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OPINIÃO – Dois machistas contra duas mulheres nordestinas e a omissão do Estado, revelam que pau que dá em Chico, não bate em Francisco

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DÉLIO ANDRADE
DÉLIO ANDRADEhttp://delioandrade.com.br
Jornalista, sob o Registro número 0012243/DF

O governo federal está lançando um projeto para capacitar mulheres candidatas e incentivar a participação feminina nas próximas eleições, em novembro. De acordo com a secretária nacional de Políticas para as Mulheres, Cristiane Britto, a iniciativa é suprapartidária, e mesmo representantes de siglas de esquerda são bem-vindas na plataforma.

A proposta é boa, mas destoa da súbita omissão,  tanto da Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres, quanto da ministra Damares, do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, diante dos pedidos de socorro de duas mulheres nordestinas vítimas de ações estranhas e articulações impressionantes para prejudicá-las em seus processos judiciais no Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL) ao longo dos anos.

Julyenne Lins, ex-esposa do deputado federal Arthur Lira, já recorreu ao Ministério comandado por Damares e nunca foi ouvida, nem ter seus e-mails sequer respondidos. Julyenne teme pela própria vida diante das incursões e mentiras do deputado do Centrão contra ela. Lira já foi condenado à prisão pelo não pagamento de pensão e decorridos vários anos, nem foi preso nem pagou o devido à ex-mulher, numa demonstração pública de força junto ao TJAL.

A outra mulher vítima de ataque moral, e que também teme pela vida, ao ponto de mudar sempre de endereço e utilizar carro blindado, é a triatleta e advogada tributarista  Adriana Mangabeira, também de Alagoas. Ela foi vítima de assédio moral por parte do desembargador Tutmés Airan, que durante entrevista concedida ao site Diário do Poder, do jornalista Cláudio Humberto, a chamou de “vagabunda” e “pilantra”. Ela chegou a denunciá-lo também por corrupção no CNJ, mas de efetivo até agora, nada.

Ambas são mulheres nordestinas, que sofreram ameaças, ofensas e xingamentos (injúria) e lutam contra homens poderosos, ricos, soberbos e extremamente machistas. Mas nem mesmo diante de todos esses fatores a ministra Damares se mexeu, nem mesmo para recebê-las em audiência para ouví-las.

Julyenne e Adriana têm sofrido muito diante de um judiciário mentiroso, repleto de ligações políticas e que usa meios nada ortodoxos para protelar sentenças, ignorar provas, dar novos prazos aos acusados, modificar sentenças e entre outros.

Julyenne já enviou ao STF vasta documentação que comprova que Arthur Lira é dono de milionário patrimônio adquirido desde que entrou para a política. As provas são incontestáveis e mesmo assim o intrépido parlamentar se nega a pagar o que deve. Isso sem falar num fator bastante perigoso e doentio: alienação parental, já que os filhos do casal moram com Lira.

Já no caso de Adriana Mangabeira, ela pedia na Justiça o recebimento de honorários por um processo no qual atuou e apontou suspeitas de corrupção por parte do famoso desembargador Tutmés. Ela chegou apresentar uma representação contra Tutmés no Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Dois homens públicos, pagos com dinheiro público, xingam, provocam, ameaçam e agridem publicamente duas mulheres honestas, mães, trabalhadoras e que estão sendo jogadas aos leões pela inércia de um Tribunal de Justiça, pela omissão de autoridades em Brasília e pelo silêncio da ministra que deveria defendê-las inclusive publicamente, mas que não o faz por que no caso de Julyenne e Adriana, os acusados são homens públicos e amigos do poder.

É revoltante que isso esteja acontecendo no Brasil de 2020. É por esse e outros motivos que o Brasil precisa passar a limpo o Judiciário, separando o joio do trigo, para que de fato volte a ter Justiça em nosso país.

Ver políticos acusados de corrupção exercendo influência graças às “amizades” nos tribunais, gera desconfiança e revolta. E assistir magistrado xingar uma advogada para não explicar por que foi acusado de corrupto, é crime grave, até porque deve ser enquadrado na Lei Maria da Penha, por assédio moral contra a mulher.

Damares parece estar presa ao “sistema”, porque evita olhar para duas mulheres nordestinas que têm derramado lágrimas de dor, revolta e espanto diante da falta de apoio governamental. Casos elas venham sofrer qualquer espécie de atentado, o sangue cairá sobre os ombros dos omissos e amigos de corruptos.

No dia que não houver influência política nos tribunais, o sociedade brasileira será outra, porque de fato haverá justiça!

Enquanto isso, o Governo Federal nada fala. Só assiste. E Adriana e Julyenne rezam e lutam com todas as forças contra o machismo e a politicagem que impregna o TJAL, que já deveria ter sido passado a limpo através de operação da PF. Basta ver sua história, ações, decisões, denúncias e comportamento de desembargadores ao longo dos últimos 20 anos.

Lamentável e repugnante. Os poderosos tentam diminuir as mulheres e a omissão das autoridades é cruel demais.

 

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