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TikTok e ‘cunhadas’: mulheres de presos são influenciadoras e sensação na internet

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DÉLIO ANDRADE
DÉLIO ANDRADEhttp://delioandrade.com.br
Jornalista, sob o Registro número 0012243/DF

Produtoras de conteúdo viralizaram nas redes após mostrar dia a dia de preparação para as visitas ao companheiro em presídios

Milhares de seguidores, milhões de visualizações e sucesso na internet: as influenciadoras estão marcando a era das redes sociais. Entretanto, esqueça maquiagens, dietas, exercícios, combinações de looks e todos esses conteúdos tradicionais, pois a sensação do momento são as cunhadas.

O apelido, usado para falar das esposas e namoradas de presos, se popularizou na web com as postagens no TikTok que mostram o dia a dia das mulheres que aguardam o marido fora dos muros do presídio.

O conteúdo das cunhadas é diversificado. Elas mostram a preparação da sacola ou a caixa com alimentos e itens de higiene, contam a história do casal e registram um pouco da rotina de cuidar de uma família enquanto esperam ansiosamente pelo dia da visita.

Uma dessas influenciadoras é Caroline Lyssa. Com 91 mil seguidores, 1,8 milhão de curtidas e milhões de visualizações no TikTok, ela diz que não esperava o sucesso na rede social.

“Não sabia mexer no TikTok, muito menos saber fazer vídeo. Realmente não esperava”, afirma Caroline em entrevista ao R7. “As pessoas que são próximas super me apoiam, não ouço críticas.”

A jovem é uma das centenas de cunhadas que se espalham pelo TikTok. O mundo das companheiras de presos tem seu linguajar próprio, como o termo jumbo (em referência aos pacotes que preparam para o marido), hashtags como #JuizSoltaOMeuPreso e até sequência de emojis de pombo, cadeado aberto e coração branco.

“Fui ganhando bastante seguidor no TikTok. Algumas pessoas me seguiam também no Instagram e lá pediam muito para eu postar stories do meu dia a dia, os preparativos para a visita e falar um pouco de como era”, relata Caroline sobre a origem da conta na rede social.

A cientista social e mestranda da UFC (Universidade Federal do Ceará) Fernanda Lobato, que pesquisa a dinâmica de relacionamentos como o de Caroline, afirma que as mulheres de presos costumam sofrer com a invisibilidade da sociedade.

“As mulheres que estão produzindo os vídeos do TikTok sobre essas rotinas conseguem dar um pontapé para contar as próprias histórias, pois são elas mesmas contando como vivenciam seus relacionamentos no controle da prisão, compartilhando suas vitórias e angústias.”

Lobato afirma que a separação física é apenas um dos problemas que as cunhadas enfrentam. O preconceito da sociedade e a incompreensão da vida dessas mulheres também são uma barreira de dor dia a dia fora dos muros do presídio.

“Encontrei na minha pesquisa narrativas de mulheres com muita dor, seja pela separação física do seu companheiro, seja pelos constrangimentos que o cárcere traz para a vida delas. Elas contam que são vistas como criminosas e o peso desse estigma”, destaca a cientista política.

ViaR7
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