A alta “preferência” de passageiros de Planaltina (GO) em usar transporte pirata para se locomoverem até o Distrito Federal pressionou a empresa responsável pela rota a reduzir o valor da tarifa paga no Entorno. A partir desta quarta-feira (16/10), entra em vigor um valor promocional da Amazônia Inter Oficial, com o desconto de 30% no valor da viagem.
Com a medida, o passageiro que utilizar o Cartão Comum vai deixar de pagar R$ 11,05 e passará a desembolsar R$ 7,74 para fazer o trajeto. A promoção não é válida para vale-transporte nem dinheiro.
Em nota, a empresa informou que cerca de 20 mil passageiros em um universo de 32 mil têm preferido a clandestinidade do serviço. A Amazônia Inter ressaltou que a situação tem sido “insustentável”, e que fica com a responsabilidade da gratuidade do serviço em casos de usuários idosos, policiais civis e militares, bombeiros, entre outros.
De acordo com a empresa, a diminuição do valor se deve à tentativa de chamar a atenção para o transporte pirata no município e a “uma tentativa de sobrevivência adotada pela empresa” (leia nota na íntegra abaixo).
A empresa acrescentou que manterá a tarifa promocional até aumento significativo dos combustíveis. Em um vídeo publicado em 28 de setembro na página da Amazônia Inter Oficial, o dirigente da companhia, João Marques, alegou que havia pesquisas envolvendo a redução. “Trata-se de um estudo que está sendo feito há seis meses com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) para implementar novos valores”, disse o empresário na publicação.
Mais de R$ 22 por dia
A cidade de Planaltina-GO é um dos municípios do Entorno com maior distância do Distrito Federal. Um ônibus que sai da rodoviária do município para o centro de Brasília percorre um trajeto de 66 km.
O custo para uma pessoa que trabalha no DF é de R$ 11,05 por trecho, ou seja, R$ 22,10 por dia de serviço, segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
E não são poucos os trabalhadores que fazem esse trajeto diariamente. Na Pesquisa Metropolitana por Amostras de Domicílios (PMAD), do Instituto de Pesquisa e Estatística do DF (IPEDF), mais da metade da população da cidade goiana exerce atividades profissionais no Distrito Federal. A pesquisa por amostragem estima que, desses, 31,45% vão para o Plano Piloto.
A pesquisa também apontou que mais de 66% das pessoas não têm carro, e que 70% dos que trabalham no Plano Piloto fazem uso de transporte público. A alta demanda por ônibus mexe com os ânimos dos moradores do município e deve estar no radar da próxima gestão.
Leia nota na íntegra:
“A redução no preço da passagem para Brasília é uma medida de sobrevivência adotada pela empresa, e não tem qualquer relação com questões políticas ou ações judiciais. Nosso principal objetivo com essa promoção é chamar a atenção das entidades fiscalizadoras para o problema grave da clandestinidade e pirataria no sistema de transporte semi-urbano, que vem causando um verdadeiro colapso nas empresas da região.
Em Planaltina de Goiás, disputamos diariamente com milhares de transportadores piratas que operam sem fiscalização por parte das autoridades locais, estaduais ou federais. Atualmente, estamos perdendo mais de 20 mil passageiros em um universo de 32 mil usuários, restando-nos a responsabilidade de transportar apenas gratuidades, como idosos, policiais civis e militares, bombeiros, entre outros. A situação tem se tornado insustentável.
Nossa redução tarifária é uma resposta ao cenário econômico e ao descaso com a fiscalização, e não tem qualquer viés político. Apenas, tentativa de sobrevivência.
Quanto a promoção da tarifa de R$ 11,05 para R$ 7,74 para Brasília, manteremos até o aumento significativo dos combustíveis.“
