Investigação conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo (MPSP), aponta que pelo menos três vereadores e um candidato a prefeito em Guarujá teriam direcionado licitações da Câmara Municipal e da Prefeitura de Guarujá para uma empresa que pertencia a um líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), identificado como Cristiano Lopes Costa (foto em destaque), conhecido como “Meia Folha”.
O criminoso foi assassinado em março deste ano no momento em que estava em uma lanchonete do Guarujá. A ação, que conta com apoio das polícias Militar e Civil, cumpre 26 mandados de busca e apreensão nas cidades da Baixada Santista e na capital paulista.
As apurações também apontam para possível favorecimento de agentes públicos com o recebimento de propinas para viabilizar as fraudes. Os nomes dos políticos e das empresas não foram divulgados.
Participaram da operação 15 integrantes do Ministério Público, 76 policiais militares do Comando de Policiamento de Choque (Rota, COE e Gate) e 50 policiais civis da Delegacia Seccional de Praia Grande e do Departamento de Operações Policiais Estratégicas (Dope).
Contratos
De acordo com a gestão municipal, a HC Transporte e Locação Eirelli, que pertencia ao Meia Folha, presta serviços de controlador de acesso e de limpeza das unidades de saúde.
Os contratos foram celebrados em 2022, com vigência de um ano, podendo ser prorrogados até cinco anos. A prefeitura afirma que a empresa venceu as licitações relativas à prestação dos serviços e, para homologar os contratos, foram cumpridas várias exigências legais.
Segundo o município, o protocolo para a assinatura de um contrato não prevê análise sobre as pessoas físicas vinculadas às empresas, a não ser no que diz respeito a um eventual grau de parentesco com servidores municipais.
“A Prefeitura de Guarujá informa que, das empresas vencedoras de processos licitatórios no município, é exigido um rol de documentos, sempre relacionados ao seu CNPJ, no sentido de comprovar a regularidade perante os órgãos competentes. Análises referentes à pessoa física (CPF) de seus responsáveis não constam do rol de exigências legais”, diz a nota.
A gestão municipal não informou se os contratos com a HC Transporte e Locação Eirelli serão mantidos após a descoberta da fraude.
Morte
Cristiano, de 41 anos, foi baleado na noite dessa terça-feira (12/3) em uma lanchonete, em Vicente de Carvalho. Testemunhas disseram que os disparos foram feitos por um homem que passou pelo local de moto.
O autor dos disparos que mataram “Meia Folha” ainda é desconhecido. De acordo com o relato de uma testemunha, o autor se aproximou da lanchonete em uma moto e, sem descer do veículo, deu vários tiros na direção da vítima.
Imagens e vídeos feitos por moradores logo após o crime mostram que havia várias pessoas no local. No ataque a tiros, o ex-vereador do Guarujá Geraldo Soares Galvão também acabou baleado.