A Polícia Federal (PF) concluiu que a “ausência inesperada” de Anderson Torres, então secretário de Segurança Pública do Distrito Federal à época dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, “comprometeu a capacidade de antecipar e enfrentar os atos de violência” na capital. Anderson estava de férias em Orlando, nos Estados Unidos, no dia do ataque à Praça dos Três Poderes.
A conclusão da PF consta em relatório enviado pela corporação ao Supremo Tribunal Federal (STF) e mencionado pelo ministro Alexandre de Moraes em despacho dessa segunda-feira (28/10). De acordo com as investigações, houve “falhas evidentes” na ação da Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) para conter a baderna na tarde daquele domingo.
Ainda segundo a PF, a “ausência inesperada” de Anderson Torres e a “falta de ações coordenadas e a difusão restrita de informações cruciais contidas no Relatório de Inteligência no 06/2023” foram “fatores decisivos que contribuíram diretamente para a ineficiência da resposta das forças de segurança”.
“Em suma, a ausência de articulação e de difusão de dados comprometeu a capacidade de antecipar e enfrentar os atos de violência, revelando um despreparo que não pôde conter a escalada dos eventos ocorridos 08 de janeiro de 2023”.
PGR tem 15 dias
O ministro Alexandre de Moraes pediu que a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestasse no âmbito do inquérito, que tem como alvos autoridades como o governador Ibaneis Rocha (MDB); o então chefe da SSP-DF, Anderson Torres; um oficial da Polícia Militar (PMDF) e outro da Polícia Federal à época da tentativa de golpe.
Os quatro são investigados no inquérito que apura eventual omissão do poder público diante dos atos antidemocráticos cometidos por bolsonaristas insatisfeitos com o resultado do segundo turno das eleições presidenciais de 2022.
Agora, a PGR tem 15 dias para se manifestar. As defesas de Torres e de Ibaneis não tiveram acesso ao documento da PF mencionado por Moraes, e o advogado do governador do Distrito Federal, Cleber Lopes, pediu ao STF que libere acesso ao relatório.
Defesa
Em nota, o advogado de Anderson Torres afirmou que “não houve ausência inesperada, já que Anderson Torres tinha férias planejadas e comprou as passagens para toda família no mês de novembro de 2022, quando sequer se imaginava a realização de qualquer manifestação após a posse do novo Presidente da República”.
“O então secretário de segurança do DF, no entanto, teve o cuidado de preparar um PAI (Protocolo de Ações Integradas), antes das férias, diante das informações sobre possíveis manifestações. Se o PAI tivesse sido cumprido, teria evitado os reprováveis atos do fatídico 08/01”, completa o advogado Eumar Novacki. Ele reforça que, tão logo tenha acesso ao relatório na íntegra, vai atuar para que imprecisões e equívocos sejam corrigidos junto à PGR.