Otávio Marques de Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez, foi preso em junho de 2015, mas agora cumpre prisão domiciliar com o uso de tornozeleira eletrônica. Ele delatou propina ao PTPaulo Lisboa/20.06.2015/Folhapress
Otávio Marques, da Andrade Gutierrez, afirma que desvios vieram de estádios e de Belo Monte
A construtora Andrade Gutierrez repassou, ao menos, R$ 94 milhões para o PT (Partido dos Trabalhadores) como doações para financiamento de campanhas eleitorais entre 2009 e 2014. Deste total, entre 40% e 50% corresponderam a dinheiro de propina conquistada por meio de obras firmadas com o governo federal.
Significa dizer que, ao menos, R$ 40 milhões enviados da empreiteira para o partido foram desviados de contratos com a administração federal.
A informação é do ex-presidente da construtora Otávio Marques de Azevedo, que firmou acordo de delação premiada com a Justiça brasileira, e está na edição deste sábado (2) do jornal Estado de S.Paulo.
Azevedo cumpre prisão domiciliar e usa uma tornozeleira eletrônica após condenação na Operação Lava Jato.
O delator indicou aos procuradores da Lava Jato que o dinheiro ilegal teve como origem as obras da usina Belo Monte, no Pará, e de Angra 3, no Rio de Janeiro, e da construção de estádios para a Copa do Mundo de 2014.
À PGR (Procuradoria-Geral da República), Azevedo detalhou os repasses ilegais: “As doações ao PT de 2009 a 2014 de R$ 94 milhões, estimando o depoente que R$ 40 milhões foi de propina. […] O valor da propina é estimado, podendo ter ficado entre R$ 38 milhões e 48 milhões”.
A construtora Andrade Gutierrez era uma das principais doadoras de campanhas eleitorais quando empresas podiam repassar recursos para este fim. Em 2014, a empresa doou R$ 93,6 milhões a diversos candidatos, sendo que o PT foi o principal beneficiado com R$ 39,3 milhões.
Os repasses ilegais de dinheiro desviado do esquema de corrupção da Petrobras irrigaram os caixas do PT, segundo as investigações dos procuradores da Lava Jato. A “ajuda” configurou uma forma de lavagem de dinheiro, conforme as investigações.
A Andrade Gutierrez fechou um acordo de leniência com as autoridades brasileiras e se comprometeu a devolver R$ 1 bilhão aos cofres públicos — o maior entre uma empresa e a Justiça firmado até agora.
Em nota, o PT disse que “refuta totalmente as ilações apresentadas” e informou que “todas as doações que o PT recebeu foram realizadas estritamente dentro dos parâmetros legais e posteriormente declaradas à Justiça Eleitoral”.
Do R7