O anúncio da construção de um grande hospital com referência em ortopedia do Guará com 160 leitos provocou euforia na maior parte dos moradores da cidade e ceticismo e críticas de uma parte menor mas não menos barulhenta. Para os que receberam a notícia com otimismo está o fato da comunidade reivindicar e aguardar há muito tempo um hospital de verdade que possa atender com eficiência parte dos 145 mil habitantes que usam a rede pública de cidade, atendida por enquanto por apenas um hospital improvisado e quatro unidades básicas de saúde (ubs). Entre os críticos estão os que não acreditam, ou torcem – por motivos polítitos -, contra a construção de um hospital de grande porte, mas, principalmente, por entenderem que seria mais prático e menos oneroso investir na ampliação e melhoria do Hospital Regional do Guará que, segundo eles, não passa de um “postão”, uma alusão aos antigos postos de saúde de maior capacidade de atendimento.
O atraso no início das obras – o lançamento aconteceu em 24 de abril – está sendo interpretado e divulgado pelos críticos como “embromação” do governo para desistir do projeto. Sempre que a notícia é veiculada, principalmente pelo Jornal do Guará, as redes sociais da cidade se enchem de críticas, a maioria sobre a falta de estrutura da rede formada pelo HRGu e as UBSs, o que deveria ser a prioridade do governo, segundo elas. Entretanto, boa parte dessas críticas é de quem ainda não entendeu que o HCO não é um hospital de “portas abertas”, para o atendimento de quem procura por uma consulta ou emergência por conta própria, mas de referência em ortopedia para atender os pacientes encaminhados pelas unidades da rede pública de saúde da chamada Região Centro-Sul, formada pelas cidades de Guará, Candangolândia, Núcleo Bandeirante, Estrutural. SIA, Riacho Fundo I e II e Park Way.
Independente dos que comemoram ou dos que criticam ou não acreditam, afinal, por que a construção dos Hospital Clínico Ortopédico ainda não foi iniciada depois de cinco meses de concluído o processo de contratação do consórcio responsável pelas obras?
De acordo com o representante do consórcio vencedor da licitação, Deraldo Júnior, esse intervalo estava por causa da necessidade da elaboração de projetos complementares de engenharia e da análise do contrato por parte do Tribunal de Contas do DF (TCDF) por se tratar de investimentos com recursos públicos. “Está tudo dentro do prazo estipulado no contrato. Até a segunda semana de setembro vamos protocolar algumas adequações, em função dos projetos de instalações, e estamos fazendo algumas adequações em função dos projetos de instalações. Com isso, a previsão que sejam protocolados até o a segunda semana de setembro, enquanto aguardamos a liberação do projeto de arquitetura por parte da Divisa, o órgão regional da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que deve acontecer até o final de outubro”, garante.
A previsão do consórcio HCO é que a terraplenagem do terreno e a implantação do canteiro de obras aconteçam até meados de outubro. Por sua vez, a Novacap, responsável pela contratação da obra, garante que a análise do projeto pelo Tribunal de Contas também está dentro do prazo previsto. A expetativa do presidente da Novacap, Fernando Leite, é que a construção seja iniciada ainda em novembro, com prazo de entrega de dois anos e meio, ou seja, meados de 2026.
Não será um hospital “portas abertas”
Para frustração de parte da comunidade que aguardava um hospital para qualquer tipo de atendimento e a qualquer hora, o HCO não terá esse perfil. Como o próprio nome indica, o Hospital Clínico Ortopédico, que será construído no Guará, terá perfil de assistência em ortopedia, com atendimentos nas áreas de coluna, ombro, braço, cotovelo, mão, quadril, perna, joelho, pé, tornozelo, alongamento e reconstrução óssea. Mesmo assim, vai atender somente pacientes encaminhados pelas unidades de saúde pública (hospitais, UBS e Upas) que necessitem de atendimento emergencial e mais especializado. Dos 160 leitos, 90 serão de ortopedia, 50 de clínica médica e 20 de UTI adulta.
Mas não será só ortopedia
O grande hospital do Guará também vai dispor de atendimento ambulatorial, internação ortopédica, centro cirúrgico, apoios diagnóstico e terapia e de nutrição e dietética e uma farmácia hospitalar e centrais de Material Esterilizado (CME) e de Ensino e Pesquisa.
De acordo com o projeto, a área principal será dividida em quatro blocos: o primeiro será destinado a ensino e pesquisa; o segundo será uma área de circulação; o terceiro será o coração do hospital, onde ficarão o ambulatório, os leitos de internação e o centro cirúrgico; enquanto o quarto bloco abrigará as estruturas de água, energia e esgoto. O hospital terá também auditório, anfiteatro e uma capela, além de estacionamento para os pacientes e funcionários.
“É um hospital que vai atender uma população muito importante, principalmente o pessoal mais idoso, que é quem sofre mais com os traumas, e demanda de cirurgias ortopédicas. A gente espera com isso fazer andar a fila de cirurgias ortopédicas, que ainda é muito grande no DF. Então, às vezes, as pessoas ficam sofrendo, aguardando uma cirurgia ortopédica, e a gente sofre junto. Mas, a gente tem que procurar enfrentar os problemas e dar soluções para esses problemas”, explica a secretária de saúde, Lucilene Florêncio
Mais leitos para a ortopedia
Segundo a secretária de Saúde, o Distrito Federal dará um salto nos leitos voltados para ortopedia, passando de 246 para 336 leitos quando somados os 90 de ortopedia previstos para o Hospital Clínico Ortopédico do Guará.
“O Hospital do Guará tem 52 leitos e a população carecia desse aumento da capacidade. Já o HCO terá 160 leitos, sendo 90 voltados para a ortopedia, permitindo esse giro maior de leitos, inclusive para a ortopedia. Hoje, o DF tem ao todo 246 leitos de ortopedia e agora está somando mais 90 leitos desse hospital que vamos construir”, detalha Lucilene Florêncio.
Segundo o presidente da Novacap, Fernando Leite, a construção também será importante para auxiliar o Hospital de Base, referência no DF para a ortopedia e traumatologia. “Vai desafogar a ortopedia do Base, que é muito sobrecarregada. Aqui vai ser de alguma forma um hospital de apoio de lá”, avalia. Somente em 2023, o Base fez 19.938 atendimentos ambulatoriais, 21.350 atendimentos de urgência e emergência e 2.274 cirurgias na área de ortopedia e traumatologia.
Preocupação com o meio ambiente
A construção também foi pensada no meio ambiente. O Hospital Clínico Ortopédico do Guará terá climatização e iluminação naturais, reutilização de águas pluviais e área verde, seguindo as diretrizes do Certificado Leed, selo verde, concedido a construções sustentáveis em todo o mundo.
O prédio foi pensado de forma sustentável. Para tanto, vão utilizar água captada da chuva nas descargas dos banheiros e para regar as áreas verdes. Serão criados pátios e jardins em locais estratégicos para garantir ventilação e iluminação naturais.
Além disso, placas fotovoltaicas vão permitir que a energia consumida pelos equipamentos do hospital seja produzida pelo próprio prédio. Por fim, o uso da eletricidade será otimizado com lâmpadas munidas de sensores de presença.
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