Mais de 10 dias após fazer um Pix de R$ 10 mil por engano, a jornalista e empresária Bruna Marques, 43 anos, ainda luta para ter de volta o próprio dinheiro, ao mesmo tempo em que torce para que um lapso de boa vontade paire sobre a mulher que recebeu o valor indevido.
Após perceber o valor em sua conta mesmo sem saber de onde veio o dinheiro, a mulher, identificada como Rubia de Oliveira (foto em destaque), assumiu que recebeu o valor e decidiu que não o devolveria — se pensou em fazer algo diferente, ainda não o fez. Ela bloqueou Bruna em aplicativos de conversa, desativou a linha telefônica que utilizava e não possui perfis em redes sociais.
Rubia de Oliveira, 53 anos, é arquiteta. Mora em Sobradinho, mas possui um apartamento alugado na 416 Norte e, aos fins de semana, costuma ir à praça próxima do prédio, no bloco M, onde há uma feira.
A mulher consta como sócia-proprietária de uma empresa chamada Nova Arquitetura e Paisagismo Ltda., aberta em 1997 e encerrada 11 anos depois. O pai dela seria o sócio majoritário.
Entenda o caso
No último dia 16 de setembro, Bruna Marques transferiu, sem querer, o valor de R$ 10 mil para a conta de Rubia. O dinheiro era para o marido de Bruna, Cláudio Fernandes, mas a mulher errou um único dígito da chave Pix ao fazer a transação.
As chaves são quase que idênticas. Ambas são referentes aos telefones celulares dos cidadãos. A de Claudio tem final 1063, e a de Rubia, 2063. A única diferença é o 1 e o 2 — que, para o azar do casal, ficam lado a lado em qualquer teclado numérico.
Ao perceber o erro, Bruna tentou contato com Rubia. “Liguei na hora, mas ela escutou uma parte da minha fala e me bloqueou imediatamente”, conta a jornalista ao Metrópoles. “Meu advogado, meu marido e minha filha ligaram e mandaram mensagens, mas ela bloqueou todo mundo.”
Bruna, então, procurou o Banco C6 S.A, sua instituição bancária, e o Banco Central. Ambos os órgãos teriam dito à correntista que não seria possível cancelar a transação via Pix.
A conta onde Rubia recebeu o dinheiro é do Banco do Brasil, com sede em Canelinha, município de Santa Catarina com pouco mais de 12 mil habitantes. Bruna procurou o BB e conseguiu fazer contato com o gerente da agência catarinense onde Rubia é correntista.
“O gerente entrou em contato com a Rubia e sugeriu que ela fosse a uma agência física em Brasília. No último dia 18, ela foi, mas afirmou que o dinheiro era dela”, alega Bruna.
No dia seguinte, a jornalista se surpreendeu com uma mensagem de Rubia. A arquiteta desbloqueou Bruna no aplicativo WhatsApp para confirmar que havia recebido um valor a mais na conta e pedir a chave Pix da mulher. “Encaminhei a mesma chave que fiz o Pix e ela reclamou, disse que queria meus dados. Passei na hora as chaves com o meu celular e CPF. Fiquei esperando, e nada. Duas horas depois, ela me bloqueou e cancelou a linha”, relembra Bruna.
Nesse momento, Bruna, que também é correntista do Banco do Brasil, foi informada pela sua gerente da declaração de Rubia à instituição. “Corri na Polícia Civil do DF (PCDF) e alterei a ocorrência para apropriação indébita”, explica a jornalista. A 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul) investiga o caso.
Além da PCDF, Bruna também procurou a Justiça. Ela pede a devolução dos R$ 10 mil e solicita indenização de mais R$ 10 mil por danos morais. Há uma audiência marcada para o dia 18 de novembro. Bruna pediu antecipação de tutela, o que foi negado. Até lá, então, resta, como dito no início do texto, torcer para que um lapso de honestidade paire sobre Rubia.
A reportagem tentou contato com Rubia por meio de três telefones diferentes, mas nenhum deles recebe ligações. Destes, um recebe mensagens, mas até a última atualização desta matéria, o remetente não havia retornado. O espaço segue aberto.