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Oposição na CLDF e sindicatos reagem às mudanças na chefia da Saúde

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DÉLIO ANDRADE
DÉLIO ANDRADEhttp://delioandrade.com.br
Jornalista, sob o Registro número 0012243/DF

O pedido de exoneração da secretaria da Saúde Lucilene Florêncio (foto em destaque) e a recente nomeação de Juracy Cavalcante Lacerda, presidente do Iges-DF, para substituí-la na pasta gerou repercussão entre a oposição na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) e sindicatos dos médicos e dos enfermeiros da capital.

Na Casa Legislativa, a deputada Dayse Amarilio (PSB), presidente da Comissão de Saúde, disse receber com preocupação a mudança no órgão. “A saúde do Distrito Federal está em situação grave, e precisamos resolvê-la. A recente demissão da Secretária de Saúde ocorreu logo após um decreto de intervenção de outra pasta na área, medida que contestamos por sua ilegalidade e desnecessidade. Defendemos que a Secretaria tenha autonomia, livre de interferência política e maior liberdade orçamentária para melhorar as condições de trabalho dos servidores”, disse a parlamentar.

“Também nos preocupa a possível privatização da saúde, já observada no Iges e na própria secretaria, algo que já comprovamos não ser a solução para o DF. Estamos vigilantes e solicitamos uma reunião para fortalecer o SUS e reorganizar os serviços, garantindo que interesses políticos não comprometam essa área essencial”, pontuou.

A suposta expansão da terceirização na Saúde também foi pontuada pelo distrital Max Maciel (PSol). Segundo o deputado, “mais do que nunca, é fundamental” a instauração da “CPI da Saúde” pela CLDF.

“Vamos reunir todos os gestores, analisar contratos e apurar os fatos, pois estamos falando de um orçamento de R$ 14 bilhões, enquanto a população continua sem atendimento adequado na atenção primária, secundária e em toda a complexidade da saúde. Sem dúvida, será um grande debate. A Câmara terá um papel fundamental e precisamos resgatar essa memória. Há um pedido de CPI na mesa, a crise na saúde persiste e seguiremos firmes na fiscalização”, declarou Maciel.

Substituto

Nas redes, o deputado Fábio Felix (PSol) também expressou a preocupação com a mudança na gestão da Secretaria de Saúde. “Nos preocupa muito que o atual presidente do Iges-DF seja o nome escolhido para substituí-la [Lucilene]”, escreveu.

Em nota, o distrital Gabriel Magno (PT) diz enxergar a indicação de Juracy Lacerda como “grave”. “O Iges que não presta conta, não tem controle social, não consegue atender a população na ponta, e agora vai assumir o comando da Secretaria de Saúde. Temos uma CPI na Câmara para discutir, inclusive, investigar as várias denúncias do Iges. Agora, o governador resolve colocar esse senhor para ser o Secretário de Saúde, o que não me parece correto. Avalio que essa troca pode piorar a situação atual”, disse o deputado.

O vice-presidente da CLDF, Ricardo Vale (PT), por sua vez, contou que respeita a decisão de Lucilene em deixar o cargo e que “espera mudança” com a nova gestão.

“Não podemos ignorar que a população do DF também está exausta com o modelo ineficiente de gestão da saúde. Nos últimos anos, enfrentamos a falta de médicos, insumos, hospitais superlotados, déficit de servidores e crises no Iges-DF. Espero que essa mudança traga melhorias reais, porque a população já não aguenta mais esperar”, declarou.

Sindicatos preocupados

O Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico-DF) disse acompanhar “com preocupação a saída” de Lucilene e a nomeação de Juracy para o cargo. Conforme relatado, a “mudança reforça a política do GDF de avançar com a terceirização e privatização dos serviços de saúde, em prejuízo dos profissionais da área e da população que depende do SUS”.

“Essa troca apenas escancara a estratégia do governo: sucatear o serviço público para justificar a entrega da saúde ao setor privado. O famoso ‘precarizar para privatizar’. O SindMédico-DF reitera sua defesa intransigente do SUS e dos médicos e dos demais servidores da saúde, que garantem o atendimento à população, mesmo em condições precárias, como essas que temos acompanhado nos últimos anos”, disse o sindicato, em nota.

“Seguiremos atentos às ações da nova gestão e cobraremos medidas que fortaleçam a rede pública. A privatização da saúde pública não será aceita”, pontuou.

Para o Sindicatos dos Enfermeiros, a nomeação de Juracy tem o papel de “acelerar o processo de terceirização na Saúde do Distrito Federal”: “Gerou muita estranheza para o sindicato a saída de Lucilene Florêncio e a nomeação do então presidente do Iges-DF, Juracy Lacerda, para a Secretaria de Saúde. A gente sabe que Iges-DF foi denunciado pelo Ministério Público recentemente por corrupção[…]. E a gente sabe que Juracy não é um quadro efetivo e não é servidor da Saúde”, declarou o sindicato.

“Isso [mudança] acontece no momento de criação de um comitê gestor da Saúde que passou a ser um comitê de planejamento da Saúde. Na nossa avaliação, esse comitê tem o papel de acelerar o processo de terceirização na Saúde do Distrito Federal.  Como Juracy Lacerda vem do Iges, a gente avalia que essa nomeação tem o papel de ampliar essas terceirizações em um momento de crise sanitária de Saúde no df”, finalizou.

Exoneração

A justificativa apresentada por Lucilene a Ibaneis para entregar o cargo envolveu motivos pessoais. Recentemente, ela havia comunicado ao governador sobre a intenção de cuidar da própria saúde. “Ela me disse que estava há seis anos sem tirar férias. Está cansada”, declarou Ibaneis Rocha (MDB)

O anúncio da demissão se deu dias após o Governo do Distrito Federal (GDF) criar um comitê gestor para adotar ações na Saúde. O grupo, que seria presidido pelo atual secretário de Economia, Ney Ferraz Júnior, ficaria responsável por orientar, coordenar e planejar medidas no setor.

Pouco depois, porém, após questionamentos de entidades e deputados, o governador reformulou o comitê e colocou a então secretária de Saúde como líder, dias antes do pedido de exoneração.

“Juracy é um excelente gestor. No lugar dele, colocarei Cleber Monteiro, atual vice-presidente do Iges”, disse Ibaneis ao Metrópoles.

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