Enquanto startups tradicionais lutam, empresas de IA registram crescimento de 57% no financiamento
Nos últimos dois anos, muitas startups tecnológicas que não geravam lucros tiveram que reduzir custos, ser vendidas ou até mesmo fechar as portas. No entanto, um grupo específico dentro desse nicho tem prosperado: as empresas focadas em Inteligência Artificial (IA), que estão se reinventando através de spin-off.
A expansão da IA se tornou o ponto mais forte contra a crise que afeta as startups desde 2022. De acordo com a consultoria PitchBook, investidores injetaram US$ 27,1 bilhões em plataformas de IA nos Estados Unidos entre abril e junho de 2024, representando quase metade de todo o financiamento recebido por startups no país durante esse período. No total, as startups americanas arrecadaram US$ 56 bilhões, um aumento de 57% em relação ao ano anterior.
Dudu Ludgero, especialista em inovação, explica que essas rodadas de financiamento deram um forte impulso ao setor em termos de valor em dólares e quantidade de transações. “As startups de IA estão não apenas atraindo grandes rodadas de financiamento, mas também se reinventando através de spin-off, o que lhes permite explorar novos nichos e aumentar a eficiência operacional”, afirma Ludgero.
Em maio, a CoreWeave, provedora de serviços de computação em nuvem para empresas de IA, angariou US$ 1,1 bilhão em financiamento, seguido por US$ 7,5 bilhões em dívida, posicionando seu valor em US$ 19 bilhões. A Scale AI, provedora de dados para empresas de IA, arrecadou US$ 1 bilhão, sendo avaliada em US$ 13,8 bilhões. E a xAI, fundada por Elon Musk, captou US$ 6 bilhões, alcançando um valor de mercado de US$ 24 bilhões.
Ludgero comenta que a crise das startups começou no início de 2022, quando muitas empresas que operavam no vermelho lutaram para manter o crescimento observado durante a pandemia. O aumento das taxas de juros levou os investidores a buscarem investimentos menos arriscados.
Mesmo que a IA crie eficiências, construí-la custa caro. As startups focadas em IA precisam de enormes estoques de poderosos chips de computador e grandes quantidades de armazenamento em nuvem. Uma análise de 125 startups de IA realizada pela Kruze Consulting revelou que, em média, 22% das despesas dessas empresas foram destinadas a custos de computação nos primeiros três meses do ano – mais que o dobro dos 10% gastos por empresas de software não relacionadas à IA no mesmo período.
Ludgero observa que a concorrência de grandes empresas de tecnologia, incluindo a Microsoft e a Amazon, também pode afetar a capacidade das startups de IA de angariar enormes somas de dinheiro. “O potencial da IA gerou grande entusiasmo, com investidores e executivos prevendo que o mercado de IA será maior do que os mercados de smartphones, computadores pessoais, redes sociais e internet”, destaca ele. “Essa reinvenção das empresas através dos spin-off de IA é um exemplo claro de como a inovação pode prosperar mesmo em tempos de crise”.
O cenário mostra que, enquanto muitas startups tradicionais enfrentam desafios significativos, as startups de IA, especialmente aquelas que adotam o conceito de spin-off, continuam a atrair investimentos substanciais e a crescer, sinalizando um futuro promissor para o setor de inteligência artificial.
