A professora Lorena Santos, 28 anos, que na última quinta-feira (20) publicou uma foto com o que chamou de “look do massacre”, usou as redes sociais para tentar se justificar. Ela, que dá aulas no Centro de Ensino Fundamental Zilda Arns, no Distrito Federal, reconheceu o erro e disse que usou “humor ácido” para passar pela situação causada por ameaças a escolas.
Lorena disse que faz parte dos docentes no Brasil “viverem com medo” e que esse foi o jeito que encontrou para tratar a situação atual de caos e tragédias nas instituições de ensino.
“Já que a gente se vê de mãos atadas, a gente faz o que dá para fazer. Não foi diferente com essas ameaças. Já que não dá mais para gritar por segurança, gritar por socorro, a gente recorreu a ‘o que que a gente pode fazer?’ Usar uma roupa confortável, não usar salto, para se qualquer coisa acontecer, a gente esteja preparado”, disse a professora.
“Nesse sentido, eu postei fazendo um paralelo àquela brincadeira que a gente faz: ‘ah, se eu sofrer um acidente, pelo menos a minha calcinha não pode estar furada’. [?] A gente não tem o que fazer mais, a não ser se preocupar com uma coisa banal, que é uma roupa. A gente fica tão indignado que não tem o que fazer, que a única coisa que me resta é agir como sempre ajo diante de situações de caos, e traumas e perigos: esse tipo de humor ácido“, continuou Lorena.
A docente reconheceu o erro, disse que faltou “delicadeza” nas palavras usadas no dia 20, e que a atitude foi “sem noção” e “totalmente inapropriada”, mas que em qualquer situação de perigo iria proteger os alunos.
Na última sexta-feira (21) a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) começou a investigar o caso e intimou Lorena a prestar esclarecimentos. Sobre isso, ela afirmou que está encarando as consequências, mas acredita que elas deveriam ser “proporcionais”. Isso porque a professora acredita que as acusações de que ela estaria incentivando os ataques não fazem sentido “porque eu estava lá, na linha de frente” e seria prejudicada também, além de ter uma filha que frequenta uma creche.
“Para enfatizar que estou na linha de frente, sou também uma possível vítima desses ataques, das ameaças de ataques. Nós, professores, não tivemos o privilégio de escolha de não irmos à escola. Os alunos tiveram essa escolha de não irem para escola, mas nós tivemos que cumprir a nossa obrigação de estarmos lá”, disse.
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