Sem participação efetiva de candidatos da esquerda nas eleições do Entorno do Distrito Federal, a disputa pela prefeitura dos 12 municípios ficou entre dois nomes da direita que têm alta aprovação dos eleitores de Goiás: o governador Ronaldo Caiado (União) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Apenas um candidato apoiado diretamente por Bolsonaro (com fotos, vídeos e passeatas) foi eleito para prefeitura. Em Formosa, Simone Ribeiro (PL) contou com a presença de Bolsonaro e de Michelle em gravações de vídeos que divulgou durante a campanha. Ela conquistou 41% dos votos. Já a candidata de Caiado, delegada Fernanda (PP), conseguiu apenas 29% da confiança do eleitorado.
Apesar do resultado em Formosa, Caiado foi o maior cabo eleitoral do Entorno, que apoiou diretamente oito prefeitos eleitos dos 12 municípios. Desses oito, em duas situações, os vencedores apadrinhados pelo governador do estado faziam oposição aos de Bolsonaro. São eles: Diego Sorgatto (União), em Luziânia, e Marcus Vinicius (MDB), em Valparaíso.
Apoiado por Caiado, Diego Sorgatto teve uma vitória expressiva em relação ao candidato Waltinho (PL), de Bolsonaro, com 75,32% dos votos contra 13,37%.
Durante a campanha, Waltinho tentou associar Sorgatto à esquerda, com montagens de fotos de Sorgatto com o presidente Lula (PT) e com óculos do Partido dos Trabalhadores. A estratégia, no entanto, não teve impacto negativo à campanha, considerando que o prefeito conseguiu se reeleger com 72.478 votos.
Em Valparaíso, o candidato de Caiado, Marcus Vinícius, conquistou 61,28% dos votos do município, enquanto Maria Yvelônia (Solidariedade), apoiada por Bolsonaro, ficou em terceiro lugar, com 12% do eleitorado. Ela teve a participação ativa do ex-presidente e da sua esposa, Michelle Bolsonaro, em publicações nas redes sociais e em passeatas.
Entre Marcus e Maria, Zé Antônio (PL), que apesar de ser do partido de Bolsonaro não teve apoio expressivo como Maria Yvelônia, levou o segundo lugar no resultado das eleições, com 21,04%.
Um ponto que chama a atenção é que mesmo se juntasse os votos dos candidato do PL e do Bolsonaro resultaria apenas na metade do que o candidato de Caiado conquistou.
Para as prefeituras de Águas Lindas (dr. Lucas – União), de Santo Antônio do Descoberto (Jéssica do Premium – União), de Padre Bernardo (Joseleide Lázaro – União), Novo Gama (Carlinhos do Mangão – PL) e de Cocalzinho de Goiás (Alessandro Barcelos – União), apenas Caiado se manifestou em apoio aos candidatos. Jéssica do Premium ainda contou com o apoio em vídeos da senadora bolsonarista Damares Alves (Republicanos-DF).
É importante destacar que, mesmo Carlinhos do Mangão sendo do partido de Bolsonaro, não constam nas redes do prefeito publicações com Bolsonaro apoiando o candidato, no entanto, há imagens de Caiado.
Em Alexânia, tanto o candidato de Caiado quanto a de Bolsonaro perderam. O vencedor foi Warley Gouveia (Pode), com 6.829 votos, o que representa 38,91%. Matheus Ramos (União), apoiado por Caiado, ficou em quinto lugar, com apenas 1.138 votos (6,48%). Já a candidata de Bolsonaro, Alessandra Guimarães (PL) arrecadou míseros 284 votos, o que significa 1,62%.
Disputa pela direita
Em setembro, Bolsonaro chamou o Caiado de covarde durante um comício em Goiânia. A ofensa ocorreu pela divergência dos dois durante a pandemia. O governador de Goiás apoiou o isolamento social para evitar a transmissão do vírus causador da Covid-19. Bolsonaro, por sua vez, estimulou que as pessoas saíssem de casa em função do comércio.
Os dois são oposição direta no segundo turno das duas maiores cidades de Goiás. Na capital Goiânia, o bolsonarista Fred Rodrigues (PL) saiu na primeira colocação, seguido pelo candidato apoiado por Caiado, Sandro Mabel (União).
Em um movimento parecido, na vizinha Aparecida de Goiânia, segunda maior cidade do estado do Centro-Oeste, o candidato caiadista Leandro Vilela (MDB) disputará o segundo turno contra o bolsonarista Professor Alcides (PL).
Antigos aliados, Caiado e Bolsonaro estarão em lados opostos nessa disputa municipal em Goiás.
O governador de Goiás já fala abertamente que é pré-candidato para o cargo de presidente em 2016. Ele e Bolsonaro, que está inelegível mas tenta reverter esse cenário, disputam eleitores que se identificam com a direita na política.