O Ministério da Infraestrutura pretende encerrar em março de 2022 – dois meses antes do previsto inicialmente no contrato – as obras para implantação de uma nova área de escape com sistema de frenagem de aviões no Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo. A nova tecnologia será implantada 15 anos após o acidade com o voo JJ 3054, da TAM, maior da história da aviação do país.
A tecnologia foi contratada em fevereiro de 2021 ao custo de R$ 122,5 milhões. Na previsão inicial, as obras só terminariam em maio de 2022 para que o sistema entrasse em pleno funcionamento.
Entretanto, com 51% do trabalho já pronto em agosto de 2021, a meta foi ajustada e agora, a nova previsão é que a tecnologia EMAS (Engineered Material Arresting System) – sistema de materiais de engenharia para detenção de aeronaves em tradução para o português – comece a operar já em março do próximo ano.
O sistema consiste em uma estrutura formada pelo ajuste entre blocos de concreto diferenciados que, em caso de colisão ou de avanço de uma aeronave na área limite do final da pista, deformam-se. A deformação dos blocos desacelera e contém o deslocamento do avião.
A nova tecnologia prolonga pistas em aeroportos com limitações de espaço, como é o caso de Congonhas. Ou seja, se a aeronave ultrapassar o limite da pista, ela cai no piso feito para se desintegrar, o que seguraria o avião.
Segundo o governo federal, Congonhas será o primeiro aeroporto da América Latina a ter essa tecnologia.
O método é usado, conforme o Ministério de Infraestrutura, em aeroportos com limitações de espaço em países da Europa, da Ásia, e Estados Unidos.
“Congonhas está se tornando o primeiro aeroporto da América Latina a receber o EMAS, que é o uso da engenharia a serviço da segurança. Ou seja, um sistema de desaceleração com materiais projetados que vai segurar a aeronave em casa de escape da pista”, afirmou o ministro de Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas.
“Assim como fizemos quando reformamos a pista com a camada porosa de atrito (em setembro de 2020), que aumentou a aderência das aeronaves e eliminou o problema de aquaplanagem no aeroporto, é uma obra que está a todo vapor e com previsão de entrega antes do prazo”, acrescentou o ministro.
Com a nova obra, a pista principal de Congonhas, usadas para pousos e decolagens do transporte aéreo comercial nacional, terá duas pistas de escape: uma de 70m x 45m na cabeceira de uma pista e outra, de 75m x 45m, na cabeceira da outra.
Ambas as estruturas serão sustentadas por vigas e pilares capazes de suportar aeronaves e veículos usados na rotina do terminal.
Reforma da pista principal
Em setembro de 2020, o governo federal concluiu a recuperação do asfalto da pista principal do aeroporto de Congonhas. A obra foi feita aproveitando a redução da demanda aérea na pandemia e custou R$ 11,5 milhões.
Durante a reforma foi aplicada na pista uma Camada Porosa de Atrito (CPA), usada para aumentar a quantidade de atrito e que escoa mais rapidamente a água, o que evita aquaplanagem, quando o avião perde o contato com o solo.
De acordo com a Infraero, após a reforma, a pista ficou mais segura, com um sistema que permite o escoamento mais rápido da água da chuva e uma maior aderência aos pneus das aeronaves.
Acidente da TAM
Em 2007, a aeronave da TAM, que saiu de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, não conseguiu parar na pista do Aeroporto de Congonhas e passou sobre a Avenida Washington Luís, colidindo com um prédio da mesma companhia. Todas as 187 pessoas que estavam no voo JJ 3054 morreram, além de outras 12 pessoas que estavam em solo.
No momento do acidente, chovia e o avião, modelo A320, estava com um dos reversos (parte do sistema de freio) desativado e os pilotos não conseguiram parar o airbus. Em julho deste ano, o acidente completa 14 anos.
Segundo investigações, o acidente teria sido causado exclusivamente por um erro dos pilotos do Airbus 320. As caixas-pretas do avião indicam que os comandantes Kleyber Lima e Henrique Stefanini di Sacco manusearam os aceleradores de maneira diferente da recomendada. Um deles permaneceu na posição de aceleração, deixando a aeronave desgovernada.
Na época do acidente, o pavimento original da pista era responsável por proporcionar atrito com a aeronave em situação de pouso, no entanto, o atrito não funcionou e a aeronave estava em situação de aceleração.
Fonte: G1.