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Projeto quer levar caratecas medalhistas do DF a campeonato brasileiro

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DÉLIO ANDRADE
DÉLIO ANDRADEhttp://delioandrade.com.br
Jornalista, sob o Registro número 0012243/DF

O projeto social Uruma-kan Karatê Solidário, que desde 2021 ensina karatê a crianças e adolescentes do Distrito Federal, está em busca de apoio da comunidade para poder enviar sete caratecas medalhistas selecionados para o 28º Campeonato Brasileiro de Karatê Shotokan, que será realizado em 10 de outubro em Vitória (ES).

Localizado em Samambaia, o projeto social é filiado à Escola Boaz de Artes Marciais, e atualmente conta com 55 participantes de todas as idades, mas tem foco em atender jovens de seis a 17  anos.

Sem patrocínio governamental, a iniciativa conta com apoio da comunidade e dos próprios participantes que têm condições de contribuírem com a taxa social do projeto, para continuarem a ensinar a arte marcial gratuitamente.

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Nos quase quatro anos de existência, o projeto Uruma-kan Karatê Solidário já conquistou diversas medalhistas em competições no DF e ao redor do país. Em 2023, na 27ª edição do Campeonato Brasileiro de Karatê Shotokan, realizado em Goiânia (GO), 11 caratecas do projeto participaram da competição, e trouxeram dos tatames 12 medalhas para o DF.

E entre os medalhistas do DF da edição, dois foram, inclusive, convocados para a seleção brasileira no Campeonato Mundial, que seria realizado no Japão. Contudo, devido ao alto custo para enviar os jovens atletas, os caratecas não puderam participar.

Agora, sete participantes do projeto estão em busca de apoio financeiro para financiar os custos com uniforme, taxa de inscrição, transporte e alimentação, cujos valores passam dos R$ 1 mil por participante. Doações em qualquer valor pela chave Pix 5108946@vakinha.com.br.

História de medalhas e superação

Além de receberem diversas medalhas em competições no DF e ao redor do Brasil, os pais e mães ouvidos pela reportagem citaram diversas outras vitórias dos filhos e filhas, como: o aumento da autoestima, maior a socialização com a família e colegas da escola, e o ganho de mais disciplina e responsabilidade.

Para o sensei – palavra japonesa para professor ou mestre – Daniel Paraguassu, 43, essas são as verdadeiras medalhas conquistadas por esses caratecas. “Nossos alunos estão apresentando melhora na escola, estão deixando de lado a ansiedade, a depressão e ganhando mais confiança, tudo isso através do esporte e do karatê”, disse o professor e responsável pelo projeto solidário.

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Eduardo Caleb, 13, medalhista de ouro no Campeonato Brasileiro de Karatê

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Eduardo é inspiração para o irmão Mikael, de 9 anos

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Maria Clara, 15, é uma das primeiras alunas do projeto e coleciona medalhas pelo DF e Brasil

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Maria Clara, 15

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José, 13, e o pai Honorato Gonçalvez, 55

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Mesmo com a estatura mais baixa, José conquista medalhas nas competições

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No nascimento, José foi diagnosticado com um desvio na coluna e problemas respiratórios

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Um dos caratecas do projeto que protagoniza uma dessas histórias de superação é Eduardo Caleb, 13 anos, que em sua primeira competição, na edição de 2023 do Campeonato Brasileiro de Karatê Shotokan, conquistou uma medalha de ouro.

Quem vê hoje Eduardo mostrar com orgulho e de cabeça erguida a premiação conquistada na competição, não imagina a evolução pela qual o menino passou após mais de um ano praticando a arte marcial, lembra a mãe Alessandra Almeida, 43.

“Antes ele estava em um processo depressivo, tinha muita baixa autoestima, vivia trancado no quarto e nos videogames. Hoje ele fala mais com a família, brinca, conversa e anda de cabeça erguida. Depois de tanto tempo duvidando dele mesmo, ele começou a dizer [depois de começar a praticar caratê] ‘mãe, eu vou dar meu melhor e vou mostrar que eu consigo’”, conta a psicóloga.

“Quando ele saiu do tatame [depois de vencer a competição que lhe rendeu a medalha de ouro] e veio correndo para meus braços, foi uma emoção indescritível”, lembrou a mãe. “E agora ele é inspiração para o irmão mais novo [Mikael, 9 anos] e este ano eles vão competir juntos no campeonato brasileiro”, comemorou.

Outra história de superação é a de José, também de 13 anos. Diagnosticado com um desvio de coluna e problemas respiratórios, o garoto desde pequeno pratica diversos esportes como tratamento defensivo. No entanto, foi no caratê que José encontrou uma motivação que trouxe diversos benefícios além dos cuidados à saúde.

“Antes ele era muito disperso, brigava muito [com os colegas de sala na escola]. Agora, além de melhorar os problemas respiratórios, ele virou um menino mais tranquilo, mais organizado e mais responsável, que cuida da mochila e dos materiais [de treino de karatê]. Ele até recebeu o diploma de melhor aluno na escola onde ele estuda”, diz emocionado o pai Honorato Gonçalves, de 55 anos.

“É um orgulho ver as pessoas torcendo e gritando o nome dele, mesmo tendo a estatura mais baixa que os outros competidores. É uma história de superação que tem valores que vão além da medalha. [O karatê] somou e muito na vida dele”, afirmou Honorato, ou “o pai de José”, como brinca que ficou conhecido após as vitórias do filho.

Outra mãe orgulhosa com o progresso da filha depois do Uruma-kan Karatê Solidário é Josefa Lopes, 49, diretora da Escola Classe 415 de Samambaia e mãe de Maria Clara, 15.

A gestora conta que, desde que a adolescente participou da primeira turma do projeto, ainda durante a pandemia, ela reatou os laços com a filha e apresentou mudanças “extraordinárias”.

“Ela está bem mais determinada, treina todos os dias e melhorou muito a sua alimentação. Ela inclusive auxilia os professores e dá aulas para os alunos mais novos. É extraordinário porque, mesmo não ganhando uma medalha no ano passado por conta de uma lesão, ela sabe que aprendeu muito mesmo perdendo”, disse.

“É um processo lento, mas que alcança muito mais que as duas horas da prática do esporte”, completou a profissional da rede pública de educação do DF.

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