Os atos criminosos contra a sede dos Três Poderes no dia 8 de janeiro, em Brasília, aceleraram as decisões do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no que diz respeito a mudanças em postos estratégicos da Segurança Pública e Defesa.
Nas ações mais recentes, no meio desta semana, 26 dos 27 superintendentes regionais da Polícia Rodoviária Federal (PRF) foram trocados.
A cúpula da corporação nos estados e no Distrito Federal era vista por aliados do presidente como “ninho bolsonarista”.
Principalmente por conta da postura de alguns integrantes da PRF, que intensificaram a fiscalização nas rodovias no segundo turno das eleições. O que, segundo apuração do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), teve intuito de impedir alguns eleitores de votarem.
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Os nomes dos novos superintendentes não foram anunciados. Na mudança geral, apenas o superintendente do Piauí foi mantido.
Nesta semana, o Ministério da Justiça e da Segurança Pública também anunciou trocas nas direções regionais da Polícia Federal. Houve substituição em 18 estados.
Entre eles o Rio de Janeiro, que terá à frente da Polícia Federal (PF) Leandro Almada da Costa. O delegado investigou a atuação da Polícia Civil no caso Marielle Franco. O inquérito concluiu que houve obstrução na investigação do assassinato da vereadora e do motorista dela, Anderson Gomes.
“As nomeações marcam o início de novos tempos que demandam novas formas de gestão, com foco no senso de pertencimento dos servidores, na governança e na transformação organizacional”, explicou o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, a respeito das mudanças.
Militares
Nesta semana, a Presidência da República também dispensou 40 militares de baixa patente que atuavam no Palácio da Alvorada. Todos exerciam funções administrativas.
Outros 15 militares do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) foram exonerados logo em seguida. E para os próximos dias está prevista a mudança de parte da cúpula do GSI. Entre eles estão o número dois da pasta e o responsável pela segurança pessoal do presidente e dos palácios do Planalto, da Alvorada, Jaburu e Granja do Torto.
Nos últimos dias, Lula deixou claro que não confia em ter qualquer militar à sua volta.
“Agora, por exemplo, eu não tenho ajudante de ordens. Meus ajudantes de ordens são meus companheiros que trabalharam comigo antes. Por que eu não tenho? Eu pego o jornal, está o motorista do Heleno dizendo que vai dizendo que vai me matar e que eu não vou subir a rampa. O outro diz que vai me dar um tiro na cabeça e que eu não vou subir a rampa. Como é que eu vou ter uma pessoa na porta da minha sala que pode me dar um tiro? Então, eu coloquei como meus ajudantes de ordem os companheiros que trabalham comigo desde 2010, todos militares”, reclamou o presidente.
Na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), as ações também ocorrem de maneira mais discreta.
Todos os diretores da instituição foram substituídos logo após a posse do novo presidente. No entanto, trocas pontuais internas estão sendo feitas, sobretudo com o intuito de retirar militares que foram cedidos ao órgão na gestão passada.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Desconfiança pós 8 de janeiro leva Lula a reformular arsenal de segurança e inteligência do governo no site CNN Brasil.