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Guaraense, de 66 anos, vai disputar o Mundial de Fisiculturismo na Espanha

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DÉLIO ANDRADE
DÉLIO ANDRADEhttp://delioandrade.com.br
Jornalista, sob o Registro número 0012243/DF

Maria do Socorro Ferreira da Silva, conhecida como Socorrinho, 66 anos, moradora do Guará, conseguiu o apoio do Governo do Distrito Federal (GDF), por meio da Secretaria de Esporte e Lazer (SEL-DF), para participar do Campeonato Mundial de Fisiculturismo e Fitness em Santa Susana (Espanha), entre os dias 31 deste mês e 4 de novembro. A atleta foi contemplada com os bilhetes aéreos de ida e volta para a competição, custeados pelo programa Compete Brasília. Ela parte da capital federal na segunda-feira (28) e retorna em 6 de novembro.  

“O protocolo exigiu uma documentação, e o processo foi tranquilo, pois eu tinha todos os índices necessários”, conta. “Ainda assim, quando chegou a notícia de que eu fui contemplada, quase não acreditei. Foi uma emoção indescritível. Sem o apoio do programa, eu não teria condições de ir, pois tenho despesas muito altas em casa com um irmão doente, de quem cuido desde criança.”

A ouvidora se classificou para o mundial após conquistar a medalha de bronze na categoria Women’s Physique do 49º Campeonato Sul-americano de Fisiculturismo e Fitness, em Assunção (Paraguai), em setembro. Ela também marcou presença no Campeonato Brasileiro de Fisiculturismo, em julho, no Pará, onde conquistou três troféus (terceiro lugar na categoria Women’s Physique Master até 1,62 m, terceiro lugar na categoria Women’s Physique Sênior e segundo lugar na Dupla Mix Pairs), além de duas taças no Campeonato Brasiliense, em junho, quando obteve segundo lugar na categoria Women’s Physique e primeiro na categoria Fit Pairs.

Em Santa Susana, Socorrinho compete nas categorias Women’s Physique Open e Women’s Physique Master. De acordo com o cronograma, ela sobre ao palco em 2 de novembro. “Vou competir com atletas de todas as idades”, adianta. “Inclusive, no Sul-americano, disputei com esportistas de 27 e 32 anos. Imagino que não haja outras fisiculturistas da minha idade”.

O secretário de Esporte e Lazer, Renato Junqueira, comemora a conquista da atleta: “Socorrinho é um exemplo de profissionalismo e, ao mesmo tempo, de superação. Reconhecemos o seu empenho, dedicação e o esforço que tem investido na preparação para este evento. O fisiculturismo é uma prática que requer disciplina e comprometimento, e estamos orgulhosos de ter uma profissional tão determinada representando a nossa cidade”.

Rotina e preparação

Para conseguir manter a forma física necessária ao bom desempenho, a ouvidora precisa conciliar uma dura rotina de treinos com uma alimentação extremamente regrada e o trabalho na Novacap, onde é a chefe da Ouvidoria. “Começo pela manhã, exatamente às 5h, com uma hora de caminhada moderada em jejum para cardio”, detalha. “Além disso, às 18h, faço 45 minutos de treino intenso na academia, alternando entre dias de braço e de perna. Às quartas-feiras e sábados, além da musculação, vou a um estúdio no Guará para treinar poses e coreografias.”

Junto aos treinos físicos, ela faz entre cinco e seis refeições por dia, cada uma restrita a 150 gramas de carboidratos e 200 gramas de proteínas — sempre tilápia, claras de ovos e arroz — medidos com exatidão. Além disso, precisa ingerir ao menos quatro litros de água por dia, quantidade que deve ser elevada até os nove litros até o dia da pesagem (processo chamado de hiper-hidratação) e, logo após, reduzido a 500 ml ou um litro até a subida ao pódio. 

“Para comer, é complicado”, afirma. “Às vezes, você está atendendo uma pessoa e disfarça para colocar a comida na boca; em uma reunião, pede para ir ao banheiro e come ali, onde estiver. Você tem que comer, não interessa onde está, tem que comer. E não é nada impossível. Com disciplina e determinação, tudo se consegue.”

Nem sempre, porém, ela consegue cumprir a média recomendada de oito horas de sono por dia. “É quase impossível, por eu ser muito ansiosa e levar trabalho para casa”, explica. “Varia muito, tem dias que durmo no máximo quatro horas, então procuro descansar mais aos finais de semana, quando consigo manter uma média de seis a sete horas de sono, porque também preciso dar atenção ao meu irmão. Nos dias anteriores ao campeonato, tenho que forçar, tentar relaxar,  ouvir uma música, fazer orações e exercícios de relaxamento para aumentar o descanso. A diferença é nítida no meu físico”.

História de superação

Socorrinho mergulhou de vez no esporte após perder um filho, a mãe, um irmão e um companheiro em um espaço de tempo muito curto. As dores lhe deram motivação para seguir. Atualmente, ela ainda divide tempo para cuidar do irmão mais velho, de 70 anos, que é dependente dela. 

“Foi uma promessa que fiz à minha mãe antes de ela falecer”, relata. “Ela tinha muita preocupação de ir e deixar esse meu irmão, aí eu falei: ‘não se preocupe que eu vou cuidar dele’; então foi tipo uma promessa. Ele tem Alzheimer, Parkinson. Na realidade, a doença dele é a esquizofrenia, mas adquiriu essas outras. Na semana retrasada, ele caiu e quebrou algumas costelas, foi um horror. Ele depende de banho, e até isso também eu tenho que bancar. Se eu viajar, tenho que deixar uma pessoa para dar banho e cuidar dele, então é complicado.”

A humildade e o bom humor se destacam quando ela fala sobre as expectativas para a competição: “Para dizer a verdade, nos últimos dias me bateu um medo grande, porque vai ser meu primeiro mundial. Eu jamais imaginei que disputaria um mundial. No máximo, um brasileiro, mas chegar a esse patamar, na minha idade, é algo de outro mundo. Acho que é Deus, sei lá. Hoje, eu vejo isso como uma coisa muito especial, e não por mim, mas pelas pessoas que estão à minha volta, que acreditam em mim, que acreditam que podem fazer alguma coisa para ser melhores, para viver uma vida mais saudável”.

Destaques da ouvidoria

Sob a chefia de Socorrinho, a Ouvidoria da Novacap apresentou evolução em todos os indicadores de performance positiva no primeiro semestre deste ano em comparação ao mesmo período de 2023. Mesmo com um aumento de 14% no número de demandas recebidas, a equipe conseguiu elevar o grau de satisfação com a ouvidoria de 68% para 74%, recomendação da ouvidoria de 74% para 76%, qualidade da resposta de 57% para 64% e resolutividade de 33% para 40%.

Quanto ao terceiro trimestre deste ano, os mesmos indicadores mostraram um aumento em qualidade da resposta de 56% para 77%, satisfação com a ouvidoria de 69% para 76%, recomendação da ouvidoria de 72% para 75% e resolutividade de 38% para 39%, quando comparados ao terceiro trimestre de 2023.

O bom desempenho levou a equipe a receber, da Ouvidoria-Geral do GDF, um processo de elogio referente à melhor qualidade de resposta ao cidadão. “Foi muito importante esse elogio, porque desde quando eu cheguei à ouvidoria, a gente vem batendo na tecla da qualidade de resposta ao cidadão; antes, a ouvidoria era meio que uma máquina de fazer processos, e agora nós damos muita importância à qualidade de resposta”, pontua a atleta.

O presidente da Novacap, Fernando Leite, reforça a performance de Socorrinho: “Uma profissional sem igual. É uma grande honra contar com ela em nosso quadro de funcionários. Competência, força e dedicação”.

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