A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga uma denúncia feita por uma família do Distrito Federal, que vive momentos de revolta desde agosto do ano passado, quando descobriu que um casal de gêmeos autistas estariam sofrendo maus-tratos em uma escola pública. Segundo os pais, as crianças começaram a apresentar comportamento estranho. Desconfiados, os adultos inseriram gravadores nas mochilas dos menores.
O caso ocorreu na Escola Classe Morro da Cruz, em São Sebastião. Os aparelhos captaram momentos em que uma professora da instituição de ensino grita e fala de maneira ríspida com as crianças.
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O pai das crianças, que prefere não se identificar, conta que os filhos entraram na escola no segundo semestre de 2024. Desde o início, ele e a mãe relatam que desconfiaram do tratamento da instituição com os filhos. “Primeiro, aconteceu com a minha filha. A gente viu a professora meio que arrastando a criança e ela chorando na hora de ir embora”, diz o pai.
Em 9 de agosto, o outro filho do casal, um menino, sofreu uma crise de vômito quando chegou ao estacionamento da unidade de ensino. Estranhando, os pais decidiram ouvir as gravações dos aparelhos que tinham colocado nas mochilas dos filhos. “Isso foi em 9 de agosto. No outro dia, já não voltamos mais para a escola”.
O pai ainda levou os filhos em uma psicóloga, que constatou que o menino apresentava retraimento social, ansiedade e sinais de trauma. “Até hoje estão em casa. Não sabemos o que vamos fazer”.
Denúncia e acompanhamento
Diante dos áudios e do laudo do filho, os pais decidiram denunciar o caso à Polícia Civil do DF (PCDF) e à Ouvidoria do GDF. O caso é investigado como crime praticado contra a criança e o adolescente.
Em nota, a Coordenação Regional de Ensino (CRE) de São Sebastião informou que tomou conhecimento do caso em setembro de 2024, por meio da Ouvidoria e da Corregedoria da Secretaria de Educação do DF. A situação é apurada por meio de Processo Sigiloso.
A Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus-DF) informou que o Conselho Tutelar já foi acionado e também acompanha o caso.
“Além disso, a Coordenação de São Sebastião entrou em contato com a família da criança, oferecendo a possibilidade de transferência de matrícula para outra unidade de atendimento, mais próxima de sua residência. Tal medida visa assegurar o suporte necessário tanto às crianças quanto a sua família. Porém a família não aceitou a mudança de escola, e os referidos alunos não têm mais frequentado a Escola Classe Morro da Cruz, onde ainda se encontram matriculados”, explicou a pasta, em nota.
O pai, porém, afirma que não aceitou a transferência pois a intenção é de que o problema seja solucionado e não que “as vítimas saíam pela porta dos fundos”.