Investigações conduzidas pela 5ª Delegacia de Polícia (área central) apontam que Douglas Ramos da Silva (foto em destaque), um prestador de serviço de 36 anos, atuava como um elo entre servidores do Supremo Tribunal Federal (STF) e uma organização criminosa dedicada ao tráfico de drogas.
Preso em setembro de 2023, Douglas foi libertado em fevereiro deste ano após um habeas corpus impetrado no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Douglas, que trabalhava como eletricista para uma empresa terceirizada no STF, era responsável por abastecer servidores e colaboradores de órgãos públicos com entorpecentes.
Segundo a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), o traficante realizava vendas de drogas durante o horário de almoço, utilizando os estacionamentos do STF, do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Câmara dos Deputados como pontos de encontro.
Informações obtidas por meio de denúncias anônimas indicavam que ele mantinha as drogas em seu carro, um Peugeot branco.
Em julho de 2023, a PCDF começou a investigar Douglas e conseguiu documentar, em vídeo, uma de suas transações ilícitas. O traficante utilizava o WhatsApp para facilitar as vendas e organizar a logística do tráfico com outros integrantes da quadrilha.
Na casa do suspeito, em Águas Lindas (GO), os investigadores apreenderam diversas porções de cocaína.
Operação Shadow
Na manhã desta quinta-feira (10/10), a Polícia Civil desencadeou a Operação Shadow, que tem como alvo desmantelar a organização criminosa envolvida no tráfico. Durante a ação, foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão em áreas como Samambaia, Ceilândia e Águas Lindas (GO).
A operação contou com cerca de 50 policiais, incluindo equipes da Divisão de Operações Especiais (DOE).
Os quatro principais suspeitos identificados na investigação eram responsáveis por fornecer cocaína e maconha a servidores do STF, por meio de Douglas.
A atuação da quadrilha era caracterizada por uma rede bem organizada, que utilizava tecnologia para se comunicar e realizar transações, mantendo-se na “sombra” das autoridades.
Os envolvidos podem responder por tráfico de drogas e associação ao tráfico, com penas que podem variar de 5 a 15 anos de reclusão.
Por meio de nota, o STF comunicou que tem fornecido informações quando consultado pelos investigadores e que a apuração policial diz respeito a “fornecimento que teria ocorrido em estacionamento próximo” à Suprema Corte, mas que não pertence ao tribunal.
“A administração do STF tentou por diversas vezes regularizar e assumir o local para facilitar o controle, mas não houve autorização do Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional]. Além disso, não há registro de envolvimento de qualquer servidor do tribunal na prática de crimes”, ressaltou o texto.