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Ciclofaixa do Guará II – Três anos de silêncio intencional

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DÉLIO ANDRADE
DÉLIO ANDRADEhttp://delioandrade.com.br
Jornalista, sob o Registro número 0012243/DF

Há quase três anos do início da obra e há dois anos e meio que ela foi interrompida após intensos protestos da comunidade, a parte da ciclofaixa do Guará II que foi concluída continua do mesmo jeito, apesar da promessa da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh) e do Detran de promover adequações para minorar as reclamações de motoristas e pedestres. E ninguém do governo tem falado mais no assunto. A impressão é que o silêncio é proposital até aguardar o esquecimento ou a aceitação pelos moradores. Em parte, a estratégia vem dando certo, porque os próprios moradores não lembram e nem criticam mais a obra. Raramente alguém cita o assunto nas redes sociais.
A única providência de fato até agora foi a interrupção do projeto na parte que previa interferências na via central até a QI 33, no final do Guará II. O trecho 1, já pronto, e que provocou acaloradas discussões entre governo e comunidade seis meses de iniciada a obra, continua do mesmo jeito, com o estreitamento da pista e a demarcação de estacionamento nas laterais.
Mesmo com a cobrança de uma posição da Seduh e do governo, o administrador regional Artur Nogueira afirma que não tem recebido respostas sobre as adequações prometidos no trecho pronto. “Desde o final do ano passado que não recebo qualquer retorno da Seduh sobre a ciclofaixa”, afirma.
Questionada, a Seduh respondeu ao Jornal do Guará que continua aguardando o projeto do Detran, que, por sua vez, informou que o projeto continua sendo elaborado e quando estiver concluído será apresentado à Seduh, mas sem citar prazos.

Promessa de adequações completa dois anos

Depois de várias reuniões entre representantes do governo e da comunidade, parecia que havia a intenção – por parte do governo -, de promover algumas adequações à obra, para minimizar os impactos no trânsito, provocados pela redução de uma pista da via central e aplacar a ira dos motoristas. Pelo menos foi o que ficou acordado na última reunião entre as duas partes, em agosto do 2022, portanto, há quase dois ano. De lá para cá, foi só “enrolação”. A Seduh tinha prometido apresentar um projeto elaborado pelo Detran com propostas de alterações ao que já foi feito, mas até agora, nada. Na última reunião, os representantes do governo – Secretaria de Cidades, Seduh, Administração Regional do Guará e Detran – sinalizaram que estavam dispostos a rever a construção dos trechos restantes da ciclofaixa na via central do Guará II e até desmanchar parte do que tinha sido foi feito ou readaptá-lo à realidade, uma vez que o projeto tinha sido elaborado há mais de dez anos.
A reunião foi promovida pela Secretaria de Cidades com representantes de Detran, Secretaria de Mobilidade (Semob), Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh) e Administração Regional, inicialmente para analisar as modificações propostas pelo Detran que haviam sido solicitadas pela Seduh. Mas, diante da resistência das lideranças comunitárias presentes, o então secretário de Cidades, Valmir Lemos, concordou em estudar alterações mais profundas no projeto a partir das sugestões dos moradores, mas contemplando também as reivindicações dos ciclistas.
Na reunião, o então secretário garantiu a disposição do governo de ouvir as sugestões e tomar as decisões que contemplassem o que a maioria da comunidade defendia para a obra.
O Detran havia proposto a redução do canteiro central, a redução dos dois gargalos no início (ao lado dos semáforos entre Guará I e II, ao lado do comércio) e no final do QI 23 (em frente ao quadradão da 4ª Delegacia), para a criação de mais uma faixa dos dois lados da via, e a abertura de baias para a parada dos ônibus sem ocupar parte da pista. Propôs também nivelamento das calçadas à pista nas passagens de pedestres, para facilitar o acesso de cadeirantes.
Os representantes dos moradores sugeriram ainda a retirada dos estacionamentos demarcados dos dois lados da via para possibilitar a abertura de mais uma faixa. Como o Detran “oficializou” as vagas de estacionamento que eram ocupadas informalmente pelos moradores, foi anunciada uma nova reunião para uma semana depois, quando seriam apresentadas sugestões por parte do Detran a partir das críticas e sugestões dos representantes dos moradores. Depois de fechadas as alterações em consenso das duas partes – moradores e governo – o projeto seria submetido à audiência pública, aberta à comunidade, para definir os destinos da ciclofaixa. Mas, dois anos depois, nenhuma notícia da reunião prometida.
A última informação sobre a ciclofaixa é de agosto do ano passado, quando o Detran informou à Administração Regional do Guará que estaria concluindo os ajustes do projeto, conforme solicitação da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh), mas sugeriu que “as propostas a serem apresentadas sejam avaliadas pela população em audiência pública”. O órgão, entretanto, não estipulou prazo para a conclusão dos estudos.

Interferência do administrador regional

Após a publicação de uma reportagem no Jornal do Guará em agosto do ano passado sobre a falta das providências prometidas pelo governo, o administrador regional Artur Nogueira, que não havia participado das discussões anteriores porque assumiu o cargo em janeiro do ano passado, cobrou uma posição da Seduh e do Detran. Como na última reunião com a comunidade havia ficado acertado que os destinos da obra seriam definidos após a conclusão das adequações, o Detran então respondeu que estaria retomando os estudos, mas, até hoje, nada e ninguém mais fala da ciclofaixa do Guará II.

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