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Prontuário Afetivo do HSol encanta pacientes

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DÉLIO ANDRADE
DÉLIO ANDRADEhttp://delioandrade.com.br
Jornalista, sob o Registro número 0012243/DF
Objetivo é humanizar o atendimento em um momento tão difícil
Texto: Bruno Laganá
Fotos: Davidyson Damasceno
Judite de Souza, 61 anos, sofreu um AVC e desmaiou em casa. Internada no Hospital Cidade do Sol (HSol) há oito dias, ela já se sente muito melhor e está se preparando para ser liberada pela equipe multidisciplinar para retornar para casa. “As pessoas aqui me trataram como se eu fosse uma princesa”, disse.
Na parede próxima ao seu leito, o prontuário médico com sua identificação, detalhes da condição clínica e recomendações médicas. Ao lado, um outro tipo de prontuário chama a atenção por ter informações mais pessoais como “apelido pelo qual gosta de ser chamada” e “preferência musical”.
O Prontuário Afetivo foi implementado no HSol pela Gerência Geral de Humanização e Experiência do Paciente do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF) em fevereiro deste ano. O objetivo era humanizar ainda mais o atendimento ao paciente internado, fazendo com que ele seja visto não apenas por sua patologia, mas pelos aspectos que o definem como pessoa.
De acordo com a Gerente Geral de Humanização, Anucha Soares, o projeto tem outro objetivo que é realizar o estreitamento de laços entre os profissionais, pacientes e seus familiares. “O Prontuário Afetivo é importante porque nos mostra a individualidade de cada um e reforça a necessidade do atendimento personalizado. Essa troca com a equipe gera momentos de descontração e carinho com nosso paciente”, disse Anucha.
“Eu gosto de ser chamada de Juju”, diz Judite de Souza ao falar sobre o carinhoso apelido registrado em seu prontuário afetivo pelas auxiliares de humanização do Projeto Humanizar, responsáveis por preencher os dados na ficha. “A equipe é muito boa porque eles conversam com a gente e entendem o que a gente está passando”, lembra Judite.
Ao falar quem são os amores de sua vida, Judite se emociona. Principalmente ao lembrar da filha já falecida, do marido, do filho e dos dois netos. Essas informações constam do prontuário afetivo, junto com o que ela gosta de fazer nas horas vagas. “Como eu sou aposentada eu gosto de fazer crochê”, diz, orgulhosa.
A Auxiliar de Humanização do HSol, Cláudia Ferreira, lembra que, apesar de ser bem aceito por todos os pacientes, o Prontuário Afetivo ainda gera um certo receio por parte de poucos. “Alguns ainda não querem responder porque acham que vão ficar com sua intimidade exposta. Aí explicamos que o prontuário é só para saber coisas simples como sonhos da vida, estilo musical favorito e o que gosta de fazer nas horas de lazer. Depois dessa conversa a gente consegue convencer eles a preencher. E dá muito certo”, conta Cláudia.
“A gente vê que eles ficam bem felizes ao ver o prontuário preenchido colado na parede. Alguns até pedem para levar para casa quando recebem alta. Querem colocar em uma moldura”, explica Cláudia.
A Gerente de Humanização e Experiência do Paciente, Stephanie Sakayo, afirma que esse interesse aprofundado na história pessoal do paciente, indo além das suas patologias e necessidades físicas, no tratamento e na sua cura, reforça o encantamento dos pacientes e familiares. “Esse é um cuidado diferenciado oferecido por nossa instituição”, explica Stephanie.
Empatia é um dos valores do IgesDF
Enquanto estávamos entrevistando a Judite, chegou a hora da equipe de humanização preencher o prontuário afetivo de uma outra paciente, a Maria Sandra Oliveira. Internada há quatro dias no HSol por conta de complicações cardíacas, ela estava animadíssima pela atenção recebida.
“Eu gosto muito de dançar forró! E de fazer crochê”, respondia Sandra, visivelmente empolgada. E ao preencher o apelido pelo qual gosta de ser chamada soltou uma gargalhada. “O pessoal me chama de Pitchulinha”, disse, toda orgulhosa.
De acordo com a Analista de Experiência do Paciente do IgesDF, Rainayra Rizzia, há a intenção de estender a implementação do Prontuário Afetivo em outras unidades geridas pelo Instituto. “Estamos analisando a melhor maneira para realizar isso, pois ainda dependemos de suporte pessoal para a implementação”, finaliza Rainayra.
“O nosso trabalho envolve escutar os pacientes. Há momentos em que eles pegam a gente para conversar e servimos como um ombro amigo, uma forma de desabafar. Eles reclamam da vida, nos contam as alegrias e tristezas. Já passei mais de uma hora e meia conversando com apenas um paciente”, lembra a auxiliar de Humanização, Claudia.
Claudia reforça a necessidade de receber o paciente de braços abertos sempre. “Se o paciente já chega no hospital doente, debilitado, e você o recebe de cara feia e amarrada, com grosseria, o que ele vai pensar? Então a gente tem que acolher o paciente com empatia, com amor e alegria e ter muita paciência com ele”, disse.
E Sandra, já com o prontuário afetivo todo preenchido e colocado logo acima de seu leito, disparou: “No meu aniversário está todo mundo convidado para ir lá em casa, comer bolo e dançar um forró”.
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