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Caso fechado: veja passo a passo do assassinato brutal de João Miguel

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DÉLIO ANDRADE
DÉLIO ANDRADEhttp://delioandrade.com.br
Jornalista, sob o Registro número 0012243/DF

Um dos assassinatos mais brutais dos últimos anos no Distrito Federal teve um desfecho nessa segunda-feira (7/10). O desaparecimento de João Miguel Silva, então com 10 anos, deixou os moradores da capital federal intrigados por duas semanas, até que a Polícia Civil do DF (PCDF) encontrou o corpo do garoto em uma vala, no dia 13 de setembro. A motivação? Uma suposta série de furtos e o sumiço de um cavalo.

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João Miguel tinha 10 anos quando foi morto

PCDF/Divulgação

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João Miguel estava desaparecido desde 30 de agosto

PCDF/Divulgação

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Carroceiro Jackson Nunes de Souza, 19 anos, foi preso pelo crime

Reprodução

Entenda o caso a partir do passo a passo contado pelo Metrópoles:

30 de agosto: João Miguel desaparece. O garoto, que mora com tios e primos no setor de chácaras do Lúcio Costa, no Guará, saiu para comprar um salgadinho em um mercado próximo de casa, por volta das 18h, e não voltou mais. Câmeras de segurança flagraram o garoto caminhando perto de onde morava, às 15h. O dono do supermercado confirmou ao Metrópoles que viu Miguel, mas à noite, por volta das 21h, acompanhado de outros meninos.

9 de setembro: a PCDF pede ajuda da imprensa e da população para obter informações sobre João Miguel, àquela altura, desaparecido há 11 dias.

13 de setembro: a 8ª Delegacia de Polícia, responsável pelas investigações, informa, por volta do meio-dia, que encontrou um corpo em uma vala, localizada em uma área de mata em frente ao viaduto que dá acesso ao Guará I. O cadáver estava enrolado com um lençol, com as mãos amarradas e um tecido preso ao pescoço. Os policiais chegaram ao local após denúncia anônima.

A família ainda vivia a expectativa de o corpo encontrado ser de outra pessoa. No entanto, uma corrente reconhecida pela tia de Miguel, Rafaela Santos, 25 anos, preparava a família para a pior notícia possível. Rafaela disse ainda que, poucos dias após o desaparecimento, a família havia recebido uma ligação anônima orientando para que procurassem João nos bueiros do Lúcio Costa, porque João estaria em um deles.

Os indícios se confirmaram no fim da tarde daquele dia, quando o Instituto Médico Legal (IML) atestou que o corpo naquela vala era mesmo o de João Miguel.

A principal hipótese levantada pelas investigações era de que o crime teria sido cometido por vingança, mas não se sabia o real motivo. O fato de o pai de João Miguel estar preso por ter atirado contra o cunhado, em dezembro de 2023, levava o público a tentar ligar uma coisa a outra. A suspeita de que a mãe do menino seja integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC) também era levada em consideração na tentativa de entender a morte do garoto. Nada disso, no entanto, tinha relação com a morte brutal.

27 de setembro: a PCDF anuncia, durante a tarde, que prendeu um suspeito de ter participação na morte de João Miguel. Naquele momento, a identidade do indivíduo foi preservada devido o andamento das investigações. A coluna Na Mira apurou à época que tratava-se de um carroceiro que morava próximo ao garoto.

7 de outubro: o desfecho do caso, com uma reviravolta. A 8ª DP anuncia que a namorada do carroceiro preso, uma adolescente de 16 anos, confessou que matou o menino asfixiado. Ela disse que o carroceiro, identificado como Jackson Nunes de Souza, 19 anos, teria apenas ajudado a desovar o corpo de João Miguel. Dois irmãos de Jackson, de 13 e 16 anos, também teriam participado dessa forma.

A explicação: João Miguel, Jackson e a namorada eram vizinhos e tinham certa proximidade. Miguel costumava andar na residência do casal. A motivação do crime seria uma série de furtos que o garoto estaria cometendo na casa de Jackson e da companheira, segundo versão dela.

O estopim teria sido o sumiço de um cavalo. Segundo apurações, em data ainda desconhecida, João Miguel, Jackson e a namorada de Jackson teriam ido a cavalo ao Setor de Indústria e Abastecimento (SIA) buscar alimentos para os bichos. Jackson e a namorada foram usando um animal, e João Miguel, outro.

De acordo com a namorada de Jackson, Miguel teria soltado o cavalo de propósito, fazendo com que o bicho fugisse. Tempos depois, o animal foi encontrado no curral da Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento do DF (Seagri-DF). Em casos como esse, o proprietário do equino precisa pagar R$ 2,5 mil para recuperá-lo. Como Jackson não tinha o valor, acabou não conseguindo.

Como João Miguel foi morto: ainda de acordo com a namorada de Jackson, no dia 30 de agosto, data em que João Miguel foi dado como desaparecido, o garoto teria ido a residência do carroceiro para vender ao casal um cigarro eletrônico que ele havia achado no lixo. João sempre andava acompanhado com um primo, mas, nesse dia, estava sozinho.

Nesse dia, então, a adolescente teria percebido uma oportunidade de matar João Miguel e dar fim aos supostos furtos, como explica a delegada-chefe da 8ª DP, Bruna Eiras: “Eles chamaram o menor para fumar narguilé. Enquanto ele acendia o narguilé, a menina se posicionou por trás de João, pegou uma corda e o puxou pelo pescoço. Enquanto isso, o outro menor de 16 anos, irmão de Jackson, deu murros e tapas no rosto de João e colocou um vestido na boca dele, fazendo com que ele se asfixiasse e morresse”, relatou Bruna Eiras.

Após matarem o menino, a namorada e o irmão de Jackson, ambos de 16 anos, enrolaram mais panos no corpo de João, vendaram os olhos dele e amarram mãos e pernas. Depois de alguns minutos, o carroceiro e um outro irmão dele, de 13 anos, chegaram na residência e se depararam com a cena. “Eles enrolaram o menor no cobertor e colocaram ele em um tonel amarelo de ração de cavalo. Colocaram o menor em cima da carroça e levaram para a mata onde ele foi localizado durante as investigações”, acrescenta a delegada-chefe.

Ainda no dia 30 de agosto, cerca de 40 minutos após ocultarem o cadáver da criança, a suspeita de 16 anos postou uma foto com o cunhado de 16 anos, no story do Instagram. A publicação chamou a atenção dos investigadores, pois tinha uma música cuja letra cita: “E os nossos inimigos, nós vamos eliminar. Mesmo que me custe a vida, a verdade eu vou falar”.

Correção feita pela PCDF: inicialmente, a 8ª DP informou que João Miguel havia sido morto havia, no máximo, 72 horas, dado o estado de decomposição do corpo. No entanto, nessa segunda-feira (7/10), a delegada-chefe explicou que, no decorrer das investigações, a perícia constatou que o menino foi assassinado no dia em que desapareceu.

“Verificamos que os órgãos externos estavam com mais tempo de decomposição, e tudo isso se deu em razão do nosso clima, da região e do fato de ele estar envolto no cobertor. Isso tudo favoreceu para conservação do cadáver, é o que nós chamamos de mumificação”, explicou Bruna.

7 de outubro: o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) e o Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios (MPDFT) se posicionaram contrários ao pedido da Polícia Civil (PCDF) para internar, em uma unidade socioeducativa, a adolescente de 16 anos que confessou ter matado o menino João Miguel Silva. Tanto a Justiça quanto o MP não estariam convencidos da participação da garota, mesmo ela tendo confessado o crime. “Em que em que pese a gravidade do ato em apuração, o MP ainda não formou a opinio delicti, solicitando mais diligência”, aponta a decisão do juiz.

No momento, o carroceiro de 19 anos está preso preventivamente. Ele vai responder pelo crime de ocultação de cadáver e corrupção de menores. Se condenado, pode pegar uma pena de até 15 anos de prisão.

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