Uma das mais antigas e bem localizadas áreas de preservação do Distrito Federal, o Parque Ezechias Heringer, ou Parque do Guará, continua sofrendo com a destruição de sua flora nativa e, principalmente, com a falta de estrutura para estimular o seu uso pela comunidade. A cada governo são prometidos novos investimentos mas quase nada tem acontecido, com exceção de uma parte ainda pequena implantada com recursos de compensação ambiental, isso há mais de dez anos. Além da depredação por parte de invasores, a vegetação é reduzida a cada período de seca com incêndios recorrentes. O único recurso público investido no parque até agora, o cercamento está sendo furtado aos poucos e transformado em moeda no mercado em ferro velho, como acontece também com os fios de cobre de iluminação pública.
“Por causa da separação das áreas pela via EPGu (Guará-Zoológico), essa parte do parque não é usada pelos moradores e, por dificuldade de fiscalização, está sendo depredada por invasores e ladrões. Vamos transformá-la numa a área de lazer agradável, o que já se justifica com a implantação das novas quadras (QEs 48 a 58) e com a futura QE 60”, explica Nemer. Junto com a criação do novo acesso, será refeita toda a parte do cercamento furtado”, afirma Roney Nemer, presidente do Ibram.
Mais uma vez, o governo volta a prometer investir no parque. Além da contratação de novos brigadistas, que começaram a atuar no combate aos incêndios em julho, o Instituto Brasília Ambiental (Ibram), que administra o parque, está anunciando a recuperação do mirante, a implantação do Museu Ezechias Heringer, recuperação e ampliação do orquidário e a abertura de uma trilha por toda a área. Mas, a notícia mais importante é a construção de guarita na Área 27, entre o quiosque Chalé da Traíra e o Edifício Valentina, ao lado da QE 42 e da via de ligação com a saída sul.
De acordo com o presidente do Ibram, Roney Nemer, a guarita vai servir de vigilância para ajudar na preservação da vegetação e da cerca, e de acesso a quem quiser utilizar aquela parte do parque. Segundo ele, a abertura do novo acesso será acompanhada de uma trilha e de equipamentos como parque infantil, ponto de encontro comunitário (pec) e quadras poliesportivas.
O presidente do Ibram diz que a implantação do prometido Museu Ezechias Heringer, para exposição e preservação de espécies da flora nativa do parque, depende apenas da conclusão dos projetos, o que deve acontecer até o final do ano. “Vamos também ampliar e reabrir o orquidário, para mostrar as mais de 100 espécies de orquídeas da reserva”, completa Roney Nemer. Outra promessa do gestor é a abertura de uma trilha mais longa – existem duas curtas, uma de asfalto e outra de terra – para que os usuários possam desfrutar de toda a extensão do parque Ezechias Heringer, uma reivindicação antiga de grupos de trilheiros do DF. Parte dessa trilha fará a ligação entre o lado do Guará e o do ParkShopping, para ser usada por ciclistas e pedestres.
Com a chegada de mais brigadistas, os incêndios tem
reduzido na área mais vulnerável do Parque
Combate aos incêndios
A quantidade de incêndios no parque reduziu este ano em relação aos anos anteriores, por causa, segundo Roney, do reforço da equipe de brigadistas, da ronda motorizada e da aquisição de novos equipamentos, como abafadores. “O parque ainda continua sofrendo com os incêndios, parte deles pela combustão espontânea do cerrado quando a vegetação fica muito seca, mas, principalmente, pelos criminosos que ateiam fogo, de forma deliberada ou não, na vegetação”.
O presidente do Ibram explica que a contratação de novos brigadistas não será suficiente para acabar com os incêndios no parque. “Eles fazem uma espécie de primeiros socorros, na tentativa de estancar o fogo antes que propague, mas o combate mesmo é feito pelo Corpo de Bombeiros”, explica. Ele pede que a comunidade ajude na fiscalização e denuncie qualquer suspeita de incêndio criminoso na área.
Em relação ao Plano Manejo (Plano diretor) do Parque Ezechias Heringer, Nemer informa que o Ibram está promovendo a alteração do projeto, que foi elaborado ainda no Governo Rollemberg. O plano de manejo prevê a ocupação da área recreativa do parque com equipamentos esportivos e de lazer, semelhantes ao que existem no Parque da Cidade. Entretanto, Roney prefere não estipular prazo para a conclusão dos estudos e a implantação do plano.
O que é Parque Ezechias Heringer
São 349 hectares, a maior parte ainda pouco conhecida e usada pelos moradores. Entre as atrações da área de lazer, em frente à QE 19, há um parque infantil, um ponto de encontro comunitário (pec), banheiros públicos, uma quadra de areia e duas trilhas (uma de piso asfáltico e outra de terra).
O parque é formado por um cerrado típico e é banhado pelo Córrego Guará. Tem centenas de espécies de plantas entre árvores, arbustos, flores, trepadeiras, além de cerca de 100 espécies de orquídeas catalogadas, nascentes e é dotado de grande biodiversidade, incluindo pequenos mamíferos, algumas espécies de répteis, pequenos roedores e diversos tipos de pássaros. Seu nome foi uma homenagem ao agrônomo pioneiro no estudo do cerrado, Ezechias Heringer, que identificou diversas espécies de orquídeas em todo o território do Distrito Federal.
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