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Estudo aponta benefícios do treino de força para reabilitação pós-câncer de mama

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DÉLIO ANDRADE
DÉLIO ANDRADEhttp://delioandrade.com.br
Jornalista, sob o Registro número 0012243/DF

 

Exercícios físicos intensos diminuem os níveis de cortisol, estresse fisiológico e melhoram a qualidade de vida das pacientes

Ao investigar respostas fisiológicas e perceptivas agudas de mulheres que passaram por tratamento oncológico, estudo científico do Centro Universitário de Brasília (CEUB) quebrou estigma comum de que o treinamento de força seria excessivamente intenso para esse grupo de pacientes. A pesquisa, conduzida por Isabel Miranda, estudante do curso de Educação Física, analisou como diferentes intensidades de exercícios de força impactam positivamente a saúde física e emocional de mulheres que venceram o câncer de mama.
O estudo, que abre caminho para novas abordagens de recuperação por meio do exercício físico, buscou intervenções que ajudassem a amenizar os efeitos colaterais do tratamento e a melhorar a qualidade de vida dessas mulheres. “Procuramos provar a eficácia do treinamento de força – atividade física muitas vezes considerada “pesada” para esse público – em promover melhorias fisiológicas de forma aguda.” Como metodologia, mulheres diagnosticadas com câncer de mama foram submetidas a dois protocolos de treinamento de força com diferentes intensidades.
Durante o processo, as participantes realizaram cinco exercícios e foram avaliadas quanto a indicadores como a concentração de cortisol, percepção de esforço, dor tardia, funcionalidade e força geral. Ao contrário do esperado, os níveis de cortisol, que costumam aumentar após o exercício físico, diminuíram significativamente após a sessão de alta intensidade. “Esse achado abre portas para novas investigações, já que os efeitos hormonais do treinamento de força em sobreviventes de câncer ainda são pouco compreendidos”, destaca a autora.
Segundo a estudante do CEUB, a percepção de esforço das participantes condizia com as intensidades de cada sessão e a dor muscular pós-exercício diminuiu consideravelmente, tanto em sessões de intensidade moderada quanto alta. Mesmo após 24 horas do treino, a dor alcançou seu pico, mas começou a decrescer após 48 horas, e continuou diminuindo após 72 horas. “Sabíamos que a musculação tinha potencial de trazer diversos benefícios a essas mulheres, mas queríamos entender como diferentes níveis de intensidade impactariam variáveis como cortisol, percepção de esforço e dor muscular tardia”.
De acordo com a orientadora da pesquisa e coordenadora Educação Física do CEUB, Renata Dantas, o que mais surpreendeu foi o cortisol ter diminuído com os protocolos. “Essa descoberta nos leva a investigar mais, pois não há muitos estudos sobre isso. Inicialmente, a hipótese era de que o cortisol aumentaria”. Segundo Dantas, a musculação proporciona diversas adaptações fisiológicas e psicológicas positivas, como a redução da fadiga relacionada ao câncer. Porém, ainda existe certa apreensão por parte dos profissionais, que nem sempre têm o conhecimento adequado para lidar com as limitações dos pacientes.
Rompendo tabu
O treinamento de força, muitas vezes visto como inadequado para sobreviventes de câncer de mama, se revelou não só seguro, mas eficaz em reduzir o estresse fisiológico e melhorar a qualidade de vida dessas mulheres. “Essa pesquisa rompe com o tabu de que o treinamento de força é muito pesado para essa população. Ao contrário, pode trazer muitos benefícios”, destaca. Os resultados têm potencial para influenciar a forma como profissionais de saúde abordam a prescrição de exercícios para sobreviventes de câncer de mama.
Para Miranda, um protocolo de treinamento de força bem prescrito pode ser uma ferramenta poderosa na reabilitação dessas mulheres, ajudando a superar as sequelas do tratamento oncológico e a melhorar sua saúde geral. A pesquisadora do CEUB destaca a importância de uma abordagem individualizada e bem orientada, incentivando profissionais de saúde a estudarem mais sobre o tema e promoverem protocolos de exercícios físicos adequados para essa população. “É essencial que os profissionais estejam preparados para oferecer um atendimento de qualidade e seguro para essas mulheres”, conclui.

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