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História do Mercado Forex

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Forex é o acrônimo de Foreign Exchange, algo como “mercado de câmbio” ou “mercado de divisas”. Uma fatia do imenso mercado financeiro, baseado em uma estrutura descentralizada e destinado a fomentar transações de câmbio de moedas em pares. A primeira ideia de um mercado como esse nasceu por volta dos anos 1800, com a adoção do sistema monetário Padrão-ouro – ou Estalão-ouro -, que destacava a relação entre moeda e nível de preços, em um parâmetro que serviu de base para os conceitos de inflação e deflação na Economia contemporânea. Antes deste modelo, os países basicamente usavam o ouro e a prata como forma de pagamento universal entre transações comerciais.

O Padrão-ouro, desta feita, carregava a ideia de que os governos, a partir do século XIX, convertiam o preço de suas moedas tradicionais em ouro, ou seja, as reservas de ouro desses sistemas políticos eram atreladas sempre às moedas fiduciárias. Com o passar dos anos, a taxa de câmbio foi assim medida pela diferença de preço entre esses dois ativos. Daí o primeiro modelo de “Forex” da história, incluído neste paradigma o conceito, mesmo que vago, de spread usado no Forex até hoje, significando a diferença entre as taxas de duas moedas diferentes utilizadas no mercado cambial. Este modelo de Padrão-ouro vigorou até a primeira década do século XX, na esteira da iminente Primeira Guerra Mundial.

Primeira Guerra Mundial e crise do pós-Guerra 

Com a volatilidade e a especulação crescente na nova forma de intercâmbio de moedas a partir do início do século XX, trocou-se o ouro pelas moedas convencionais, no período que se seguiu durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), pois somente o ouro não era capaz de suprir a grande demanda de armamentos e víveres dos soldados das nações envolvidas após a deflagração do conflito, a escassez começara a se abater nos mercados e era preciso buscar uma reestruturação das finanças mercadológicas atreladas à política monetária internacional.

Em 1929, oriunda a partir do crash da Bolsa de Nova York, chega a Grande Depressão nos Estados Unidos e consigo a crise do pensamento econômico americano, calcada em uma crítica ao Liberalismo clássico, baseado no conceito de “mão invisível”, cunhado por Adam Smith, em detrimento à ascensão do Keynesianismo, constituído pela afirmação dos Estados como agentes indispensáveis ao controle econômico a partir de ações intervencionistas, especialmente após o nascimento da ideia de welfare state ou estado de bem-estar social.

Acordos de Bretton Woods: o dólar vira referência monetária para o mundo

Em fins da Segunda Guerra Mundial, a Liga das Nações, embrião do que viria a ser a ONU, reuniu os países mais industrializados do mundo, em 1944, na cidade de Bretton Woods, em New Hampshire, EUA, a fim de definir regras para a condução das relações financeiras e comerciais entre países desenvolvidos, especialmente os que sagra-se-iam vencedores do conflito. Nascia aí a Conferência de Bretton Woods. Ali, se definiu que o ouro perderia o posto de maior representante nas negociações econômicas mundiais em detrimento da moeda americana, visto que os EUA se transformavam na maior potência econômica, após financiar a reconstrução da Europa e do Japão devastados pela guerra.

Desta feita, o dólar americano se tornou a moeda de reserva do mundo inteiro, usurpando um papel que pertenceu à Inglaterra até o início do século XX – em especial quando da criação do BIRD, fracionado tempos depois entre o Banco Mundial e o FMI. O dólar, a partir de então, converteu-se no novo “padrão-ouro”, se firmando como a moeda de maior poder de compra do mundo. Ademais, a ideia de um fluxo livre de comércio estava entre os principais pontos das reuniões de Bretton Woods, aliada a um sistema internacional de pagamentos que facilitaria transações no intuito de prevenir flutuações nos valores ou possíveis desvalorizações.

No centro do acordo, porém, havia ainda o consenso de que as taxas de câmbio entre os países que participaram da conferência seriam automaticamente atreladas ao dólar, o que queria dizer que as outras moedas seriam convertidas em dólar, e este fixado a uma taxa equivalente a U$35/onça – unidade de medida de massa do ouro. Logo, à medida em que as outras moedas do mundo estavam atreladas ao dólar, as transações mundiais passaram a ser fixadas especificamente em USD, desencadeadas em essência pelo clima geopolítico do pós-guerra e consequente consolidação dos Estados Unidos como superpotência.

Anos Dourados à Década Perdida

Com o aumento vertiginoso do comércio na década de 1950, capitaneado pela escalada econômica após a reconstrução dos países europeus, houve a expansão das transferências de capital, tornando as taxas do Acordo de Bretton Woods cada vez mais instáveis, convertendo a nova conjuntura global a níveis de instabilidade. Nesta época, os EUA executaram uma miríade de déficits na balança de pagamentos a fim de continuar a ser a moeda de reserva mundial, o que durou até a década de 1970.

Nessa época o presidente Richard Nixon, um ortodoxo econômico à moda de Keynes, enfrentava uma séria crise econômica no país, pois desde o fim dos anos 1960 as reservas de ouro da América estavam quase esgotadas a ponto de o Tesouro americano não conseguir cobrir os bancos centrais estrangeiros com o dólar, haja vista a imensa dívida pública que abrangia empréstimos contraídos pelo país junto a instituições financeiras públicas e privadas.

Por conseguinte, na noite de 15 de agosto de 1971, Nixon anunciou mudanças econômicas no país, entre elas a de que a moeda dos EUA não seria mais conversível em ouro: o presidente retirou o poder de conversão do dólar em ouro e congelou preços. Suas medidas ficaram conhecidas como “Choque Nixon”. Este evento marcou o fim de Bretton Woods, ratificado posteriormente pela Crise do Petróleo, em 1973, passando assim a vigorar o regime de câmbio flutuante tal qual o conhecemos, usados como “modus operandi” no Forex.

Este mercado de câmbio moderno, que inclui o Forex, nasceu durante a década de 1970. Durante trinta anos o Acordo de Bretton Woods estabeleceu restrições e normas para as relações comerciais e financeiras entre os países industrializados. Assim, as taxas de câmbio flutuantes do regime cambial anterior, permaneceram fixas até a queda de Bretton Woods. As características após a dissolução do acordo foram: a elevação da liquidez com a maior classe de ativos do mundo, operação contínua funcionando 24h por dia, exceto fins de semana, a variedade de fatores que afetam taxas de câmbio a níveis baixos em comparação a mercados de renda fixa, o fator de alavancagem a fim de aumentar a margem de lucro nos spreads, etc. todos com forte relação ao que conhecemos hoje como mercado Forex.

Nos anos 1980, outro marco histórico compreendeu o desenvolvimento do Forex, o Acordo de Plaza. Este encontro, celebrado em Nova York pelo chamado “Grupo dos Cinco”, visava interferir nos mercados cambiais a fim de baixar a cotação do dólar americano e permitir a valorização de outras moedas (libra esterlina, iene, etc) em relação à moeda-chave. Na reunião, pela primeira vez, discutiu-se a intervenção dos bancos centrais de outros países e a influência de moedas estrangeiras para atender demandas globais. Esse acordo democrático permitiu a cotação de moedas em pares no mercado financeiro. Estas intervenções dos mercados cambiais a favor da redução do dólar, aliadas ao marco da flutuação cambial que ocorrera desde a década de 1970 são mecanismos utilizados até hoje para a relação de troca de moedas em pares utilizadas pelo mercado Forex.

Por Lucas Feat – da Agência G44 Brasil, Brasília-DF

https://www.g44.com.br

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