Ex-senador, preso desde 12 de abril na Operação Lava Jato, está disposto a contar o que sabe para se livrar de eventual condenação por extorsão de empreiteiros; a defesa nega qualquer negociação
O Estado apurou que desde a sua prisão, ocorrida em 12 de abril, na 28º fase da Lava Jato, ele avaliava a possibilidade de fazer um acordo com o Ministério Público Federal. Chegou a sondar escritórios de advocacia do Paraná, mas optou por fechar acordo sob orientação do advogado Marcelo Bessa, do Distrito Federal. Oficialmente, o escritório do criminalista nega a informação. “Não existe nada de negociação”, afirmou Bessa.
Os depoimentos aos delegados e aos procuradores da Lava Jato devem ocorrer nos próximos dias.
Eventual acordo impõe ao colaborador confissão dos crimes pelos quais é investigado. Ele também tem a obrigação de revelar outros nomes na estrutura e hierarquia da organização criminosa e, ainda, outros fatos. O delator precisa entregar todos esses dados para ter o acordo homologado pela Justiça.
Nesta segunda-feira, 25, Argello se calou na Polícia Federal. Ele ia depor no inquérito que o investiga por suposto recebimento de propinas de empreiteiros – em troca de dinheiro ilícito, ele teria poupado os empresários de depor na CPI da Petrobrás.
O ex-senador é suspeito de receber R$ 5,35 milhões de propina de empreiteiros. Segundo as investigações, ele teria tomado dinheiro de Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, e de Léo Pinheiro, da OAS. Da UTC teria recebido R$ 5 milhões – valor destinado a quatro partidos nas eleições de 2014. Da OAS, outros R$ 350 mil, destinados à Paróquia São Pedro, em Taguatinga, cidade satélite de Brasília.