Ana Viriato – Especial para o Correio /
Ed Alves/CB/D.A Press
O Conselho Especial do TJDF colocou os cinco deputados distritais no banco dos réus por corrupção passiva
Os distritais alvos da Operação Drácon não sofrerão, a curto prazo, consequências políticas da admissão da denúncia por corrupção passiva no Conselho Especial do Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT) — ao menos se depender da Mesa Diretora da Câmara Legislativa e das Executivas Regionais dos partidos aos quais integram. Mesmo após a decisão dos desembargadores de torná-los réus, os presidentes das legendas na capital federal mantiveram o discurso de parcimônia, garantiram apoio aos envolvidos e minimizaram os impactos da situação na corrida eleitoral de 2018.
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Os parlamentares Celina Leão e Raimundo Ribeiro — ambos do PPS — terão tranquilidade para responder à ação penal. O presidente da legenda no DF, Chico Andrade, afirmou que o partido deixará que a Justiça conduza o processo e, politicamente, não tomará atitudes em desfavor dos distritais. “Nos concentraremos em formar alianças para 2018. Qualquer pessoa pública está condicionada a ser questionada judicialmente. Isso não significa uma condenação”, argumentou.
Chico Andrade acrescentou que a conjuntura em nada denigre a imagem do PPS ou impõe dificuldades às costuras políticas do partido que, há pouco mais de um mês, rompeu, oficialmente, com o governador Rodrigo Rollemberg (PSB). “Buscamos trabalhar com o máximo de transparência e lisura perante a sociedade. Temos história e não será difícil formatar boas alianças. Continuamos com o ideal de promover mudanças e encontraremos apoio, seja para assumir o protagonismo, ou não”, pontuou.
Para o PR/DF, da mesma forma, nada muda. O presidente da legenda, Salvador Bispo, disse que a sigla não tomará atitudes com relação ao deputado Bispo Renato depois da decisão do TJ. “Nosso partido é liberal e sempre dá oportunidade para a defesa. Basta dizer que é político para aparecer denúncia, a gente não pode prejulgar”, comenta Salvador. “A Justiça está aí para isso, não vou contestar um direito que o povo deu. Se houver condenação, tudo bem. Antes, não seria prudente tomar nenhuma providência. Não sou eu que vou dizer quem é pecador”, acrescenta.
Já o presidente da Regional do PSD e deputado federal, Rogério Rosso, afirmou que o partido avaliará a condição do distrital Cristiano Araújo em breve. “Temos conselhos regionais e nacionais. Uma vez que o princípio da ética é quebrado, os procedimentos são instalados automaticamente”, explicou. Ainda assim, Rosso não emitiu juízo de valor sobre o caso. “Ao mesmo tempo em que o partido preza pela transparência e boa conduta, é necessário abrir margem para a ampla defesa e o contraditório. Tornar-se réu não significa ser condenado. Não cabe a nós fazer um prejulgamento”, ponderou. Procurado pelo Correio, Wanderley Tavares, presidente da Executiva Regional do PRB, partido do distrital Julio Cesar, não retornou às ligações da reportagem.
Pressão
Se, por um lado, os parlamentares contarão com a complacência dos presidentes de seus respectivos partidos e dos colegas de Legislativo local, por outro, enfrentarão o desconforto de entidades sociais e diversos partidos políticos. Como a Mesa Diretora da Câmara deixou claro que não pretende dar andamento aos 11 processos por quebra de decoro parlamentar, sobrestados no ano passado, contrários aos envolvidos na Drácon, líderes de outros segmentos já trabalham na produção de novas representações.
Enquanto isso, o Conselho Especial do TJDFT julga, na próxima terça-feira, o mandado de segurança apresentado no ano passado pelo PT/DF, que pode obrigar a cúpula da Câmara Legislativa a retirar o processo por quebra de decoro contrário a Celina Leão das gavetas. “O que estão fazendo pode ser considerado prevaricação”, apontou o presidente da sigla no DF, Roberto Policarpo.
À época, o partido apresentou a representação referente apenas à ex-presidente da Câmara por acreditar que os indícios mais fortes relativos à denúncia estavam diretamente ligados a ela. Agora, a legenda estuda protocolar novas representações contra todos os envolvidos na Drácon. A ONG Adote um Distrital, do Instituto de Fiscalização e Controle (IFC), fará o mesmo.
Fonte: Correio Braziliense