Especialista Margareth Zanardini destaca a importância do envelhecimento saudável enquanto o aumento dos divórcios grisalhos revela mudanças nas relações familiares e desafios na meia-idade
No mês de outubro é celebrado o mês de conscientização voltada para a saúde e qualidade de vida da população idosa, o Outubro Prateado. A iniciativa, que vem ganhando força em vários estados do Brasil, busca promover o envelhecimento saudável, incentivando a adoção de hábitos que melhorem o bem-estar físico, mental e social dos mais velhos.
Esse movimento é especialmente relevante quando observamos o envelhecimento acelerado da população brasileira. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre os anos 2000 e 2023, o número de idosos no país saltou de 15 milhões para mais de 30 milhões. E as projeções apontam que, até 2070, o Brasil poderá contar com 75 milhões de pessoas com mais de 60 anos.
A campanha de conscientização reforça a importância de uma rotina ativa e saudável para garantir uma terceira idade com mais autonomia e qualidade de vida. Entretanto, esse processo de envelhecimento da população também traz à tona questões sociais e familiares, como o crescente número de divórcios entre casais de meia-idade, fenômeno que se intensifica a cada ano, conhecido como divórcio grisalho.
Segundo levantamento recente do IBGE, o número de divórcios no Brasil subiu 8,6% em 2022, em comparação ao ano anterior. As cidades paranaenses Ivatuba e Iracema do Oeste lideram o índice de separações, com sete e seis divórcios por mil habitantes, respectivamente. E, embora o fenômeno do divórcio grisalho fosse tradicionalmente associado a pessoas com mais de 50 anos, os dados revelam que essa realidade mudou. Hoje, é cada vez mais comum que os casamentos terminem por volta dos 40 anos, com duração média de 13,8 anos.
A advogada especialista em direito de família, Dra. Margareth Zanardini, comenta sobre essa mudança: “O estudo constata que, efetivamente, o maior número de divórcios ocorre na meia idade e, por isso, temos alertado a população acerca do chamado divórcio grisalho, que antes era considerado a partir dos cinquenta anos de idade e, agora, pelo estudo, já se constata ser a partir dos quarenta”.
Essa nova realidade reflete transformações profundas nos relacionamentos e na própria dinâmica familiar. O divórcio grisalho, que cresce a cada ano, também traz desafios relacionados à divisão de bens e questões emocionais para os casais que, muitas vezes, têm que reconstruir suas vidas após décadas de união. A Dra. Margareth acrescenta: “É também bem perceptível no dia a dia dos advogados familiaristas o incremento dos divórcios. Além disso, temos alertado também sobre as desvantagens dos divórcios extrajudiciais”.
O Outubro Prateado surge, portanto, como um movimento que não apenas valoriza o envelhecimento saudável, mas também convida a uma reflexão mais ampla sobre os desafios enfrentados na terceira idade, incluindo as questões familiares e emocionais.
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