Vítimas da “golpista da marmita fitness” chegaram a amargar prejuízos de até R$ 80 mil acreditando que se tornariam franqueadas de uma marca de sucesso, mas que nunca saiu do papel.
A suposta empresária Cirlene de Souza Ferreira (foto abaixo), 44 anos, que se apresenta como dona de uma franquia de marmitas congeladas, é investigada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) por aplicar golpes na venda de “negócios imaginários”.
A cliente que levou o golpe de R$ 80 mil abriria uma loja em um ponto no Jardim Botânico para vender as marmitas congeladas, supostamente de alta qualidade. No entanto, Cirlene teria passado 20 dias com a então vítima fazendo marmitas e vendendo por aplicativo. Depois, desapareceu.
A surpresa maior viria semanas depois, quando a cliente se lembrou de que havia emprestado cartões de crédito para Cirlene. A mulher já havia conseguido aumentar os limites dos cartões e torrar cerca de R$ 80 mil.
Conhecida em diversas delegacias
Cirlene figura como autora de estelionato nas delegacias no Lago Sul, na Asa Norte, no Núcleo Bandeirante (duas vezes) e no Gama. As vítimas a acusam de golpes que vão desde a venda fraudulenta de franquias até estelionatos envolvendo o financiamento de veículos em nome de terceiros e calotes em empréstimos e aluguéis de estabelecimentos comerciais.
Em um dos casos, a vítima – que preferiu não se identificar – contou que, ao conhecer Cirlene, lhe foi oferecido um modelo de negócio envolvendo a franquia Ultra Sabor, supostamente de sua propriedade. Para transparecer veracidade, a golpista das marmitas costumava dizer que a empresa fornecia alimentação para hospitais e grandes construtoras do DF.
Em outro caso de venda da “franquia imaginária”, uma cliente topou comprar o negócio e abrir uma loja em Águas Claras. Ficou acertado que a vítima pagaria cerca de R$ 9 mil pelo freezer e as marmitas que seriam vendidas, além do trabalho de divulgação da franquia e do serviço de entrega de marmitas. Tudo, porém, não saiu do papel.
Mais golpes
Outra vítima registrou ocorrência após emprestar dinheiro à golpista das marmitas. Pelo acordo, Cirlene deveria pagar prestações mensais, mas logo deixou de honrar os compromissos. Atualmente, a dívida estaria em R$ 57 mil.
Outras vítimas denunciaram à PCDF que tiveram carros financiados em seus nomes sem qualquer consentimento. Em um dos casos, uma vítima passou a receber ligações diária de um banco cobrando parcelas atrasadas de um veículo no valor de R$ 3,1 mil. Depois de levantar informações, a cliente descobriu que quem havia financiado o carro em seu nome teria sido Cirlene.
A golpista havia contraído uma dívida com a vítima e, com a desculpa de quitar o débito, obteve alguns dados pessoais dela. Porém, a estelionatária teria se aproveitado das informações para a contratação do financiamento do veículo.
O outro lado
A coluna tentou localizar Cirlene por meio de telefones que constam nas ocorrências policiais, mas os números estavam desativados. Outros não atendiam nem respondiam às mensagens. O espaço permanece aberto para possíveis manifestações.