Jovens que se identificam como sendo de direita fizeram ações na Universidade de Brasília (UnB) para combater mensagens que, na visão deles, apresentam “cristofobia” e “apoio ao terrorismo”. Na última sexta-feira (14/3), o grupo entrou em espaços acadêmicos e teria apagado, com tinta branca, frases e símbolos de “comunistas” no Campus Darcy Ribeiro, na Asa Norte. O ato gerou o repúdio de entidades estudantis.
Além disso, os direitistas divulgaram vídeos com informações dizendo que há mensagens de ódio espalhados contra figuras da direita e que a Universidade de Brasília se tornou um ambiente com práticas de vandalismo. Os estudantes também espalharam panfletos promovendo a figura do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) e solicitando anistia para os envolvidos nos atos de 8 de Janeiro.
Em oposição, entidades estudantis e membros dos centros acadêmicos da UnB compartilharam nota expressando repúdio aos atos, considerados como “ataques promovidos por grupos de extrema-direita” que teriam destruído materiais estudantis e geraram “pânico na comunidade acadêmica”.
O principal espaço dos atos foi o Centro Acadêmico de Artes Visuais (CAVis). Eles indicavam que organizavam ações de limpeza na UnB para restaurar o ambiente, afirmando que a direita assumiria a responsabilidade de corrigir o que considera ter sido danificado pela esquerda.
Na visão dos membros dos centros acadêmicos, as informações têm conteúdo difamatório e espalham desinformação. “O atentado no CA [Centro Acadêmico] de Artes Visuais foi um claro ataque aos estudantes de um curso fundamental para as expressões humanas durante toda nossa história. Essa ação não é um fato isolado: é resultado direto da escalada do discurso de ódio e contra a esquerda, fomentado por setores extremistas e reacionários que tentam acabar com as universidades públicas como conhecemos”, afirma a nota.
UnB repudia atos
O Metrópoles solicitou um posicionamento oficial por parte da Univerdidade de Brasília (UnB) em relação aos acontecimentos. A instituição informou que repudia qualquer ato de vandalismo e intolerância dentro de seus campi, prezando pelo respeito à diversidade, à liberdade de expressão e ao debate democrático.
A universidade afirma que, desde a reunião realizada na última quinta-feira (13/3) com os estudantes, a reitoria vem adotando um conjunto de medidas para reforçar a segurança e proteger a comunidade acadêmica.
“A UnB não se intimida diante de tentativas de ataque aos seus valores e reafirma seu compromisso inegociável com a democracia. Com uma história marcada pela resistência, a Universidade reafirma seu papel como espaço de construção do conhecimento, do pensamento crítico e da promoção dos valores democráticos, essenciais para a manutenção de uma educação pública, gratuita e de qualidade”, finaliza a instituição.