Policiais militares que atuaram na ocorrência na qual um servidor público do Correios foi morto a tiros disseram que a vítima jogou o carro contra as viaturas da corporação, na tentativa de se escapar da perseguição. O caso aconteceu no sábado (10/8), no Lago Norte.
O “homicídio em decorrência de intervenção Estado”, como consta no boletim de ocorrência, é investigado pela Polícia Civil do DF. O servidor Rodrigo Moreira de Figueiredo (foto em destaque) tinha 63 anos.
De acordo com a versão dos policiais militares, Rodrigo estava em um bar na 412 Norte, quando teria assediado três mulheres, inclusive puxando uma para dentro do carro. Elas acionaram a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). Em nota, a corporação disse que o homem fugiu “quase atropelando” as pessoas na saída do bar.
Ainda segundo relato dos policiais, o homem foi localizado, mas fugiu em alta velocidade. Durante a perseguição, teria feito “manobras perigosas na pista” para tentar escapar, chegando a dirigir na contramão e a jogar o carro contra as viaturas. “Certo momento, após jogar o carro várias vezes contra uma viatura, ele acabou por desestabilizar o veículo, vindo a colidir.”
Os PMs informaram que um policial efetuou, então, um disparo em direção ao carro de Rodrigo para interromper a fuga, atingindo “o ombro do suspeito”. A corporação também informou que na carteira da vítima havia uma porção de cocaína.
Ferido pelo disparo, o servidor foi levado ao Hospital da Região Leste (Paranoá) e morreu no local, conforme consta em relato da PM.
No atestado de óbito, a causa da morte é um traumatismo torácico e cervical, causado por objeto perfurocontundente, compatível com um tiro nas costas. Rodrigo era morador do Lago Norte, deixa dois filhos e um neto.
Família contesta versão
As informações, contudo, são contestadas por familiares do servidor. “Eu não vejo meu irmão jogando o carro contra viaturas”, disse Regina Moreira, irmã da vítima. “Meu irmão foi executado e estão querendo dizer que ele é um criminoso para justificar a ação”, completou.
Regina informa, ainda, que não foi encontrado nenhum arranhão no carro de Rodrigo, o que derrubaria a hipótese de que ele colidiu o carro contra as viaturas da PM.
Apesar de terem sido chamadas, as mulheres supostamente assediadas por Rodrigo não compareceram à delegacia. “Sabemos que houve perseguição, mas não sabemos ainda o motivo. Os policiais falam que foi por assédio, mas nem elas ainda deram a versão para a gente saber. Ou seja, só temos a versão da polícia”, reclama Regina.
A família levanta a hipótese de que a droga teria sido plantada pela polícia, para justificar os disparos. Segundo a irmã, Rodrigo poderia, ainda durante a perseguição, ter se desfeito do entorpecente para se livrar do flagrante, caso estivesse mesmo em posse da cocaína.
O caso está na 9ª Delegacia de Polícia (Lago Norte), que investiga a ocorrência e coleta informações preliminares.