m mês e seis dias depois de Brasília ser palco de depredações e cenas de violência, durante a manifestação #OcupaBrasília, vários pontos do Distrito Federal recebem protestos contra as reformas trabalhista e da Previdência nesta sexta-feira (30/6). Entidades sindicais e a Central Única dos Trabalhadores (CUT) convocaram uma greve geral com mobilizações em todo o país. No DF, metroviários, rodoviários, professores e bancários estão entre as categorias que cruzarão os braços durante 24 horas.
As manifestações começaram cedo. Por volta das 6h, pneus foram queimados na BR-020, na altura de Mestre D’Armas, em Planaltina. Segundo o Corpo de Bombeiros, não havia pessoas no local. Mas a barricada prejudicou o trânsito no sentido Plano Piloto, que ficou interditado. Pela manhã, ainda há protestos previstos em frente à Eletronorte, no Setor Comercial Norte, e em Furnas, na Quadra 431 de Samambaia Sul. Entre 8h e 13h, a CUT programou protestos também no Setor Comercial Sul, no Setor Bancário Norte, na Esplanada dos Ministérios, em Brazlândia, no Paranoá e em Taguatinga.
Segundo a CUT-DF, ao menos 13 categorias indicaram adesão ao movimento. O principal efeito da greve geral será sentido pelos brasilienses que dependem do transporte público. Ônibus e trens do metrô ficarão parados durante 24 horas, a partir das 4h desta sexta (30).
A paralisação foi mantida mesmo após duas decisões judiciais desta quinta (29). À tarde, o juiz Renato Borelli, da 20ª Vara Federal Cível do DF, determinou que, no mínimo, 30% da frota dos dois meios de transporte seja mantida em circulação. Ele estabeleceu, ainda, multa de R$ 2 milhões a cada sindicato que descumprir a ordem. À noite, a Procuradoria-Geral do Distrito Federal (PGDF) obteve liminar que elevou para 50% o percentual de veículos e trens a serem mantidos funcionando.
Confira a programação de protestos pelo Distrito Federal:
Professores da rede pública também não entrarão nas salas de aula. O sindicato da categoria informou que vai se concentrar na Praça do Relógio, em Taguatinga, a partir das 9h30. A categoria promoverá atos culturais e panfletagens contra as reformas anunciadas pelo governo de Michel Temer (PMDB). Bancos não farão atendimento, pois a categoria também aderiu à paralisação.
A Universidade de Brasília (UnB) disse que as atividades da instituição estão mantidas e que a adesão dos docentes é individual, ou seja, as aulas dependerão da quantidade de professores dentro da universidade. Segundo a CUT, também vão aderir à greve: servidores urbanitários, das telecomunicação, dos correios, da saúde, do Judiciário e do MPU, além de comerciários, entre outros.
Em nota, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF) pediu que os empresários locais não fechem lojas e empresas. A justificativa é que “diante da atual crise política e econômica do país, os comerciantes não podem perder a oportunidade de vendas em um dia útil.”
Policiamento reforçado
A Esplanada dos Ministérios será fechada a partir da meia-noite desta sexta (30), segundo a Secretaria de Segurança Pública. A pasta informou que polícias Civil e Militar, Corpo de Bombeiros, Detran e demais órgãos da área estarão de prontidão durante a greve geral.
Para fazer a segurança patrimonial dos ministérios, a PM solicitou reforço da Força Nacional de Segurança (FNS). No começo da noite desta quinta (29), o Ministério da Justiça confirmou que atenderá a solicitação de envio da tropa federal, mas não revelou quantos homens da FNS atuarão nem o período no qual protegerão as sedes dos órgãos federais.
Apesar de não estarem marcadas grandes manifestações na Esplanada dos Ministérios, a Polícia Militar anunciou na quarta-feira (28) que mais de 2,6 mil militares estarão espalhados pelo local, divididos em dois turnos de serviço. Todos os profissionais escalados farão uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), compostos por exoesqueleto, capacete, escudo e cassetete. Será montado um cordão de isolamento em frente ao Congresso Nacional.
O policiamento especial começa às 7h. A partir desse horário, três linhas de abordagem serão montadas nos viadutos de ligação entre as vias L2 Norte e Sul, nos dois sentidos da via. Os pontos de abordagem serão organizados por meio de oito baias de acesso cercadas por grades. Equipes especializadas (Rotam, BPCães e CPMon) e Grupos Táticos Operacionais, auxiliarão na revista dos manifestantes. Bolsas e mochilas serão vistoriadas. O acesso com armas brancas ou de fogo, bebidas alcoólicas, garrafas de vidro e objetos como mastro de bandeira, que podem sem transformados em armas, está proibido.
As passagens de carros pelas avenidas S1 e N1 estarão fechadas desde a Rodoviária do Plano Piloto. Somente veículos oficiais estarão autorizados a transitarem pela região nesse período e dois carros de som das centrais sindicais terão acesso à Esplanada.
Bloqueio nas BRs
No último grande protesto realizado em Brasília, em 24 de maio, manifestantes queimaram pneus e fecharam várias rodovias que cruzam o Distrito Federal desde as primeiras horas da manhã. Para evitar que essas cenas se repitam – e que vândalos cheguem em ônibus fretados ao quadrilátero, principalmente, à Esplanada – o Batalhão de Policiamento Rodoviário (BPRv) da PMDF vai fiscalizar os veículos. Serão realizadas abordagens nas BRs 020, 040, 060 e 070.