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Imperador da “Família do Terror” comanda guerra entre fações da prisão

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DÉLIO ANDRADE
DÉLIO ANDRADEhttp://delioandrade.com.br
Jornalista, sob o Registro número 0012243/DF

Quatro pessoas ligadas a um criminoso conhecido como “o maior assassino do Amapá” são alvo da Operação Hunos, deflagrada pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco), nesta sexta-feira (9/8).

Segundo as investigações, os suspeitos seriam responsáveis por transmitir as ordens do líder da facção Família do Terror do Amapá (FTA), Alberto Magno da Silva Lobato (foto em destaque), o Imperador, para outros criminosos do estado, coordenando o tráfico de drogas, dando aval para o início de conflitos entre facções e autorizando diversos assassinatos.

Os policiais cumprem sete mandados de busca e apreensão nos bairros Novo Horizonte, Brasil Novo, Conjunto Habitacional Macapaba, Cidade Nova e Conjunto Habitacional Mestre Oscar. Também foi executado mandado de busca em Bangu 4, presídio localizado no Rio de Janeiro (RJ).

A investigação é um desdobramento da operação Armageddon, deflagrada em 2022, quando mais de 20 pessoas foram presas e diversos materiais ilícitos, apreendidos.

A partir da Armageddon, a polícia identificou uma possível conexão entre quatro pessoas, que moram em Macapá, com Imperador. Alberto Magno da Silva Lobato é acusado de diversos crimes no estado e estava foragido no Rio de Janeiro, quando foi preso dentro do Complexo da Maré, em 2021. Atualmente, ele está no presídio de Bangu, na capital fluminense.

Caso as suspeitas se confirmem, os investigados podem responder pelo crime de tráfico de drogas e associação para o tráfico e organização criminosa, podendo pegar até 33 anos de prisão.

Violento e sanguinário

A Família Terror é uma facção local que nasceu no Amapá e também tem presença no Pará e em Rondônia, segundo o estudo “Cartografia da Violência na Amazônia”, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

O Imperador é um dos líderes da FTA,  que soma mais de 6 mil integrantes na região e firmou aliança com o Primeiro Comando da Capital (PCC). Ele tinha a função de ‘gerir o livro negro’, a lista de pessoas decretadas para morrer. A facção disputa o poder com outra organização criminosa local, a União Criminosa Amapaense (UCA), aliada do Comando Vermelho (CV).

Investigadores detalham que existe um estatuto na FTA e, cada regra não cumprida, pode resultar em tortura e morte. O Imperador já mandou matar, por exemplo, integrante da própria quadrilha por atraso na prestação de contas. Também autorizou homicídios por dívidas de apenas R$ 50. É descrito como “um criminoso violento e sanguinário”.

O núcleo liderado pelo Imperador, no Amapá, distribui drogas para outros estados do país, como Mato Grosso do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro.

No território fluminense, ele se tornou um fornecedor de uma facção com presença no Complexo da Maré. E optou por ficar temporariamente no Rio de Janeiro para tentar ficar fora do radar das autoridades de seu estado, sem abandonar sua liderança no tráfico no Amapá.

A polícia chegou a interceptar um áudio enviado pelo criminoso para comparsas em grupos de aplicativos de mensagens. Na mensagem, o bandido ordena vingança pela morte de uma afilhada, integrante da Família Terror Amapá, e autoriza a degola do algoz da moça.

“Pode ir pra cima, pode botar pra matar. Pode torar o pescoço e se vazar o áudio, pode dizer que fui eu que mandei. Onde tiver APS em Macapá, pode matar. Vai começar a caçada em cima de APS (Amigos para Sempre, facção rival) e se vazar o áudio pra polícia, fui eu que mandei. Pode ser mulher, pode ser o que for, onde pegar. Pode matar na casa, no pátio, na rua, a partir de hoje”, ordena o traficante, no áudio localizado pelos investigadores.

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