Na véspera do encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com os comandantes da Aeronáutica, Exército e Marinha, militares da ativa com quem a CNN conversou veem o presidente dependente de uma conciliação com as Forças Armadas e a necessidade de ele liderar um processo de distensionamento do ambiente entre eles.
Nesse sentido, o principal sinal que militares pretendem passar ao presidente é de pacificação, deixando claro haver compromisso com o Estado democrático de Direito.
Para tanto, querem reforçar que as eventuais falhas e responsabilidades das Forças nos atos criminosos de 8 de janeiro serão apurados e os responsáveis serão punidos.
Além disso, a intenção é deixar claro que a punição aos responsáveis se insere em um contexto de promover um processo de despolitização nos quartéis após a era Bolsonaro.
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Por outro lado, há expectativa de que seja possível deixar claro que os mais recentes gestos e falas do presidente que apontaram desconfiança sobre militares –como o interesse em desmilitarizar o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e acabar com a figura do ajudante de ordens militares, além do descarte inédito de uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no dia 8 de janeiro por desconfiar que poderia descambar para um golpe de Estado– prejudicaram a relação e ampliaram a desconfiança de lado a lado.
Há incômodo também com o processo de fritura do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro.
Um general disse à CNN que se o ministro da Defesa é fritado pelo entorno petista do presidente, comandantes das Forças também podem ser.
A leitura é que a estigmatização e discriminação dos militares é danosa não só a Lula, mas a qualquer presidente, uma vez que, para eles, não há como um chefe de Estado e de governo prescindir das Forças Armadas de um país.
Integrantes das Forças disseram à CNN que o cenário dos próximos anos indica possíveis sobressaltos na economia, que podem resvalar para insatisfações populares como as que o país teve em 2013, quando se iniciaram as grandes manifestações nas ruas.
Há percepção de que, nas palavras de um general, a energia bolsonarista que levou aos atos de 8 de janeiro, pode retornar e que, portanto, é preciso o presidente estar próximo, e não distante, das Forças Armadas.
Para os militares ouvidos pela CNN, a falha maior no dia 8 de janeiro foi do sistema de inteligência do governo do Distrito Federal e do governo federal, em especial do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do Palácio do Planalto, que ignorou os informes sobre as manifestações.
Dizem ainda que Lula sempre foi hábil e conciliador, mas que não tem demonstrado essas qualidades desde os atos criminosos em Brasília.
Afirmam também que ele se elegeu em um cenário muito apertado e não com ampla folga e ainda em um contexto em que parte considerável da população considera que as eleições foram fraudadas, quadro mostrado em recente pesquisa da AtlasIntel.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Às vésperas de reunião, militares veem Lula dependente de conciliação com Forças Armadas no site CNN Brasil.