com Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes no mesmo dia em que eles tramavam o fim da prisão em segunda instância.
Fernando Gabeira comentou os efeitos da manobra do STF:
“Há duas perspectivas para os grandes ladrões: empurrar o processo até a prescrição ou levar para o túmulo o risco de ser preso. As consequências de decisões como essa trazem um profundo descrédito na democracia. E aí reside o perigo maior. Esgotadas as formas legais de combate, sobretudo as desenvolvidas pela Lava Jato, a memória de muitos se volta para os militares.
Os próprios militares, indiretamente, dão sinais de descontentamento com a volta da impunidade. Mas eles também se comprometeram com o governo Bolsonaro. E sem examinar algumas evidências. Bolsonaro não combateu a corrupção de frente no seu período de deputado. Ele era do PP, apoiou o Severino Cavalcanti.”
A conclusão de Fernando Gabeira:
“Nenhuma força política isolada conseguirá desatar o nó da impunidade. É tarefa de longo alcance.”
O Brasil sabe há tempos que Gilmar Mendes mudou de lado.
Antes um aguerrido defensor da prisão de condenados em segunda instância (a situação de Lula), tornou-se um ferrenho opositor dela.
E, assim, um opositor da Lava Jato.
Gilmar passou a patrocinar o modelo que prevê que os condenados só devem ir para a cadeia depois de esgotados todos os recursos na Justiça.
O que, no Brasil, para quem tem um bom (e caro) advogado, significa NUNCA ir para a cadeia.
Gilmar agiu nos bastidores. Como um político. Até encontrar o momento mais propício para atingir seu objetivo.
O trecho a seguir narra como Gilmar, um notório amigo de tucanos e peemedebistas, se aproximou de Dias Toffoli, um egresso do petismo e potencial adversário.
E como Gilmar atuou para transformar o atual presidente da Corte em um grande aliado:
A relação de Toffoli com Gilmar já era de muita proximidade. O próprio Lula, certa feita, o pegou pelo braço em um evento em Brasília e quis saber sobre a relação íntima entre os dois, uma amizade outrora impensável. Ambos já frequentavam as casas e gabinetes um do outro. Gilmar, espertamente, viu em Toffoli um possível aliado e, aos poucos, foi ganhando a sua simpatia ao mesmo tempo em que apresentava a ele as gostosuras do poder e o ajudava a ampliar sua rede de contatos. Em suma, o velho ministro foi aos poucos mostrando ao novato como fazer para valorizar a caneta que ele tem em mãos, uma fonte inesgotável de poder. A relação foi se estreitando mais e mais. Recentemente, depois que as mulheres de ambos, as advogadas Guiomar Mendes e Roberta Rangel, entraram na mira de um grupo especial da Receita Federal que investigava possíveis fraudes tributárias em suas atividades profissionais, a amizade virou uma aliança ainda mais estratégica. E se somou aos interesses dos amigos dos dois ministros, um oriundo das hostes petistas e outro alinhado aos tucanos e emedebistas. Estava aberta uma janela de oportunidade para transformar a agenda do Supremo em instrumento para enfraquecer a Lava Jato…
Trata-se da aliança que já enfraqueceu a luta contra a corrupção empreendida nos últimos anos. E pode ferir de morte o esforço de uma geração.
Gilmar Mendes, o dono do Supremo, segue com a atribulada agenda de palestrante no Instituto Brasiliense de Direito Público, do qual é sócio.
A faculdade do ministro sediará entre os dias 22 a 24 de outubro o XXII Congresso Internacional de Direito Constitucional.
Gilmar Mendes determinou que o decreto de prisão contra o doleiro Nissim Chreim — foragido da Justiça — seja substituído por fiança de R$ 5 milhões.
Caso o doleiro pague a quantia, não poderá sair do país nem entrar em contato com outros investigados.
Nissim foi alvo da Operação Câmbio, Desligo, iniciada em maio do ano passado.
Segundo o Ministério Público, ele era responsável pelo envio de dinheiro desviado para o exterior na organização criminosa liderada por Sérgio Cabral.
Moro: “Importamos criminosos pela leniência excessiva”
No Twitter, Sergio Moro campartilhou uma reportagem sobre bandidos chilenos que dizem ter escolhido o Brasil para praticar crimes em razão das penas mais brandas por aqui.
E disse:
“Todos sabem disso. Importamos criminosos pela leniência excessiva. Tem que mudar a lei e deixá-la mais rigorosa ou pelo menos a pena fixada tem que ser cumprida em sua maior parte e não ser uma ficção”, afirmou o ministro.