“Kid preto” temeu levar multa do Detran-DF durante trama golpista

Conversas do general da reserva Mário Fernandes, que faz parte da classe de militares conhecidos como “kids pretos”, revelam que uma das preocupações de oficiais do Exército Brasileiro era com a atuação do Departamente de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) durante a trama golpista. Informações constam em denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR), apresentada nessa terça-feira (18/2).

Em novembro de 2022, o tenente-coronel do Exército José Luiz Sávio Costa Filho enviou áudio para o outro militar informando que estava próximo à Praça dos Cristais, no Setor Militar Urbano, e declarou temer que o Detran-DF multasse os veículos estacionados no local.

O espaço servia como “QG bolsonarista”, onde extremistas ficaram acampados. Foi de lá, inclusive, que saíram as pessoas envolvidas nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.

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Comboio com 50 ônibus deixa QG do Exército com extremistas

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Na ocasião, o general da reserva respondeu que tentaria contornar algum possível problema com os agentes de trânsito. Mário Fernandes foi ex-número dois da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro. Ele é um dos 34 denunciados pela Procuradoria Geral da República por crimes relacionados à tentativa de golpe.

Entenda

• O grupo de Bolsonaro foi denunciado pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
• A denúncia foi encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF), que vai decidir se os 34 denunciados irão ou não se tornar réus.
• A PGR fez uma força-tarefa para analisar inquérito da PF com mais de 884 páginas sobre as investigações que levaram ao indiciamento de 40 pessoas no total.
• O procurador-geral da República, Paulo Gonet, considerou que o ex-presidente da República seria o líder de uma organização criminosa que atuou para planejar um golpe de Estado, que o manteria no poder mesmo após derrota para Lula nas eleições de 2022.

Denúncia da PGR

Além do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a lista de nomes denunciados pela PGR contempla ex-ministros, militares de alta patente, ex-assessores da presidência e alguns políticos.