Quem o conhecia sabia da generosidade, interatividade, humildade e competência dele. E muita, – mas muita! -, gente o conhecia, principalmente no Guará, onde cresceu e começou sua vitoriosa trajetória empresarial que o transformou na principal referência no ramo de panificação do Distrito Federal. Por isso, a morte do empresário Darlan Guimarães, 55 anos, proprietário da rede Pão Dourado, na sexta-feira passada, 27 de setembro, provocou comoção na cidade. E também em todas as regiões do DF onde a Pão Dourado tem loja. E já são 20 delas.
Darlan com os filhos Pedro e Caio e a esposa Vanessa
Darlan era a alegria em pessoa. Mesmo com o sucesso empresarial, que costuma acrescentar arrogância a muita gente deslumbrada com a fortuna, Darlan continuava sendo a mesma pessoa que assumiu os negócios da padaria da QE 15 quando o pai, seu Tito Guimarães, dava sinais de cansaço e precisou cuidar da saúde. Quem não o conhecia e às vezes o encontrava numa das padarias – ele gostava de circular por todas elas para conferir o atendimento – confundia Darlan com os funcionários. Ele gostava de puxar conversa e perguntar sobre a qualidade dos produtos e serviços da loja, quando não oferecia a degustação de algum produto. Com quem ele conhecia, era uma festa, com abraço e muita conversa.
A imagem de quem conheceu e conviveu com ele, era de admiração, que o diga os quase 700 funcionários da rede e a enorme quantidade de amigos. Era admiração pelo tino comercial dele, que transformou uma simplesmente padaria no Guará na maior rede do DF, não apenas em quantidade, mas em qualidade. Aliás, qualidade era uma das principais preocupações de Darlan, que fazia questão de supervisionar tudo o que é produzido na ampla e moderna central de produções no SIA. Muitas das receitas de quitutes e pães que a rede oferece foram criadas ou aperfeiçoadas por ele.
Darlan cultuava quatro grandes paixões: a família, a panificação, a pesca e o Cruzeiro (MG). No seu jeito simples e próprio de administrar o negócio, fórmula que deu certo desde o início, nem secretária ele tinha. Quem tentava falar com ele por telefone, às vezes recebia a resposta dois dias depois, com a pergunta “você me ligou?”. Essa aparente desorganização era somente para quem não conhecia o faro comercial e a competência dele, que se pronunciavam da forma mais simples e pragmática. Darlan era assim e não fez qualquer força para mudar seu estilo de trabalhar e viver.
Deixamos de publicar aqui as inúmeras mensagens de sentimento e elogios a ele, nos grupos sociais da cidade e nas páginas do Facebook e do Instagram do Jornal do Guará nos comentários deixados na reportagem sobre a morte dele, tantas foram em quantidade.
Com foi a morte
O que mais chocou os amigos e admiradores foi a forma trágica da morte. Foi completamente inesperada porque não foi provocada por motivos de saúde. Darlan morreu praticando uma de suas paixões, a pescaria. Foi vítima de sua própria arma, que certamente não imaginaria que estaria atingindo uma pessoa tão querida em todo o Distrito Federal. Mas atingiu. Ele foi vítima de disparo acidental de uma espingarda calibre 12, que portava enquanto estava deitado numa rede debaixo de uma árvore na fazenda Brusque, de um amigo, no município de Santa Cruz do Xingu, no Mato Grosso. A arma teria disparado com algum movimento brusco dele, por volta de 17h30 daquela sexta-feira.
Após ouvir o disparo, o amigo e o caseiro da fazenda correram para ver o que tinha acontecido e encontraram o empresário guaraense caído com um ferimento na perna esquerda. Depois de estancar o sangue, os dois pediram socorro ao piloto e ao copiloto do amigo, que também estavam na fazenda.
Assim que a aeronave aterrissou no Aeroporto Brigadeiro Lysias Rodrigues, em Palmas, por volta de 19h30, Darlan foi atendimento por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e encaminhado a um hospital, mas não resistiu a uma parada cardiorespiratória. Entre o disparo até a chegada a Palmas foram mais de duas horas, o que agravou o estado de Darlan, que já havia perdido muito sangue no trajeto.
Rede é a maior do DF
Com 20 lojas em várias regiões do DF, a rede Pão Dourado é a maior no ramo de panificação do Distrito Federal. Fundada pelo pai, Tito Viana, na QE 15, em 1986, a rede se expandiu quando passou a ser gerida por Darlan, que teve durante algum tempo a sociedade com os irmãos Darley, Tito Lívio e Carolina. Hoje a rede é administrada pelos dois filhos Pedro e Caio. Darlan estava praticamente aposentado, mas não deixava de circular pelas lojas e conversar com os clientes e dar pitacos na produção.
Mas a história da Pão Dourado começara dez anos antes, em 1976, quando seu Tito e o irmão Lício Viana, recém chegados de Minas Gerais, resolveram abrir uma fábrica de bolos caseiros em Ceilândia, que eram vendidos em uma kombi. A fábrica cresceu e eles resolveram abrir uma padaria, na QE 15 do Guará II, com o nome de Diamantina, cidade natal deles, em 1986. Um ano depois, Tito abriu uma segunda loja, na mesma quadra, só que no comércio ao lado, já com o nome de Pão Dourado. Era o começo da história de sucesso da rede. A expansão começou com a central de produção, no Polo de Moda, que depois foi transferida para um amplo prédio do Setor de Indústria e Abastecimento (SIA). De lá saem os produtos que abastecem todas as lojas da rede, que está presente em sete regiões do DF e com plano de expansão para outras.
A pescaria era a grande paixão de Darlan. Ele também praticava pesca submarina, caracterizada pelo mergulho sem equipamentos de respiração. Como gostava de aventura, estava tirando brevê para pilotar avião.
Darlan deixa a esposa Vanessa Muller e os três filhos – Caio, Pedro e Thor.
O post Morte de Darlan provoca comoção na cidade apareceu primeiro em Jornal do Guará.