O ortopedista Humberto de Carvalho Barbosa (foto em destaque), investigado por atropelar um jovem durante um racha na semana passada, foi alvo da Operação Conexão Brasília, deflagrada em 2018. A ação apurou crimes de organização criminosa, corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitação e lavagem de dinheiro. Uma sentença judicial, no entanto, extinguiu a punição contra o médico, porque o processo prescreveu.
A operação, realizada pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), identificou a formação de uma organização criminosa supostamente responsável por um “modelo corrupto de contratações” na Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF). O prejuízo para os cofres públicos chegaria a mais de R$ 19 milhões, em crimes que teriam ocorrido entre 2012 e 2013. Na época, o médico exercia o cargo de gerente de recursos médico-hospitalares na Diretoria de Assistência Especializada do órgão.
Segundo a investigação do MPDFT, o montante que deveria ter sido investido para melhorar a infraestrutura dos hospitais do DF foi parar em contas bancárias de empresas de fachada, que costumava participar das atas de registros de preços para compra de Órteses, Próteses e Materiais Especiais (OPMEs).
Ao todo, 19 pessoas foram denunciadas. A Operação Conexão Brasília foi um desdobramento de operações da Lava Jato ocorridas no Rio de Janeiro.
Os autos tramitaram perante a 1ª Vara Criminal da Circunscrição Especial Judiciária de Brasília. Entretanto, em setembro de 2022, foi reconhecido a competência da Justiça Federal para processar e julgar o processo. Com isso, o caso chegou até a 12ª Vara Federal Criminal da Seção Judiciária do DF (SJDF).
Em fevereiro do ano passado, o Ministério Público Federal (MPF) reforçou a denúncia anterior e acusou novamente os envolvidos, incluindo Humberto de Carvalho Barbosa, que faria parte da área “estatal”, trabalhando de dentro do órgão. Entretanto, sentença proferida em março de 2024 extinguiu a punibilidade porque o caso prescreveu.
O Metrópoles não conseguiu entrar em contato com os advogados do médico. O espaço segue aberto para eventuais manifestações e será prontamente atualizado.
Racha no DF
Investigadores da 30ª Delegacia de Polícia (São Sebastião) deflagraram uma operação, na manhã desta segunda-feira (26/8), contra o ortopedista. O médico foi flagrado pela equipe de reportagem da coluna Na Mira provocando um grave acidente durante racha clandestino nas proximidades da Papuda, em São Sebastião.
O especialista conduzia uma BMW M6 Gran Coupé, que pode chegar a R$ 500 mil, quando atropelou brutalmente um jovem que assistia à competição. O caso ocorreu na noite da última quarta-feira (21/8).
O médico tem uma remuneração líquida de R$ 22 mil pela Secretaria de Saúde do DF, segundo o Portal da Transparência. Com outras fontes de renda, Barbosa mantém um estilo de vida luxuoso. Reside no Sudoeste e é proprietário de uma frota de veículos importados, incluindo a BMW M6 Gran Coupé, uma BMW Z4, uma Fiat Toro e uma moto BMW F850.
A reportagem apurou que o comportamento imprudente de Barbosa não é um caso isolado. Em 2006, ele se envolveu em acidente semelhante, mas com desfecho trágico. Naquela ocasião, ele atropelou e matou um homem. A vítima se chamava José Pereira Targino Neto, que morreu na BR-020, em Sobradinho.
Documentos obtidos pela coluna mostram que, após o acidente, Barbosa alegou ter prestado atendimento inicial e acionado o Corpo de Bombeiros. Contudo, o caso foi arquivado sem mais esclarecimentos. Na época, o médico dirigia um Audi.
Nas redes sociais, o perfil de Barbosa contrasta com sua imagem pública de “médico respeitável”. Posts feitos por usuários do Instagram revelam vídeos do ortopedista participando de corridas clandestinas e um estilo de vida excessivo.