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Justiça erra e expede mandado de prisão para o endereço de cientista de dados que ficou 23 dias detido por engano

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Menos de uma semana depois de voltar para casa após passar 23 dias preso por engano, o cientista de dados Raoni Lázaro Barbosa foi vítima de outro erro. Desta vez, a Justiça emitiu o mandado de prisão para o miliciano Raony Ferreira, que vive em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, mas o endereço era o de Raoni Lázaro, que mora em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio.

A 1ª Vara Criminal informou, na manhã desta quarta (15), que soube do problema pela imprensa, está apurando de quem foi o erro e já determinou a retificação do mandado.

“É um pesadelo que não acaba. Na noite de terça-feira (14), ficamos sabendo que o mandado de prisão foi expedido com o nosso endereço. É uma sequência de erros inadmissível. Temos medo de passar mais uma vez por tudo que já passamos”, reclamou a noiva de Raoni, Érica Armond.

Na noite de terça (14), assim que souberam do erro, os advogados do cientista de dados peticionaram a mudança de endereço junto à Justiça para evitar que a polícia voltasse a prender o Raoni inocente.

“Essa última noite não foi fácil. Ficamos muito apreensivos. Normalmente quando vêm, eles não perguntam o nome completo. Tínhamos medo que ele fosse levado apenas pelo primeiro nome. Os policiais não quiseram verificar, por meio do nome completo, se era mesmo o Raoni que estavam procurando. Eles o algemaram e o levaram logo para a delegacia”, relembrou Érica.

Exclusão no sistema da polícia

A noiva do rapaz explicou que agora a família luta para excluir o nome e os dados dele do sistema da polícia, o que ainda não aconteceu.

“Queremos resolver isso de uma vez. Não podemos viver com esse medo constante. Não podemos esperar que outra situação como essa volte a acontecer daqui a cinco ou 10 anos”.

Érica e Raoni estão com o casamento marcado para o próximo dia 16 de outubro.

Justiça diz que apura o novo erro

Por meio de nota, a 1ª Vara Criminal afirmou que está apurando de quem foi o erro e que já retificaram a retificação do mandado.

“Cientificado pela mídia de que houve um erro no endereço do mandado de prisão, o juiz determina o recolhimento do mandado de prisão e a substituição por outro com o endereço indicado pela Polícia Civil no depoimento prestado pelo réu com urgência”.

Cronologia da prisão

Raoni foi preso em uma operação da Polícia Civil, conduzida pela delegada assistente Thaianne Barbosa, da Draco, no dia 17 de agosto.

Ele foi acusado de fazer parte de uma milícia em Duque de Caxias – o que, segundo a defesa do homem, foi um erro da polícia.

No inquérito, a polícia acusa Raoni de ser responsável pela cobrança de taxas de moradores e de comerciantes de Caxias em um grupo de milicianos que incluía policiais militares.

No dia em que foi solto, ainda na porta do presídio, o cientista de dados diz que a polícia não quis escutar sua versão.

“Na delegacia, tentei o tempo todo explicar, falar que era um erro, mas em nenhum momento fui escutado”, disse.

Raoni e a mulher moram em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, e nunca viveram em Duque de Caxias. O reconhecimento de Raoni foi feito por foto, uma prática que não é prevista em lei brasileira.

A imagem usada na investigação foi a de um homem identificado como Raony, com “y”, também conhecido como Gago, e apontado como integrante da milícia de Duque de Caxias. Gago está foragido.

A defesa e a família apontam que a única semelhança entre os dois é a cor da pele.

De acordo com dados do Colégio Nacional de Defensores Públicos-Gerais, 90 pessoas foram presas injustamente baseadas no reconhecimento por foto de 2012 a 2020. Só no Rio, foram 73 – e 81% das pessoas apontadas como suspeitas nesses inquéritos são negras.

Fonte: G1.

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