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E LÁ VEM O TREM

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DÉLIO ANDRADE
DÉLIO ANDRADEhttp://delioandrade.com.br
Jornalista, sob o Registro número 0012243/DF

O Ministério dos Transportes, o Ministério das Cidades, através da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), e o Ministério da Infraestrutura, através da empresa estatal Infra S.A., anunciaram na semana passada que os estudos sobre a viabilidade técnica, econômica e ambiental do transporte de passageiros na rota entre Brasília e Luziânia, pelo modal ferroviário, será entregue no início de 2025. Esses estudos permitirão ao governo identificar os investimentos necessários na infraestrutura ferroviária existente, estimar os custos para as empresas interessadas em operar os trechos, definir as localidades das estações e o volume de passageiros, além de avaliar os aspectos ambientais envolvidos.
Após essa etapa, os próximos passos são a realização de uma Audiência Pública, análise do Tribunal de Contas da União (TCU) e, finalmente, a definição de um processo licitatório ou a possível inclusão no contrato ferroviário vigente.
A implantação do Veículo Leve sobre Trilho (VLT) vai impactar diretamente o morador do Guará, porque a previsão é que haja uma estação de integração com o metrô onde as duas linhas se cruzam, entre o Guará Park e o Guará II, abaixo da QE 24. A implantação da linha de passageiros está orçada em cerca de R$ 500 milhões e será custeada apenas pelo governo federal, sem contrapartida do GDF e do Governo de Goiás.
De acordo com o subsecretário de Políticas para Cidades e Transporte do Governo de Goiás e presidente do Fórum de Mobilidade (Mova-se), Miguel Ângelo Pricinote, a viagem experimental pode acontecer nos próximos 8 a 12 meses (ainda em 2025), a depender das adaptações necessárias para que o VLT passe pelos trilhos. “A ideia é aproveitar a linha férrea de carga como transporte de passageiros nos horários que ela estiver ociosa, especialmente no início da manhã e no final da tarde, quando a demanda para passageiros é mais alta. Para isso, o estudo técnico vai apontar as adaptações necessárias que precisarão ser feitas nos trilhos e a criação de estações de embarque e desembarque”, explica.

GDF iria assumir, mas desistiu
No início do seu primeiro governo, em junho de 2019, o governador Ibaneis Rocha chegou a divulgar, com pompas, um teste do que seria o trem de passageiros entre o DF e o entorno, inicialmente até Valparaiso de Goiás. Ibaneis e o então secretário do Entorno, ex-deputado distrital Paulo Roriz, secretários do GDF e do governo federal, fizeram o trajeto de 35 quilômetros no que seria um dos vagões da nova linha.
Na ocasião, o governador e o secretário do Entorno garantiram que os testes seriam continuados até o final de 2019, e que a linha definitiva seria implantada a partir de 2020, quando chegariam as novas composições que estavam sendo encomendadas. O Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) inicialmente teria três composições com capacidade para 200 passageiros cada, no total de atendimento de 600 usuários por dia. O trem iria circular nessa fase apenas uma vez por dia, no sentido Valparaíso a Brasília de manhã e retornando no final da tarde. A intenção seria dobrar o volume transportado para 1.200 pessoas na segunda fase da implantação.
Mas o projeto que prometia a solução para o transporte de passageiros entre o DF e Entorno, ao criar um novo modal de transporte público na região central, bem mais prático, seguro e mais barato, não passou do anúncio e dos testes, porque, de acordo com o próprio governo local, a União, comandada pelo presidente eleito Jair Bolsonaro, havia desistido de assumir os custos de metade da obra, como havia prometido. A intenção foi mais esfriada com a extinção da Secretaria do Entorno, quando o projeto foi repassado à Secretaria de Mobilidade, que o engavetou. E não se falou mais no assunto.
Entretanto, quatro anos e meio depois, o projeto do trem do entorno volta a ser discutido, desta vez por iniciativa do Governo Federal, como uma das obras do Plano Nacional de Ferrovias, que está sendo elaborado pela Secretaria Nacional de Transporte Ferroviário. Segundo o estudo, o objetivo do planejamento da União é contar com uma Política Nacional de Transporte Ferroviário de Passageiros (PNTFP) inédita. Os seis pontos com possibilidade de implantação passariam por sete unidades da Federação, sendo cinco deles dentro do próprio estado. A ligação interestadual ficaria por conta do trecho Brasília (DF)-Luziânia (GO), de cerca de 60 quilômetros.

Estação no Guará
Como parte da viabilidade econômica da linha de passageiros entre Brasília e o Entorno haverá uma estação de integração com o metrô e o único ponto em que a ferrovia e os trilhos do metrô se encontram é no Guará. Como o antigo, o novo projeto também prevê a recuperação da antiga estação Bernardo Sayão, entre o Guará e o Núcleo Bandeirante, ao lado da via de acesso ao Park Way e a Arniqueira.

Trem já existiu antes
Desde 1991, quando foi desativada a linha de passageiros Brasília–Goiânia, a malha ferroviária do Distrito Federal recebe apenas transporte de cargas.
Por 15 anos, o trem que chegava de Campinas e Goiás tinha como ponto final a Rodoferroviária de Brasília – mesma estrutura que receberá o VLT vindo de Valparaíso.
Com o encerramento da linha férrea, a Rodoferroviária passou a funcionar apenas para ônibus, se tornando o principal terminal rodoviário interestadual da capital.
Em 2010, a partir da inauguração da Rodoviária Interestadual de Brasília, o terminal também parou de receber esse tipo de serviço e acabou desativado. Hoje, o prédio abriga a Secretaria de Justiça, a Agência Reguladora de Águas (Adasa) e o Departamento de Transporte Urbano do DF (DFTrans).

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