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“Emergentes do tráfico” curtiam churrascada em lancha no Lago Paranoá

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DÉLIO ANDRADE
DÉLIO ANDRADEhttp://delioandrade.com.br
Jornalista, sob o Registro número 0012243/DF

Ostentar com carrões, viagens internacionais e manter uma rotina repleta de festas eram quase uma religião para integrantes da organização criminosa desbaratada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) na última quinta-feira (27/6). A Operação Cesário prendeu o casal “emergente do tráfico” e outros 17 comparsas especializados no tráfico de haxixe, cocaína e drogas sintéticas.

Entre os presos estava Pablo Viana de Souza, apontado nas investigações da Coordenação de Repressão às Drogas (Cord), como distribuidor da droga no Gama, em Ceilândia e Samambaia. Considerado um dos homens de confiança do líder do esquema, Matheus Almeida, conhecido como “Frajola”, Pablo também arrecadava o dinheiro faturado com o tráfico.

O criminoso depositava os valores em contas bancárias em nome de laranjas que moravam no DF e em Uberlândia, em Minas Gerais. O traficante gostava de realizar festas em lanchas no Lago Paranoá, sempre com um dos principais cartões postais de Brasília ao fundo: a Ponte JK. O criminoso registrava as baladas em vídeo e postava nas redes sociais. Pablo era conhecido por circular pelo Gama sempre a bordo de uma BMW.

Veja imagens do traficante circulando de BMW pelo DF e fazendo churrasco em uma lancha no Lago Paranoá:

Líder ostentador

Matheus Almeida, apontado como o líder da organização criminosa, chegou a morar na Asa Norte, mas se mudou para Uberlândia, onde foi preso nessa quinta. O criminoso raramente colocava as mãos nos carregamentos de droga e usava intermediários e transportadores para levar os carregamentos para o DF. Ele geralmente negociava a compra de haxixe, cocaína e drogas sintéticas em São Paulo.

Como a namorada, o traficante também gostava de ostentar nas redes sociais e era conhecido por usar um cordão de ouro maciço com um pingente no formato do rosto de Jesus Cristo. A peça é toda cravejada de brilhantes. O traficante gostava de compartilhar viagens para destinos paradisíacos e festas com público de alto poder aquisitivo.

A Operação Cesário cumpriu 19 mandados de prisão temporária, 30 de busca e apreensão, além do bloqueio de 22 contas bancárias. A ação ocorreu simultaneamente no DF, em Minas Gerais, Alagoas e Goiás.

Veja imagens do líder da organização criminosa ostentando com o dinheiro do tráfico:

 

A organização

Articulado, o grupo criminoso era hierarquizado e seus integrantes contavam com funções bem definidas. Os traficantes faturavam uma fortuna com a aquisição de drogas em São Paulo, no Rio de Janeiro e Paraguai. Em seguida, as “mulas” – homens e mulheres usados pelos traficantes para transportar a droga – levavam os carregamentos para o DF. Um intermediário da organização se encarregava de revender a droga para outros traficantes que atuam em várias regiões administrativas do DF.

Veja carregamento de drogas repassado pela organização criminosa a traficantes do DF:

Cofre abarrotado

De acordo com as investigações da Cord, as mulheres dos traficantes líderes do esquema eram as responsáveis por toda a operação financeira da quadrilha. O fluxo de caixa era enorme e os membros do grupo viviam constantemente em contato para trocar informações sobre o “caminho” do dinheiro amealhado com o tráfico.

Especializados na distribuição de haxixe – espécie de resina extraída da maconha com alta concentração de THC – que tem valor agregado bem mais alto que a maconha, os criminosos apostavam no transporte de pequenas cargas, mas com muito valor agregado. Parte da droga tinha como destino festas com frequentadores de alto poder aquisitivo.

Os eventos realizados em praias no litoral baiano eram embalados pelas drogas despejadas pelo casal emergente do tráfico. Em imagens obtidas pela coluna, os traficantes mostram fardos de dinheiro e um cofre abarrotado que, segundo um dos traficantes, guardava R$ 169 mil.

Lavagem de dinheiro

Durante as investigações, os policiais identificaram que a organização criminosa utilizava a prática de lavagem de dinheiro conhecida como smurfing, fragmentando depósitos bancários e pulverizando o dinheiro em diversas contas correntes, sempre em nome de laranjas. Em seguida, os valores eram gastos em viagens, joias, carrões esportivos e outros bens de consumo.

Os traficantes ainda utilizavam empresas de fachada para tentar ocultar a origem do dinheiro faturado com o intenso tráfico de drogas. A principal operadora financeira do esquema, namorada do líder da organização criminosa, movimentava a fortuna conquistada com a venda das drogas.

No período de um ano, mesmo sendo dona de uma pequena lojinha de roupas já com CNPJ baixado, a mulher recebeu em sua conta R$ 500 mil, tendo como principal destinatário dos débitos o seu companheiro.

O faturamento anual bruto da suposta empresa seria de R$ 7o mil, tendo recebido os R$ 500 mil entre agosto de 2020 e agosto de 2021. Apenas em outubro de 2021, a namorada do líder da organização viu R$ 300 mil serem depositados em suas contas bancárias.

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