Em meio a chuvas que geram enxurradas capazes de desabar casas, arrancar asfaltos, mover carros, derrubar motociclistas e pedestres e causar outros transtornos, o Distrito Federal ainda tem bacias de contenção de águas pluviais em construção.
De 2019 até então, a Secretaria de Obras do Distrito Federal (SODF) investiu R$ 230 milhões para construir 41 reservatórios de água da chuva. Destes, oito ainda não estão prontos, nas regiões do Sol Nascente, Vicente Pires, Guará e na Estrada Parque Indústrias Gráficas (Epig).
As bacias de contenção ainda em construção são as seguintes:
- Sol Nascente, trecho 3: em execução, sem funcionamento;
- Sol Nascente, trecho 3: em execução, sem funcionamento;
- Sol Nascente, trecho 1: em execução, sem funcionamento;
- Guará Park, lote 1: em construção, sem funcionamento;
- Guará Park, lote 4: obra interditada;
- Vicente Pires, rua 4 (fim da Av. da Misericórdia): funcionando parcialmente;
- Epig, no trecho 1 da Estrada Parque Taguatinga (EPTG): em conclusão, já em funcionamento;
- Epig, na Estrada Setor Policial Militar (ESPM): em conclusão, já em funcionamento.
O Metrópoles esteve em alguns dos reservatórios sendo construídos. Um deles está localizado no fim da Avenida da Misericórdia, em Vicente Pires, cuja obra começou há cerca de oito meses. Atualmente, o piso da bacia e parte dos muros de gabião ainda não foram instalados. No que diz respeito à infraestrutura do redor da lagoa, faltam calçadas e outros acabamentos.
Outra bacia de contenção de águas pluviais cuja obra não foi concluída está situada na chácara 13 do setor habitacional Bernardo Sayão, no Guará Park. Lá, as intervenções foram suspensas após uma casa desabar, em setembro último, e moradores alertarem dos perigos da construção do reservatório naquele local.
Em contato com a reportagem, um funcionário revelou que as obras devem ser retomadas nas próximas semanas.
Veja imagens:
É preciso infraestrutura
De acordo com o mestre em planejamento em gestão ambiental Raimundo Barbosa, o não funcionamento das lagoas de contenção é, sim, fator negativo em meio às chuvas fortes deste início de ano. “Pode-se constatar que nessas regiões [onde as bacias não estão prontas] a população tem problemas com acúmulo de água nas ruas”, aponta.
“Invariavelmente, há inundações de casas, desagregação de asfalto, perda de bens dos moradores, desabamento de casas, entre outros problemas”, analisa o especialista.
O gestor ambiental alerta, contudo, que somente o recipiente de contenção de águas pluviais não é suficiente para deixar a população segura. “Essas bacias conseguem conter as águas, desde que sejam bem dimensionadas para atingir o seu objetivo. É preciso que se faça toda a obra de infraestrutura ao redor dela ou na origem das águas”, aponta Barbosa.
No caso da bacia da Avenida da Misericórdia, por exemplo, o especialista prevê “grave impacto ambiental” caso a obra não seja feita corretamente. “O entorno desta bacia está degradado. Se eles não fizerem o nivelamento do terreno e não plantarem grama no barranco entre a lagoa e a estrada, haverá risco de grave impacto ambiental nesta área.”
“A má condução da obra pode afetar, inclusive, essas casas ao redor. Toda essa terra em volta pode parar dentro da bacia.”
Em contato com a reportagem, a Secretaria de Obras informou que as bacias serão entregues “até o fim da gestão Ibaneis Rocha”. Há previsão de construção de mais reservatórios em Taguatinga, Sobradinho, Ceilândia, Mestre D’Armas (Planaltina) e Assentamento 26 de Setembro. A própria pasta destaca que as lagoas são apenas “parte do sistema de drenagem”, sendo composto por galerias de águas pluviais, bocas de lobo e postos de visita.
Drenar-DF e outras bacias
Além das oito bacias a serem entregues pela Secretaria de Obras, a Novacap também é responsável por obras de lagoas de detenção, estas no Polo JK, em Santa Maria (quatro); no Riacho Fundo (três); e no Itapoã (duas). Até a última atualização desta reportagem, a Companhia não havia informado a previsão de entrega dos serviços.
Cabe citar ainda o Programa de Gestão de Águas e Drenagem Urbana do Distrito Federal, o chamado Drenar-DF, conduzido pela Terracap.
Iniciadas há quase dois anos, as obras foram divididas em cinco trechos que percorrem a Asa Norte. A ideia é duplicar a capacidade de escoamento da região para, assim, acabar com as enchentes.
Foram investidos R$ 180 milhões na obra, que está na sua segunda fase (das quadras 4 e 5 até as quadras 14 da Asa Norte). Depois, um terceiro projeto atenderá as quadras 15 e 16.