Investigadores da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco) identificaram o faccionado do Comboio do Cão (CDC) responsável por operar um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro e fraudes financeiras por meio de empresas fantasmas. Suspeito de atirar mais de 30 vezes contra um homem em Taguatinga, em outubro de 2020, Bruno da Silva Santarém Ataides, o Xita, era o grande “lavador” de dinheiro da facção.
Xita está preso desde junho deste ano, mas teve um novo mandado de prisão expedido pela Justiça após ser identificado como operador do esquema no âmbito da Operação Fittizia, deflagrada nesta quinta-feira (28/11). O negócio criminoso envolvia a criação de empresas fictícias utilizadas para ocultar e movimentar recursos provenientes de atividades ilícitas, dificultando o rastreamento de sua origem.
A Operação Fittizia cumpre 14 mandados de prisão cautelar e 14 mandados de busca e apreensão. As medidas judiciais foram executadas nas regiões de Ceilândia, Taguatinga e Vicente Pires, bem como nos municípios de Padre Bernardo (GO) e João Pessoa (PB). Além disso, foram cumpridos mandados de sequestro de imóveis e bloqueio de valores ilícitos.
Prisão
O faccionado foi preso em 11 de junho deste ano, pela Polícia Militar, durante uma abordagem de rotina, na Avenida Hélio Prates, em Taguatinga. O criminoso é suspeito de atirar mais de 30 vezes contra um homem em Taguatinga, em outubro de 2020.
Durante atividades de rotina na área, os militares abordaram o motorista de um carro. No veículo, estavam Bruno e uma mulher. Após a ordem de que os dois apresentassem documentos, o suspeito entregou uma identidade com nome de João Carlos Borges.
Os PMs analisaram o documento e constataram que era falso. Em seguida, perguntaram se o suspeito seria Bruno da Silva Santarém Ataides, mas o ocupante do veículo permaneceu em silêncio.
O homem acabou levado à 12ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul), onde foi confirmada a identidade dele e cumprido o mandado de prisão em aberto contra Bruno, que também foi indiciado por uso de documento falso.
O carro que o suspeito dirigia, inclusive, tinha débitos em aberto desde 2022, referentes a taxas de licenciamento, e foi levado para um dos pátios do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF).
Relembre o crime
Em 13 de outubro de 2020, Bruno e outro suspeito assassinaram a vítima em uma lanchonete na Praça do DI, em Taguatinga Norte. Outras duas pessoas ficaram gravemente feridas.
Testemunhas relataram ao Metrópoles que o homicídio ocorreu de forma brutal: “Uma execução dessas é algo inédito aqui na Praça do DI. Foi à queima-roupa”, contou uma pessoa entrevistada à época, que pediu para não ter o nome divulgado.
Um comerciante contou ter ouvido mais de 30 disparos na data. “Eu almoçava dentro [de um restaurante] e achei que [o som] fosse um estouro de moto. Depois, o barulho continuou. Então, corremos para nos esconder. Achei que fosse o pessoal estourando bombinha, porque fazem isso direto por aqui. Depois, veio um segundo ‘pá’ e se iniciou uma sequência”, detalhou.